sábado, 28 de maio de 2011

Existe alguma diferença entre “Santa Sé” e “Vaticano”?

Em um primeiro momento pode parecer estranho fazer referência à Santa Sé “e” o Estado do Vaticano, pois, para a grande maioria da população, mesmo para muitos dos mais fervorosos fieis católicos, trata-se exatamente da mesma entidade. À luz do Direito Internacionale das relações diplomáticas, porém, o conhecimento de tal duplicidade é fundamental para todo agente que procure estabelecer vínculos com este Estado de concepção bastante diferente de todos os outros.
A soberania espiritual do Papa remonta à criação da hierarquia católica, com o primeiro pontífice supremo, São Pedro, o Apóstolo. Além deste atributo, o chefe supremo da Igreja Católica também exerceu durante séculos o poder temporal, ou seja, possuía atribuições de Chefe de Estado, os poderes comuns atribuídos a um monarca. As dimensões atuais da Cidade do Vaticano diferem bastante daquilo que foi o Estado Papal há séculos, já que este chegou a ocupar boa parte da região central da Itália até fins do século XIX.
Ainda, considerando-se que, durante muito tempo na Europa a palavra papal era lei, utilizada para resolver disputas entre outros monarcas, podia-se considerar este como um verdadeiro rei entre reis. Importante frisar que, desde tal época de esplendor, o Estado Papal tinha sua personalidade reconhecida pela comunidade internacional, ou seja, era tratado como um país, além de somente constituir a Santa Sé, sede da Igreja Católica.
Tal estado de dualidade espiritual e secular, bem como a personalidade internacional da Santa Sé e do Papa sofreriam mudanças radicais a partir de 1870, com a conclusão do processo de unificação do Estado Italiano. Os territórios do antigo Estado Papal são absorvidos pela Itália unificada, o poder temporal do pontífice é extinto, e inicia-se um período conhecido a partir de uma expressão do Papa Pio IX, “Prisioneiro no Vaticano”, que vai de 1870 a 1929, onde a situação papal segue indefinida. Tanto este quanto os papas seguintes viveriam de certo modo reclusos no local do atual Estado do Vaticano, recusando-se a deixar a área, pois tal gesto seria visto como um reconhecimento da soberania italiana sob as terras da Igreja.
Em 1929 a Itália e o Papa chegam a um acordo, externado pelo Tratado de Latrão. Nele, é criado o microestado da Cidade do Vaticano, que seria composto de Soberania, território e população, sendo porém uma nação destituída de aspectos culturais, levando-se em conta que os membros que o integram ou lá residem guardam sua nacionalidade de origem, apenas adquirindo funções dentro da Santa Sé e da Cúria Romana. Por questões de ordem religiosa, por exemplo, filhas solteiras de até 22 anos de idade de famílias constituídas residentes no Vaticano não podem morar nos limites do microestado.
Além do componente territorial, há ainda a instutuição da Santa Sé, que é o auto-comando da Igreja e exerce sua soberania sobre o Vaticano. É sua personificação jurídica, representando o Estado e autorizado a compor um tratado entre dois sujeitos de Direito Internacional (os Tratados celebrados pela Santa Sé receberão o nome de “concordata”).

SOUZA, Israel Alves Jorge de. A doutrina política do Vaticano e o direito internacional na busca pela paz. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1198, 12 out. 2006. Disponível em: http://jus.com.br/revista/texto/9031. Acesso em: 16 maio 2011.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Um coração ferido não ama a si próprio

A marca registrada do cristão é a sua capacidade de viver o amor. Amar é a única opção que temos quando queremos viver conforme Jesus. Ou aprendemos a amar ou não podemos dizer que somos cristãos. Amar é imperativo, categórico. Por isso a cura dos ressentimentos também torna-se um imperativo para nós. Ou nos curamos e assim conseguimos amar, ou não amamos e não podemos nos dizer cristãos.Ser cristão é ser diferente. O mundo não pode acolher nem compreender a serenidade do coração cristão. Jesus deixou bem claro que a paz que Ele nos dá, o mundo não pode receber nem entender. E o que somente a partir dessa paz é que podemos viver sem temor.O cristão é alguém que assume no mundo a missão de amar sempre. A partir da experiência de Deus por nós somos chamados a testemunhar para o mundo a possibilidade de um relacionamento diferente, no qual ninguém oprima ninguém.A grande causa dos problemas de relacionamento entre as pessoas está no distanciamento do amor de Deus. Ninguém consegue amar uma pessoa, limitada e fraca, se não tiver a experiência do amor de Deus. Quem não ama a Deus não se ama e não ama ninguém. Para curar o ressentimento é preciso fazer uma operação fundamental pelo amor. Num mundo onde as pessoas só amam aqueles que lhes parecem bons, Jesus nos chama a amar a todos, como Ele nos amou.A primeira coisa que Deus faz em nossa vida é nos animar com um espírito novo. Sem esse jeito novo de enxergar a vida, a si mesmo e as outras pessoas, nunca teremos esse coração curado.É preciso tocar no ponto crucial: o coração empedernido! Coração de pedra é uma expressão que nos revela a dureza que nosso coração vai experimentando e adquirindo à medida que deixamos de amar. O ódio produz essa dureza. E esse coração precisa ser substituído mesmo, agora por um coração de carne, um coração manso e humilde, semelhante ao Coração de Jesus. Somente a partir dessa experiência é possível observar a lei de Deus, guardar e praticar Seus mandamentos e ser cristão de fato.Se não consigo amar, a partir de mim mesmo, já sendo ferido e machucado me é impossível amar o próximo. Eu posso e devo amar segundo o Coração de Jesus.Um coração ferido e machucado não ama a si mesmo e não consegue amar mais ninguém.

(Trecho extraído do livro: 'A cura do ressentimento').
Padre Léo, SCJ

Irmã Dulce, uma santa nordestina

Quando se fala de santos, a tendência das pessoas é pensar naqueles que estão nos altares representados pelas imagens, ou que se encontram no céu, ou ainda num passado muito distante. De fato, inúmeros santos viveram há séculos ou há quase dois mil anos, porém, muitos outros viveram em nosso tempo. Antes de serem imagens sacras ou de chegarem ao céu, foram pessoas que viveram na terra em meio aos desafios e alegrias da vida cotidiana, como nós. Assim aconteceu com a baiana Irmã Dulce, que foi beatificada em Salvador, sua terra natal, no dia 22 de maio. Sua beatificação é relevante para todo o Brasil, porém, enaltece especialmente a Bahia e todo o nosso querido Nordeste. Sua figura e atuação vão muito além da Igreja Católica, sendo muito querida e admirada também por gente de outras denominações religiosas. Para a sua beatificação foi importante o reconhecimento de um milagre por intermédio de sua intercessão, a recuperação de uma mulher sergipana que havia sido desenganada por médicos após sofrer hemorragia durante o parto. Contudo, a sua beatificação é, acima de tudo, o reconhecimento de uma vida santa que serve de exemplo para todos nós.
Falecida em 1992, já com fama de santidade, a Irmã Dulce, conhecida como o “Anjo bom da Bahia”, chamava-se Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Ao tornar-se religiosa na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, passou a ser chamada Irmã Dulce. Quando enferma, teve a graça de ser visitada pelo beato Papa João Paulo II, em 1991. Ela nos deixou grandes lições de vida como a humildade, a caridade, o serviço, a solidariedade e a partilha, motivada pela fé em Cristo e animada por uma vida intensa de oração. Consagrou-se a Deus servindo aos que sofrem e testemunhando o valor da vida dos que não têm a própria dignidade e direitos reconhecidos. Dedicou-se, com admirável caridade, ao serviço dos pobres, dos desamparados e dos doentes, reconhecendo neles o rosto sofredor de Jesus Cristo. Confiando na Divina Providência e contando com a solidariedade das pessoas, fundou diversas obras sociais e estabelecimentos, dentre os quais se destaca o renomado Hospital Santo Antonio, em Salvador, em cuja capela encontra-se sepultada. Louvamos a Deus pela nova beata declarada pela Igreja, Irmã Dulce, assim como, por tantas mulheres e homens que se dedicam generosamente ao serviço da caridade em nossas famílias, hospitais, casas de acolhida e comunidades. “Beato”, isto é, “feliz” quem vive o mandamento do amor que Jesus nos deixou, como fez Irmã Dulce.

Dom Sérgio da Rocha
Arcebispo de Teresina – PI

quarta-feira, 18 de maio de 2011

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Os conflitos e discussões conjugais

Os conflitos e as discussões em nossos relacionamentos são inevitáveis. Para confirmar esta verdade não se necessita ser nenhum “expert” no assunto. Já presenciamos esses momentos até entre pessoas que vivem uma relação de forte romantismo. Entretanto, a maneira como lidamos com essas situações é que poderá sinalizar as consequências e o futuro das passageiras desavenças dentro da vida conjugal.
Ninguém – tomado pelo calor de uma situação estressante – poderia, no auge de uma discussão, externar ao cônjuge palavras de estímulo, como por exemplo: “Você é uma pessoa com grandes qualidades, inteligente, sagaz, intrépida...” Pelo contrário, mesmo que a pessoa tenha todas essas qualidades, essas virtudes seriam afogadas no mar de palavras pejorativas em tais momentos.
Se não estivermos atentos, esses momentos conflituosos poderão se tornar um verdadeiro campeonato para ver quem consegue ser mais hostil àquele com quem se relaciona. Muitas vezes, tais discussões têm início com uma conversa aparentemente sem relevância, contudo, dentro do casamento, não é raro saber que muitas dessas controvérsias resultaram em atitudes abusivas em que a agressão física foi aplicada na tentativa de se estabelecer a razão.
Conhecendo as consequências da agressividade, é necessário lembrar e priorizar o respeito merecido pela pessoa com quem se convive, especialmente, quando se está tomado pelo estresse; pois as sequelas de uma discussão mal administrada poderão trazer profundas feridas para a continuidade de um sadio relacionamento entre o casal.
As dificuldades financeiras e os desafios enfrentados dentro da vida familiar são os temas mais atualizados nas conversas conjugais; entretanto, o casal pouco fala de si próprio. Sem perceber, mesmo nos momentos em que os dois estão a sós, o teor da conversa esbarra frequentemente nos problemas e raramente sobre a importância da presença do outro, de modo a propiciar o namoro por meio das palavras, das manifestações de carinho, como o abraço. Conversas propriamente relacionadas à vida do casal e que poderiam estimular o entrosamento conjugal são, muitas vezes, esquecidas. E devido a esse distanciamento, pouco a pouco os cônjuges começam a se tornar estranhos ou independentes dentro do relacionamento em que a vida comum e solidária é o fundamento dessa relação.
A disposição para a retomada do diálogo – tal como se vivia na época do namoro – pode evitar muitas futuras desavenças. Em outras ocasiões, ceder ao sacrifício, abrindo mão de nossas pequenas riquezas, poderá ser um ato de bravura no momento da discussão, mas acredito que o desejo de se moldar às exigências conjugais é a principal atitude para que se consiga minimizar os conflitos.
Seria uma grande utopia acreditar que, em nossos relacionamentos, não teríamos discussões e desavenças. Sabemos que o casamento não aconteceu apenas naquele dia em que decidimos viver juntos, diante do sacerdote, mas se atualiza a cada novo dia, tendo como bagagem as experiências de todos os outros dias transcorridos, que marcaram vitórias sobre as dificuldades na companhia do cônjuge.

Dado Moura

O sexo nos planos de Deus

O livro do Gênesis assegura que, ao criar todas as coisas, "Deus viu que tudo era bom" (Gen 1,25). Portanto, tudo o que o Criador fez é belo. O mal, muitas vezes, consiste no uso mau das coisas boas. Por exemplo, uma faca é uma coisa boa; sem ela a cozinheira não faz o seu trabalho. Mas, se um criminoso usá-la para tirar a vida de alguém, nem por isso a faca se torna má. Não. O mal é o uso errado que se fez dela. Da mesma forma, o sexo é algo criado por Deus e maravilhoso. É por ele que a criança inocente vem ao mundo.
Como Deus deu ao casal humano a missão de gerar os filhos, "crescei e multiplicai" (Gen 1,28), providenciou o sexo como instrumento de procriação. E mais, para fortalecer a união e o amor do casal fez do sexo também o meio mais profundo da "manifestação" do amor conjugal.Podemos dizer que o ato sexual é a celebração do amor, como que a "liturgia do amor conjugal". E é no ápice desta celebração do amor que o filho é concebido. Isto é, ele não é somente a carne e o sangue do casal, mas principalmente, o fruto do seu amor. É por isso que a vida sexual de um casal que não se ama de verdade nunca é harmoniosa.
O sexo é manifestação do amor. Sem este, ele fica vazio, desvirtuado e perigoso como aquela faca na mão do assassino. Faz muitas vítimas... O que é a prostituição, senão o sexo sem amor? É apenas um ato de prazer, comprado, com dinheiro ou outros meios. No plano de Deus a vida sexual só tem lugar no casamento.
São Paulo, há dois mil anos, já ensinava aos coríntios: "A mulher não pode dispor do seu corpo: ele pertence ao seu marido. E também o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa" (I Cor 7,4). O apóstolo dos gentios não diz que o corpo da namorada pertence ao namorado, nem que o corpo da noiva pertence ao noivo.
A união sexual só tem sentido no casamento, porque só ali existe um "comprometimento" de vida conjugal, vida a dois, no qual cada um assumiu um compromisso de fidelidade com o outro. Cada um é "responsável pelo outro" até a morte, em todas as circunstâncias fáceis e difíceis da vida. Sem esse compromisso de vida o ato sexual não tem sentido e se torna perigoso.
As consequências do sexo vivido fora do casamento são terríveis: mães e pais solteiros; filhos abandonados, criados pelos avós ou em orfanatos. Muitos desses se tornam os "trombadinhas" e "delinquentes" que, cada vez mais, enchem as nossas ruas, buscando nas drogas e no crime a compensação de suas dores. Quantos abortos são cometidos porque se busca apenas e egoisticamente o prazer do sexo, e depois se elimina o fruto: a criança!
As doenças venéreas são outro flagelo do sexo fora do casamento. Ainda hoje convivemos com os horrores da sífilis, blenorragia, cancro, sem falar do flagelo moderno da AIDS. O remédio contra a AIDS é a vivência sexual apenas no casamento; e não, como se propõe, irresponsavelmente, o uso de “camisinhas”, em vez de se eliminar o vício pela raiz.
É urgente que os cristãos, pais, professores e educadores tenhamos a coragem de ensinar novamente a castidade aos jovens.Um jovem que se mantém casto até o casamento, além de tudo, prepara a sua vontade e exercita seu autodomínio para ser fiel ao seu cônjuge no casamento. É preciso mostrar urgentemente aos jovens os valores da castidade, tanto em pensamentos como em atos.
A televisão, os filmes pornográficos, as revistas eróticas abundantes e asquerosas injetam pólvora no sangue de nossos filhos, fazendo-os escravos do sexo. E por causa disso estamos vendo meninas de 13, 14 anos, grávidas, sem o menor preparo e maturidade para serem mães. Temos que acordar. Temos que ter a coragem de oferecer aos jovens a opção da pureza que Jesus nos legou: “Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus” (Mt 5,8). Neste assunto Cristo foi exigente e não deixou margens à dúvida: “Todo aquele que olhar para uma mulher com desejo de cobiça, já adulterou com ela em seu coração” (Mt 5,27).

Felipe Aquino

As "Nossas Senhoras" são a mesma Mãe de Deus

Maria de Nazaré foi escolhida por Deus para ser a Mãe do Salvador: “Quando Isabel estava no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria” (Lucas 1,26-27).A quantidade de títulos e nomes para a mesma pessoa são fruto das experiências que os povos fazem da intercessão e da maternidade da Virgem Maria. Em seus títulos Nossa Senhora assume várias realidades, situações, raças, apelos e clamores da humanidade. Alguém muito humana e próxima às realidades do nosso povo, por isso, tão popular.
São vários títulos e nomes, mas uma e mesma pessoa. Maria de Nazaré da Galileia, esposa de José e Mãe de Jesus Cristo, das Graças, das Dores, de Fátima, de Lourdes, da Conceição, dos Aflitos Auxiliadora, Mãe Rainha e Aparecida do Brasil a mulher do Gênesis ao Apocalipse. Todas as "Nossas Senhoras" são a mesma Mãe de Deus!
Nossa Senhora do Equilíbrio, você conhece? Precisamos deste dom que é o santo equilíbrio. Com sabedoria e discernimento colocar as coisas no devido lugar e tomar as decisões certas. Maria é nossa formadora, por excelência, e clama o Espírito Santo sobre nós como o fez quando estava no cenáculo com os Apóstolos.
Lembrei-me de uma devoção que eu trazia e rezava quando ainda era seminarista, a Nossa Senhora do Equilíbrio. Pouco conhecida, mas deste então eu rezo a Virgem Maria, que tem muitos títulos e como nenhum outro ser humano foi equilibrada e controlada pelo Espírito Santo de Deus.
Oração a Nossa Senhora do Equilíbrio
Virgem Mãe de Deus e dos homens, MARIA. Pedimos-vos o dom do equilíbrio cristão, hoje tão necessário à Igreja e ao mundo. Livrai-nos de todo o mal; salvai-nos do egoísmo, do desânimo, do orgulho, da presunção e da dureza de coração. Dai-nos tenacidade no esforço, calma no insucesso, humildade no êxito feliz. Abri nossos corações à santidade. Fazei que pela pureza de coração, pela simplicidade e amor à verdade, possamos conhecer nossas limitações.
Alcançai-nos a graça de compreender e viver a Palavra de Deus. Concedei-nos que, pela Oração, Amor e Fidelidade à Igreja na pessoa do Sumo Pontífice, vivamos em comunhão fraterna com todos os membros do Povo de Deus, Hierarquia e fiéis. Despertai-nos profundo sentimento de solidariedade entre irmãos, para que possamos viver, com Equilíbrio, a nossa Fé, afetividade e sexualidade na Esperança da eterna salvação. Nossa Senhora do Equilíbrio, a Vós nos consagramos, confiantes na ternura da vossa maternal Proteção.
Divino Espírito Santo, que deste a Maria todo o equilíbrio emocional e físico, dai-nos a graça de abandonar em vós nossos sentimentos e emoções, desejos e aspirações, a amar acima de tudo a Deus e não querer nada que nos prejudique nem nos afaste da Sua Vontade. Dai-nos a graça da paciência nas demoras, do discernimento para procurar as pessoas certas que nos ajudem, da cura de nossas feridas emocionais provocadas pela falta do amor verdadeiro e de escolhas erradas.

Padre Luizinho, Missionário Canção Nova

Fim de namoro

E o namoro acabou... E com ele se foram sonhos, planos, certezas. Parece que a melhor coisa que havia na sua vida foi perdida: A pessoa com quem você namorou ou o próprio namoro.Você já pensou nisso? De que você sente mais falta: da pessoa com quem você se relacionou ou do relacionamento em si? O que você acha de si mesmo hoje? Aquela pessoa que partiu, o que ela representava para você? Ela pode ter sido alguém que lhe mostrou o seu valor (e você passa a achar que só vale alguma coisa aos olhos dela). Quanta coisa você aprendeu com essa pessoa? Quanto você sofreu com essa relação, acreditando, buscando, se dedicando? Quanta coisa boa você descobriu em si mesmo, e que nem mesmo se dava conta? São tantas as coisas que precisamos avaliar no fim de um namoro!O namoro acabou... Você já tentou de tudo, mas o vaso quebrou. Alguns ficam ainda tentando remendar... Não dá! É então necessário um tempo... Mas quem aceita? Busca-se desesperadamente alguma coisa que ocupe o lugar daquele relacionamento que terminou. Alguns caem na bebedeira, outros ficam desesperados por uma festa, e a maioria sai desesperada em busca de novos relacionamentos. E aí está um problema: Como se pode pensar em começar algo novo se ainda não foi assimilado aquilo que foi vivido anteriormente? O grande sinal de que é necessário um tempo de solidão é exatamente a dificuldade que há em encarar o vazio deixado. Esse tempo de solidão é necessário para avaliar aquilo que foi fecundado durante o relacionamento anterior. É necessário também (pois, com certeza, quando se sai de um relacionamento assim, se sai muito machucado...) um tempo para que as feridas cicatrizem. Quantas pessoas, a fim de sair da 'fossa' acabam se agarrando à primeira ilusão que surge? E quantos sofrem por isso? Quantos estragam a nova relação, comparando-a com a anterior (e isso só aumenta a saudade do que se foi), ou levando para o novo relacionamento todos os vícios que foram adquiridos? É preciso encarar. O namoro acabou; o vaso quebrou. É hora de transferir o líquido para um odre novo. Só Deus pode fazer um odre novo, e é Ele também quem o resgata, quem impede que o líquido (seus sonhos, esperanças, planos) escoe e se perca. E nesse odre novo é que você vai se derramar. Mas assim que a água é despejada, o que você vê? Turbulência. É essa a turbulência que você experimenta naquele primeiro momento. Mas se você espera um pouco, deixando aquela água aquietar-se, o que acontece quando você for olhá-la novamente? Você pode contemplar o seu reflexo!Somente quando esperamos nossas inquietações se acalmarem é que temos condições de realmente entender o que foi trocado naquela relação; o que foi fecundado; o que foi doado... E se ficar sem aquela pessoa dói tanto, pare para pensar: O que você não consegue fazer sozinho? Qual o pensamento mais frequente agora que está só outra vez? O que você vale? Veja bem: Deus disse que não é bom o homem ficar só (cf. Gen 2,18). Mas a pior solidão talvez seja aquela que se experimenta nas relações em que falta o amor. O amor a Deus sobre todas as coisas, o amor a si mesmo e o amor de um para com outro. Muitas pessoas se engajam nesses namoros para disfarçar suas dificuldades sociais, familiares ou afetivas. É hora de deixar o amor de Deus falar mais alto e confiar na Palavra d'Ele, que criou, para o homem, uma ajuda que lhe seja adequada (cf. Gen 2,18). Você que hoje vive a espera, confie na ação de Deus em sua vida e acredite que há uma pessoa adequada para você. Basta você viver de acordo com aquilo em que acredita e não em função das feridas acumuladas. Hoje já é tempo de você honrar, respeitar e dignificar a esposa, o esposo, os filhos que Deus tem para você. Confiar em Deus é viver essa esperança a cada dia. Sugestão de leitura: "Homens e mulheres restaurados" do saudoso padre Léo.

Cláudia May Philippi

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ler o texto dentro do seu contexto

A proposta desse artigo é entendermos melhor uma regra de ouro da literatura, qualquer que seja ela: ler o texto dentro do seu contexto. Isso significa ver o texto também como produto de pessoas diferentes e de épocas também diferentes. Muitas vezes nos sentimos desencorajados com determinados textos bíblicos por não conseguirmos entender essas passagens. Quem nunca leu um texto bíblico e não apreendeu quase nada do que estava escrito ali? Quem nunca se deparou com conceitos muito complicados e muito distantes daquilo que entendemos e vivemos hoje? Isso acontece porque cada um dos livros da Bíblia faz parte de um contexto mais amplo e por se tratar de textos que foram escritos numa época muito distante da nossa. Assim a leitura se torna um pouco mais complexa e, não raras vezes, incompreensível, em virtude de uma distância temporal, linguística e cultural existente entre a redação do texto bíblico e a interpretação que fazemos hoje. E por isso chamamos a atenção para a necessidade de uma leitura mais cuidadosa e não tão rápida e superficial, para que não ocorra uma interpretação equivocada e arriscada. Porque é natural entendermos o que lemos a partir de conceitos e da ideia que temos do mundo moderno em que vivemos, esquecendo-nos de que a Sagrada Escritura é formada por textos antigos, construídos num mundo diferente do nosso.Dessa maneira, precisamos buscar o máximo de informações sobre o texto que iremos estudar. Tudo que o cerca, de modo especial o período em que foi escrito e pelo contexto histórico em que foi influenciado. Quanto mais informações tivermos a respeito do texto, tanto mais poderemos nos guiar pela regra literária citada no começo deste artigo: ler o texto dentro do contexto.Mas como podemos saber mais sobre a época em que os textos bíblicos foram compostos e sob quais condições se deu esse processo de redação deles?
É fácil. Basta consultarmos as nossas Bíblias, pois elas nos fornecem essas informações. Precisamos conferir as introduções apresentadas antes de cada livro bíblico. Assim acontece, por exemplo, nas traduções da Bíblia como a versão da TEB, da Bíblia Jerusalém e do Peregrino. Ou ainda, como na tradução da Bíblia Ave-Maria, que traz logo na sua abertura um comentário sobre cada um dos livros sagrados. Essas introduções são muito importantes, pois nos dão informações preciosas a respeito do livro que leremos, as quais são muito úteis e práticas a respeito do período de composição do texto, sobre o contexto histórico no qual se deu essa redação, a qual grupo esse texto foi primeiramente dirigido, quem o redigiu, entre outros.
Caso tenhamos acesso a fontes confiáveis que podem da mesma maneira, e talvez de forma mais completa, nos fornecer essas informações, podemos e devemos usá-las, pois como dissemos anteriormente, quanto mais informações temos do texto, tanto maior será a segurança de que leremos o texto dentro do contexto, evitando erros e equívocos. Mas lembre-se: é importante que conheçamos bem essa literatura secundária utilizada para não consultarmos uma bibliografia que possa nos levar ao erro.
Um alerta: muito cuidado ao buscar essas informações na internet, para aqueles que fazem uso dessa ferramenta. Não tenho nada contra a rede mundial de computadores, muito pelo contrário, sou usuário e a vejo como uma facilitadora da vida cotidiana. Mas infelizmente, em se tratando de estudos bíblicos, a grande maioria das coisas que vejo possui muitos erros ou está ligada à outra doutrina diferente da católica.Outro recurso apresentado pelas Bíblias, que muito nos auxiliam na compreensão dos textos e nos fornecem informações importantes a cerca do que lemos, são as notas de rodapé. Essas notas são muito valiosas porque são explicativas, por intermédio delas nos são esclarecidas questões ligadas à língua, à geografia, à cultura, entre tantas outras coisas que facilitam o nosso entendimento do texto. Muitos ignoram essas notinhas, justamente por serem pequeninas, às vezes até difícil de serem enxergadas, mas elas estão ali para servir de auxílio para que o texto se torne mais acessível a nós que estamos distantes temporal, cultural e linguisticamente dos textos bíblicos.
Enfim, é necessário fazer uso desses recursos presentes nas nossas Bíblias, como as introduções aos livros e as notas de rodapé. Esses recursos fazem, de certo modo, parte da leitura e não podemos ignorá-los. A Igreja e nossos tradutores conhecem as distâncias entre nós e o texto e, consequentemente, sabem do risco de uma leitura fora de contexto. Ou seja, informações presentes na própria Bíblia, ainda que não sejam o texto bíblico propriamente dito, são não apenas importantes, mas necessárias para uma leitura da Palavra de Deus sem equívocos e que nos permitem, verdadeiramente, encontrarmo-nos com o sagrado.

Denis Duarte

Os encontros de uma noite

A partir da revolução sexual dos anos 60 muitas coisas interferiram no comportamento dos jovens. Quem já tem mais de 40, certamente se lembra das muitas etapas vividas nos anos que viriam a seguir… Apesar de todo o liberalismo alcançado, o desejo das pessoas de encontrar alguém para viver um sadio relacionamento ainda continua vivo. De maneira especial as mulheres que se preocupam com o avanço do tempo e ainda não conseguiram encontrar seu par. Outras, por terem vivido um relacionamento frustrado, procuram estabelecer um romance duradouro com alguém que realmente as faça felizes. Algumas dessas já namoraram, já viveram vários relacionamentos de curtíssima duração, outras até tinham um “ficante fixo”, mas entre tantas experiências, ninguém parecia ser adequado para o projeto de um relacionamento sólido.
É bem sabido pela maioria das pessoas que, a cada final de semana, quase sempre, a proposta para a diversão não está somente em conviver com outras pessoas, mas sim de não passar a noite sozinhos. De maneira equivocada, algumas pessoas acreditam que em meio às breves experiências de namoro poderão encontrar seu par ideal. Em outras palavras, elas procuram encontrar alguém especial vivendo inúmeros namoricos. Como se desses encontros fosse possível detectar a(o) namorada(o) perfeita(o) para então viverem o sonhado relacionamento. Outros acreditam que por não terem ainda encontrado a mulher ou o homem da sua vida justificam a atitude de viver um encontro com a duração de uma noite.
Dessa forma, as abordagens quase sempre seguem os mesmos rituais, tanto para homens quanto para as mulheres. Sem rodeios procuram conduzir o encontro para uma intimidade, na qual o casal tem como motivação o vínculo passageiro. E quando acontece do rapaz se deparar com uma moça que resiste a tal proposta ou não responde com o mesmo interesse, sem pestanejar, desvia seus objetivos em direção a uma outra pretendente.Nessas investidas masculinas estará como alvo as jovens que se vestem de maneira mais provocante ou aquelas que expressam em gestos uma predisposição para um relacionamento-relâmpago.Como que se vivessem num círculo vicioso, a mesma atitude vai se repetir por muitos finais de semanas e festas oportunas. E os comentários entre os amigos(as), já não tão discretos, seria a respeito de quem foi ou como foi a noite com essa ou aquela pessoa.
Sabemos que, para encontrar alguém, precisamos também "nos desinstalar", pois dificilmente o príncipe encantado vai cair do céu e bater à porta da jovem. E a frustração de muitos relacionamentos está no fato de as pessoas perceberem que, apesar de terem vivido muitos momentos, nenhum desses eventos foram duradouros o bastante como gostariam que acontecesse.Contudo, a maneira de conquistar alguém com intenções de viver um relacionamento mais sério, certamente, não será por meio das mesmas abordagens vividas nos finais semana anteriores. Tampouco será a extroversão abusada ou a concordância para um programinha que vai garantir a conquista de alguém.
Dessa forma, a pessoa que deseja algo diferente para si começará a entender os motivos de seus relacionamentos frustrados quando, sem hesitação, responder de maneira diferente às investidas costumeiras dos pretendentes de plantão. E uma primeira mudança a ser tomada estaria na própria maneira de ver a pessoa do sexo oposto. Agora não como alguém que serviria apenas de muletas para suprir suas carências, mas de forma a encontrar uma pessoa como quem poderá viver a realização de um chamado para uma vida a dois e de maneira sóbria.
Um abraço e até o próximo encontro.


Dado Moura

Por que as pessoas gritam?

Uma das promessas mais belas de toda a revelação é quando Jesus nos afirmou: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada" (Jo 14,23).No Antigo Testamento, Deus acompanhava o povo de Israel nas brigas e no caminho pelo deserto; na conquista de Canaã assim como no desterro de Babilônia. Deus Pai fez contruir um templo em Jerusalém, onde Ele sempre estaria presente com Seu povo.
De qualquer maneira, no Novo Testamento, Deus não está com Seu povo, mas em Seu povo; Deus não está conosco, senão dentro de nós, como a alma de nossa própria alma, e n'Ele vivemos, nos movemos e existimos (cf. At 17,28). "Acaso não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós" (I Cor 3,16).
Uma professora de matemática perguntou aos seus alunos:
- Por que as pessoas gritam quando estão bravas?
O grupo ficou pensativo por um momento.
O primeiro respondeu:
- Eu grito quando os outros me desesperam.
- Sim, respondeu a professora. Mas, por que grita se a outra pessoa está tão perto de você? Por que não pode falar em voz baixa?
Continuaram as respostas, mas nehuma satisfazia a professora. Enfim, ela explicou:- Quando duas pessoas estão bravas, seus corações se distanciam, criando uma grande distância entre elas. Para cobrir este vazio, precisam de gritos, pois não escutam nem são escutadas.
A professora, com lógica matemática, continuou:- Por outro lado, quando duas pessoas se apaixonam, não levantam a voz. Falam baixinho, porque seus corações estão perto um do outro. A distância tem sido superada. Não precisam gritar, porque um está dentro do outro. E até se olham em silêncio para ler a alma nos olhos da pessoa amada.
Deus está dentro de nós. Por isso, quando Jesus nos convida a orar, nos diz para entrarmos na morada profunda de nosso interior, onde encontraremos a presença divina. Muita gente é incapaz de fazer essa viagem, que é a mais importante da geografia da vida; percorrer o interior de nós mesmos, onde Deus tem feito Sua morada. Somos santuários do Espirito, onde Ele mora e atua por meio de nós (cf. I Cor 6,19). Por isso, não precisamos gritar; basta uma atitude de contemplação. O falar-lhe em voz baixa significa, então, que sabemos que Ele nos escuta, porque habita em nosso coração.
Senhor, sou consciente que Tu moras no mais íntimo do meu ser e, com coração sereno, quero no dia de hoje descobrir e experimentar que estás muito mais perto de mim do que imagino. Que não somente estás comigo, ao meu lado, mas que estás em mim.Quero, Senhor, em silêncio, com uma voz suave, falar Contigo, porque sei que me escutas, pois estás dentro de mim. Fizeste Tua morada em mim e sou o templo onde Tu habitas. Por isso, já não preciso gritar, mas, com sons inefáveis (cf. Rm 8,26), quero entrar em comunhão Contigo até o ponto de guardar silêncio e estar em contemplação permanente por Tua presença em mim, porque és a alma da minha alma. Amém.


Do livro: "Como evangelizar com parábolas".

Proclamadores liturgicos do dia 08/05/11

Comentário: Cintia

1º leitura: Juliana

2º leitura: Paulo

Salmo: Igor

Preces: Tayrine


Grupos Unidos Pela Fé fica grato a sua participação na celebração liturgica