sábado, 19 de junho de 2010

Amor Tem Preço

Famosas são as características que São Paulo atribuía à caridade (Cf. I Cor 13, 4-8). Comentarei uma só: "não procura o seu próprio interesse".
Um sacerdote ia começar a missa de casamento. No ingresso, encontra o noivo e lhe pergunta em voz alta de forma que todos em volta o escutassem: "Por que você quer se casar?" O jovem todo encabulado responde: “Porque quero ser feliz!” Então o padre diz: “Mas então não se case”. O pessoal começa a se mexer nas bancas, muitos olharam para trás. O padre continuou: "Você tem que se casar, não para ser feliz, mas para fazer feliz a companheira da sua vida".
A origem da palavra “caridade” é anterior ao cristianismo. Era de uso corrente no latim clássico. Deriva do adjetivo latino “carus” e pode significar duas coisas: caro ou custoso, ou seja, aquilo pelo qual estou disposto a pagar um alto preço, mas também significa afetuoso ou querido. Caritas é o substantivo de carus, portanto, se carus significa “querido”, caritatis seria “queridade”. Em português além de caridade, existe o adjetivo caro: meu caro amigo; neste sentido, famosa é frase do Sherlock: “Elementar meu caro Watson”.
O uso da palavra é múltiplo. Vemos que Cícero a usou com relação a uma ação quando disse: “Aquilo que se faz de forma grande é amado, querido”. Por outro lado, foi empregada também na relação interpessoal. Outro escritor romano, Plauto, diz: “Sei quanto é caro ao meu coração”. E ainda Cícero: “Caros são os pais, caros os filhos, caros os achegados, os familiares, mas os amores de todos estão contidos no único amor à pátria”. Cícero aqui revela o grande amor dos romanos pela sua pátria.
A caridade é sinônimo de amor, do qual deriva a palavra amizade. O cristianismo sempre apontou o dom da amizade entre as pessoas como a experiência que melhor pode iluminar o sentido do amor divino. Jesus, aos seus seguidores mais íntimos disse: “Vós sois meus amigos” (Jo 15, 13).
Amar a Deus é Lhe desejar um bem, como a um amigo ao que estamos unidos. Amigo verdadeiro é quem, te conhecendo por dentro e por fora, completamente, e mesmo assim, continua querendo ser teu amigo. Assim é como Deus nos ama, é quem melhor conhece as nossas misérias e deficiências e, ainda assim, continua a nos amar.
Diz o Eclesiástico: “Um amigo fiel é um poderoso refúgio; quem o descobriu, encontrou um tesouro. Um amigo fiel não tem preço, é imponderável o seu valor” (6, 14). Cristo é o nosso melhor amigo, porque deu a sua vida por nós: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15, 13). Sendo assim, que nos amemos uns aos outros como Cristo nos amou!
“Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12, 33). O coração está feito para amar e se afeiçoar a alguma coisa. Façamos que se apegue em algo que realmente vale a pena; não numa coisa material, mas em algo espiritual, que o possa satisfazer.
Só Deus é “a fonte de água que jorra para a vida eterna” (Jo 4, 14).
Sem. Antonio Maldaner

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