sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Fazer planos e traçar metas é viver

Quase sempre é assim, mais um ano termina e o coração é povoado por sentimentos diversos anunciando que algo novo está por vim. Nesta época, naturalmente trocamos presentes, nos confraternizamos, fazemos balanços, saímos de férias, viajamos ou recebemos visitas. Mas não é só isso, esta época também traz em si um misto de esperança é dom da renovação. É tempo propício para avaliar o que vivemos e sonharmos com o que virá.
Muitas vezes, ouvi meus pais fazerem planos e traçarem metas para o ano novo – mesmo que fossem coisas bem simples como visitar um parente, comprar um brinquedo, reformar a casa, ou coisas assim. O certo é que ao dizerem: “No ano que vem, se Deus quiser, vamos fazer tal coisa”, alimentavam em mim e nos meus irmãos sementes de sonhos e cultivavam a esperança de que estava próxima nossa realização.
Acredito que sonhar, fazer planos e traçar metas é viver, é valorizar o tempo e ver nas entrelinhas dos acontecimentos os rastros de Deus, que é Mestre da esperança e sonhador por excelência. É seguir as pegadas d’Ele. Aprendi a sonhar dentro de casa graças à bondade e à simplicidade de Deus – expressas nos meus pais. E quando se fala de fim de ano, trago boas recordações das noites de 31 de Dezembro, quando minha família e tantas outras reunidas esperavam em frente à Igreja Matriz a contagem regressiva para a chegada do Ano Novo.
Exatamente à meia-noite, as luzes se apagavam e no Céu uma queima de fogos de artifícios iluminava nossos sonhos e reacendia nossa esperança... Depois de alguns minutos, as luzes voltavam a acender já com um outdoor anunciando o ano que acabara de chegar e votos de felicidades. Era um momento mágico e esperado o ano inteiro, nos abraçávamos emocionados desejando “Feliz Ano Novo” como se a vida recomeçasse ali, naquele exato momento. Felizmente, grande parte desta tradição ainda é mantida no pedacinho de chão onde nasci: Bezerros, região central de Pernambuco.
E hoje, embora distante desta realidade pela missão que assumo, percebo-me de vez em quando pensando nos meus planos, sonhos e metas para o ano que vem. Acredito que onde quer que estejamos, vivendo seja o que for, a vida continua e a “virada de ano” não pode passar na indiferença. É uma oportunidade que Deus nos oferece para recomeçar em todos os sentidos. A cada tempo a história atualiza os fatos e me faz tocar na realidade sempre atual. Deus, por amor, veio nos visitar trazendo a libertação e a paz tão esperadas. O nascimento do Menino Jesus mudou o rumo de nossa história, pois sua luz dissipou as trevas de outrora. Com a ternura de Menino pobre, nascido em Belém, veio nos ensinar que somente quando nos doamos e fazemos os outros felizes, quando partilhamos nossos sonhos e acendemos a esperança na alma de quem nos rodeia, é que conquistamos nossa própria felicidade – já que ninguém é feliz de verdade sozinho!
É tempo de celebrar as vitórias e alimentar sonhos, tempo de fazer memória às coisas boas que marcaram nossa vida e dar asas à feliz expectativa quanto ao ano que se aproxima. Certamente coisas muito boas irão acontecer conosco, mas é preciso acreditar nisso e contribuir para isso!
Entre as recordações, que conservo ligadas a esta época do ano, está a música “Marcas do que se foi” do Roberto Pêra. Hoje, dedico-a a você, pois ela traduz um pouco do que penso agora. Se puder, escute-a e seja feliz, não só hoje, mas durante todos os dias de sua vida.
“Este ano quero paz
No meu coração
Quem quiser ter um amigo
Que me dê a mão...
O tempo passa e com ele
Caminhamos todos juntos
Sem parar
Nossos passos pelo chão
Vão ficar...
Marcas do que se foi
Sonhos que vamos
Ter como todo dia nasce
Novo em cada amanhecer...”
Um Feliz Ano Novo com sonhos e realizações!

Dijanira Silva

Eis que faço nova todas as coisas

Já estamos vendo no horizonte o raiar de um Novo Ano. Às suas vésperas, celebramos a festa da Luz. Da Luz verdadeira que veio brilhar para nós, que vivíamos nas trevas da morte, como profetizou Isaías.
Como o sol, depois de mergulhar no solstício do inverno, retorna para iluminar a terra e dar-lhe o seu calor, assim irrompeu o Cristo em nosso meio. João Evangelista nos ensina que a Luz do Cristo espancou as trevas, que agarradas ao orgulho e ao pecado, não a quiseram receber. Mas a todos os que abriram os olhos ao seu fulgor, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
No esplendor destes dias, em que rememoramos o acontecimento histórico do nascimento de Cristo, a Vida e a Luz que nos foram dadas pela misericórdia divina e pelo "sim" generoso de Maria, também retomamos o tempo cíclico que, tendo sua origem nos anos eternos, continua seu curso nos dias, anos e estações, até a consumação do tempo.
Natal e Ano Novo. Nestes dois acontecimentos, encontra a humanidade um momento de esperança.
Para uns, apenas uma utopia que se esvai, como a fumaça dos fogos de artifício. Votos, muitos até poéticos, que se misturam na voragem dos dias e logo se perdem na impotência humana de sua realização, na prepotência dos mais fortes, na cobiça, no roubo e na violência, na miséria que transparece a cada dia.
São votos que não nascem do coração, muitos fingidos e que expressam um relacionamento interesseiro. Os presentes, de valores altíssimos, nada mais querem senão manter os negócios. As gratificações, como foram reveladas na recente crise econômica, são um insulto à justiça.
Para estes, se patenteia a palavra do Evangelista: "A Luz estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dele, mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu e os seus não o receberam" (Jo 1, 10-11)
Para nós, porém, que nos abrimos à Luz e acolhemos a bondade de Deus que veio até nós, na simplicidade de um Menino, como para os Magos, brilha a Estrela da esperança:"Vimos sua estrela no oriente e viemos homenageá-lo" (Mt. 2, 2 e 9).
Os nossos votos têm fundamento. Pela fé, temos a certeza de um mundo novo, de paz e de amor, para o qual, guiados pela Estrela devemos caminhar
Nossos desejos expressam que cremos na vitória da Luz, a vitória de Cristo.
Vamos nos saudar no início deste Novo Ano, expressando o amor e a caridade que já nos unem, embora ainda na fragilidade dos dias terrenos.
Iluminados pela Luz d'Aquele que é, que era e que será, do Princípio e o Fim de todas as coisas, aspiramos construir uma nova terra e um novo céu, a tenda de Deus com os homens, onde se realizará nossa esperança. Pela força da graça, venceremos.
Sabemos que ainda temos muita luta, pois o poder das trevas quer a todo o custo, impedir a vinda do Reino. Mas a fé no Filho que nos foi dado, mostra-nos o poder de Deus que destrói a astúcia dos Herodes de todas as épocas e nos conduz a Belém, a casa do pão, a Jerusalém celeste, onde “as coisas antigas se foram” (Apoc. 21,4).
Caminhemos, pois, à luz da Estrela e que nossos votos de um Ano Novo augurem a felicidade de estarmos construindo o Reino daquele que faz novas todas as coisas.

Dom Eurico dos Santos Veloso

Ano novo, coração novo

Estamos acostumados aos rituais, às comemorações, às celebrações. Quando um ano se encerra e outro se inicia, celebramos o Dia da Paz, a confraternização entre os povos. Quando um novo ciclo se inicia, somos convidados a renovar algo em nós. Quem sabe, neste novo ano, possamos ter um coração novo.
O coração é a metáfora dos sentimentos, das intenções. Um coração envelhecido é aquele que desistiu de amar, que não acredita na humanidade e que, consequentemente, se fecha. E é, por isso, solitário. A solidão pela ausência do amor envelhece o coração.As desculpas para um coração envelhecido recaem nas decepções com as pessoas que amamos.
Reclamamos dos erros dos outros, lamentamos as atitudes incorretas de nossos irmãos e, assim, optamos pelo fechamento. Vivemos condenando nossa triste situação. Pais, filhos, amigos, parece que não há ninguém de valor a nosso lado. Pensamos como seria bom se eles mudassem, se eles melhorassem.
No ano que passou, vivi momentos de muita emoção. Um deles ao lado de meu querido irmão Dunga. Eu fazia uma pregação em um grupo de oração em Presidente Prudente (SP). Enquanto isso, ele compunha o refrão de uma música. A reflexão era sobre as mudanças que temos de fazer para que nosso irmão seja mais feliz. E o refrão diz exatamente isto: "Quem tem que mudar sou eu, para que você seja mais feliz".
Eu escrevi o restante da música que fala em aprendizado, em perdão, em saber ouvir, em lembrar que não há ninguém perfeito. E que talvez precisemos do tempo da boa ingenuidade de volta, do sorriso leve, dos sonhos dos primeiros encontros.
O tempo pode ser uma boa escola. Ele nos ensina a tolerância, o respeito às limitações do outro e às nossas próprias limitações, a bondade no julgar. É uma lição de vida a reflexão de Madre Teresa de Calcutá: "Quem julga as pessoas, não tem tempo para amá-las".
Às vezes, os pais exigem dos filhos algo que não podem dar. O inverso é verdadeiro. E na relação entre o casal também. Cada ser é único. E talvez grande parte dos erros não sejam intencionais.Meu irmão, não espere que o outro mude. Mude você. Diga à pessoa que você ama: "Quem tem que mudar sou eu, para que você seja mais feliz". E, se precisar, complete com o pensamento de Madre Teresa: Não vou perder tempo julgando, quero gastar esse tempo amando.
E é esse o convite para o novo ano. A consciência de que a sua família será melhor se você for melhor. Que o seu trabalho será melhor se você for melhor. Que o mundo, esse grande coração que pulsa, será renovado se o seu coração for renovado.Feliz ano novo, feliz coração novo.

Gabriel Chalita

Um olhar de otimismo para o futuro

"O Senhor se inclina lá dos céus sobre os homens, para ver se existe um homem de bom senso, alguém que procure a Deus (Sl 14, 2)". O Verbo de Deus feito Carne, Nosso Senhor Jesus Cristo, tem sobre as pessoas um olhar feito de profundidade, conhecimento, acolhida e misericórdia. Tendo o Senhor garantido Sua presença conosco até o fim dos tempos, todos os dias ele repete e renova Sua presença amorosa, que lança luz sobre os acontecimentos e sobre o desenrolar de nossos dias. Chegar ao limiar de um novo ano é oportunidade privilegiada para confrontar com o olhar de Jesus os passos dados e projetar o futuro.
Três olhares de Jesus provocam nossa reflexão. O primeiro deles foi dirigido ao jovem rico do Evangelho (cf. Mc 10, 21), sem dúvida, uma pessoa bem comportada. Terá cumprido bem todas as suas obrigações, terminando cada período da vida com as contas pagas, uma pessoa de bem, tanto que Jesus, fitando-o com amor, pediu-lhe o passo da radicalidade, seguimento estrito, no qual Deus é posto em primeiro lugar. O moço abaixou a cabeça e foi-se embora, porque era muito rico.
O segundo olhar é para Judas, o traidor. Tendo abandonado a Ceia, tudo se fez noite (cf. Jo 13, 30)! O Jesus preso no horto, traído por um beijo, preso nos pátios do Sinédrio e do Palácio de Pilatos, viu e foi visto por Judas (cf. Mt 27, 3-9; Lc 22 47-53). O olhar de amor resultou em desespero, pois a luz se fez e o amigo de antes não conseguiu dar o passo de confiança na misericórdia infinita! Recebeu muito, comprometeu-se à custa de um dinheiro sujo, corrompeu-se e não conseguiu voltar atrás.
A terceira figura, não menos pecadora, é nosso amigo Simão Pedro. Negou conhecer seu Senhor, encontrou também o olhar de Jesus e chorou amargamente. Não sabemos medir se foi maior o pecado de Pedro ou de Judas. O que sabemos é que um deles se isolou no desespero e o outro, banhado nas lágrimas, refugiou-se na comunidade dos discípulos. Medroso que era, precisou, depois da Ressurreição de Cristo, da ajuda de Maria Madalena e de João. O que negara tão vergonhosamente veio a ser testemunha qualificada do Ressuscitado!
Ao terminar o ano de 2010, deixemos que o Senhor da história nos atinja com Seu olhar de amor. Quem cumpriu todos os seus deveres não se encha de orgulho, mas encontre novo apelo à perfeição que vem de Deus. Dê graças a Deus, fonte de todo o bem! Há muito mais por fazer, há generosidade plantada do coração e pronta a florescer. Há um forte convite à partilha, há irmãos e irmãs que sofrem e gritam por maior generosidade.
Com a passagem de ano, haja em nós a ação de graças. É digno saber agradecer e ver o bem que foi feito pelos outros e por nós. Um sadio olhar de otimismo faz bem para o corpo e para a alma. Se identificamos os erros cometidos, acreditar no perdão, chorar, sim, os pecados cometidos, lavá-los na graça do Sacramento da Reconciliação e recomeçar.
O ano novo já é feliz, porque existimos e porque não estamos sós neste mundo.

Dom Alberto Taveira Corrêa

Olhos fixos n'Aquele que amamos

E como devemos entrar neste ano que se inicia? Devemos iniciar o ano com os olhos voltados e apaixonados por Jesus. Como um casal de namorados apaixonados que vive pensando um no outro, que dorme e acorda pensando um no outro, assim deve ser você. Inicie o seu ano apaixonado por Jesus. No ano de 2011 Jesus precisa ser o centro da sua vida; e isso independe de você receber libertações, curas e milagres. De qualquer forma, Cristo precisa ser o centro de sua vida.Na em 2011 poderá nos tirar o amor de Jesus Cristo, mesmo que as coisas não saiam da forma que queríamos, tudo precisa ser por Ele e para Ele.A Palavra de Deus precisa ser o centro da sua vida. Em 2011 você pode se decepcionar com as pessoas, mas com Jesus ninguém pode se decepcionar.Deus o criou por Ele e para Ele e para mais ninguém. Deus, que nos criou, nos deu um grande presente: Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele foi o homem das dores, foi experimentado no sofrimento. Nós temos dor também. Sabe por que Ele sofreu? Por amor a você. Cristo assumiu a cruz e sofreu porque quis nos salvar: você, eu e todos nós. Precisamos ter o coração agradecido ao Senhor por tanto amor.Compreenda o amor de Deus, Ele lhe deu por você. Compreenda que os cravos cravados no Corpo do Cristo foram por amor a você.Eis o Filho de Deus que tanto nos amou! Quem está frio na fé esquente-se de amor por Deus novamente, pois isso vale o Sangue do Cristo. Nós não somos filhos sem pais, aqui ninguém é órfão porque o Pai do céu nos criou.
Jesus não quer perder você, meu irmão! Por isso seja guerreiro do Senhor e volte para Ele hoje mesmo! Entendamos o amor de Jesus por nós para que, por nada, nós O abandonemos. Espero que você entenda por que o Verbo se encarnou e se fez homem.Na primeira leitura fala do anticristo, que quer tirar Deus da sua vida.Diante de uma situação de dor, qual resposta você vai dar? Você quer calar a voz do anticristo? Diga-lhe: Eu amo o Cristo que se doou por amor.Na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, seja apaixonado por Jesus! Na cruz está toda a resposta: foi por amor que o Senhor se doou por você. Por isso não tem como eu não amá-Lo, pela Sua dor na cruz, pela Sua Morte, eu só posso amá-Lo com tudo ou sem nada. Sou apaixonadíssimo por Jesus. O Senhor roubou o meu coração.

Padre José Augusto

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Namoro: uma bela escola de amor

Quando o corpo impera, a razão enfraquece, o espírito agoniza, e o amor perece. Muitas vezes você pode estar andando de cabeça para baixo:
-quando você capitula diante daquele prato saboroso, e come sem limite...;
-quando você não consegue tirar o seu corpo da cama na hora certa, e deixa-o dormir à vontade...,
-quando o prazer do sexo o faz perder a cabeça, e atira-se a ele descontrolado; sem um compromisso;
-quando você se atira aos prazeres de todas as formas.
Você também pode deixar de caminhar de pé se é a sensibilidade que comanda os seus atos, e não o espírito. É claro que a sensibilidade é importantíssima; Ela nos diferencia dos animais; mas não pode ser a imperatriz de nossos atos. Não podemos ser conduzidos apenas pelo “sentir”. Se for assim você pode achar que uma pessoa está certa apenas porque lhe é simpática, ou muito amiga, e não porque de fato, ela tem razão.
Você é escravo da sensibilidade se, por exemplo, só aceita participar da missa celebrada por “aquele” padre que você aprecia; ou quando qualquer palavra de crítica o ofende, magoa, e deixa-o prostrado na fossa;
- quando você só reza e só vai à missa quando” sente” vontade;
- quando você fica derrotado porque ninguém notou os seus esforços e ninguém os elogiou;
- quando você troca o sonho pela realidade;
- quando você não se aceita a si mesmo como você é;
- quando você não estuda a matéria ministrada por aquele professor que não lhe é simpático.
Nestas situações, e muitas outras, você pode estar se “arrastando” ao invés de caminhar de pé, guiado pelo espírito. Isto só será possível quando o seu espírito, fortalecido pelo Espírito Santo, comandar a sensibilidade e o corpo. A sensibilidade é bela, é ela que faz você chorar diante da dor e do sofrimento do outro, mas ela precisa ser controlada pelo espírito. Um cavalo fogoso pode levá-lo muito longe se você tiver firme as suas rédeas, mas pode jogá-lo ao chão se não for dominado. Se você permitir que o corpo ou a sensibilidade assumam o comando dos seus atos, então você não estará em pé, e não estará preparado para mar como é preciso.
Agora você está entendendo melhor porque não é fácil amar; e porque o amor ainda não comanda a vida na terra. Para amar é preciso possuir-se; e para possuir-se é preciso exercitar o amor. Por isso o namoro é uma bela escola de amor. Se você quiser ser uma pessoa de pé, faça-se sempre esta pergunta: o que me faz agir assim, ou decidir assim, ou reagir daquela forma? Foram as exigências do seu corpo que falaram mais alto? Foi a sensibilidade que gritou mais alto e venceu? Foi o espírito, guiado pela inteligência, que predominou?
É claro que por nossas próprias forças não poderemos caminhar de pé. Jesus avisou que “o espírito é forte, mas a carne é fraca”. Portanto, você precisa da força de Deus para suportar a sua natureza enfraquecida pelo pecado original. Você pode caminhar de pé, com a graça de Deus, pois o grande Santo Agostinho experimentou na sua vida que “o que é impossível à natureza é possível à graça”.
Não desanime e não se desespere, o Senhor o aguarda para ajudá-lo com a Sua força. Vá a Ele. Tenha a coragem de olhar-se de frente e aceitar a sua realidade atual. Em seguida peça ao Senhor que lhe dê a sua graça para que você possa ser um rapaz ou uma moça “em pé”, apto para amar de verdade.

Felipe Aquino

Ser livre para amar

A liberdade que nos faz “imagem” de Deus. Se Ele não nos tivesse feito livres, seríamos como robôs, ou marionetes, ou teleguiados; não seríamos semelhantes a Ele.
Para garantir a nossa dignidade Deus nos fez livres, capazes de escolher o bem e o mal, e até de virar as costas para o próprio criador.
Quando a sociedade quer punir o homem, por ele abusar da liberdade, então tira-a, colocando-o na prisão. O pecado é sempre um “abuso da liberdade”, isto é, o seu mal uso. Você só poderá dar-se integralmente alguém, e amar, se você for verdadeiramente livre. Mas hoje existem muitas “caricaturas” da liberdade, assim como do amor. Muitos se enganam pensando que ser libre é poder dizer “eu faço o que quero”. Muitos pensam que ser livre é não Ter leis que obedecer, dogmas a aceitar ou verdades pré-fixadas a acolher. É um engano.
Portanto, não diga que você é livre porque faz o que quer, independente da vontade de Deus e dos homens. Ser livre não é “fazer o que você quer”, sem restrições. Esta é a liberdade do animal, que não possui a luz da inteligência e a força da vontade para guiar os seus passos e manter-se de pé. Será que na empresa que você trabalha, você só faz o que quer, chega na hora que quer, e só realiza o que tem vontade de fazer? É claro que não, você obedece ordens, normas e horários.
Jamais diga que ser livre é fazer o que você quer, sem restrições. A sua liberdade não depende só do seu corpo, mas do seu espírito, acima de tudo. Mesmo que você esteja numa cela ou preso numa cama, ainda assim é possível ser livre, porque nada e ninguém pode aprisionar o seu espírito. Na verdade, é você mesmo quem limita a sua liberdade, quando permite ser conduzido pelos caprichos do seu corpo ou pelas manhas da sua sensibilidade. Esta é a pior escravidão. Você pensa que é livre, mas na verdade você é dominado pelos instintos.
Ser homem, é exatamente vencer os instintos que nos querem roubar o Dom precioso da liberdade, que custou Até o sangue de Jesus. Podemos prender um navio ao cais do porto por muitas cordas; mas enquanto ele estiver preso por uma só corda, ainda não poderá navegar livremente, mar adentro, até o seu destino. Você não estará livre enquanto qualquer amarra o impedir de caminhar.
Se você estiver preso demais a alguma coisa, ainda não é livre. Se você se apegou a alguém de maneira descontrolada, deixou de ser livre. Se você é escravo de algum vício, então é claro que você não é livre plenamente. Se os instintos do corpo ou da sensibilidade, o “pegam pelo nariz” , e o obrigam a satisfazê-los, então, é claro que você não é livre.
A liberdade, portanto, não é estar livre de leis, verdades e dogmas sagrados, mas é estar livre de nossos vícios. A liberdade pode se transformar em libertinagem, abuso da liberdade. Isto acontece quando você quer ser livre sem respeitar a “verdade” e a “responsabilidade”. Elas são os trilhos sobre os quais a liberdade deve caminhar para não enlouquecer, e não fazer de você um libertino.
Liberdade sem verdade é loucura. Liberdade sem responsabilidade é depravação.
Existe uma verdade científica, religiosa, moral... que a liberdade tem que obedecer para ser autêntica. Libertade é esta no centro da vontade de Deus.

Felipe Aquino

As cartas que não foram lidas...

Estes dias, li uma parábola que dizia assim:
“ Uma família sofria grandes dificuldades econômicas e escreveu a parentes ricos da América do Norte, lhes pedindo ajuda. Pouco tempo depois esta família recebe um pacote destes parentes. Abriram-no com grande ansiedade e euforia, pois ali estava a grande chance de melhora. Porém não encontraram nada de importante, apenas algumas coisas de pouco valor material. Zangados, jogaram a embalagem no depósito, achando que os parentes ricos além de não os ajudarem financeiramente, ainda queriam divertir-se à custa de sua aflição. Na limpeza geral que costumavam fazer antes da Páscoa, tudo iria para o fogo. Porém, rasgando o papelão interno do pacote, o filho mais novo da família descobriu um fundo duplo, onde havia uma carta muito atenciosa e no mesmo envelope cem mil dólares”.
Quantas vezes, diante dos sofrimentos temos a mesma atitude daquela família. Na ansiedade de ver resolvido nosso problema acabamos vendo o acontecimento apenas superficialmente e jogamos no depósito de entulhos a riqueza que tal situação quer nos proporcionar. Tenho aprendido que nas situações de sofrimento que Deus nos permite viver, existe escondido em algum lugar, uma carta de amor e uma fortuna de ensinamentos. O desafio é acharmos a carta, e tomarmos posse do que ela nos traz.
Daí, damos ao nosso sofrimento o valor que ele merece, e o reconhecemos como uma graça que nos torna espiritualmente fecundos e ricos interiormente. Os fatos me fazem acreditar que somente as virtudes provadas nas tempestades da vida, são capazes de atingir um grau heróico e tornarem-se seguramente posse da alma.
Talvez ao longo de nossa vida já tenhamos recebido muitas cartas que ainda não foram lidas, as quais estão ainda nas embalagens que chegaram, entulhadas nas lembranças de nossa história.
Que tal voltarmos hoje ao depósito de entulhos e procurarmos ler as cartas que não foram lidas!?... Com certeza existem grandes e inumeráveis declarações do Amor de Deus e fortunas de ensinamentos nos aguardando.

Dijanira Silva

Família: oásis de amor

Todos nós precisamos do amor puro uns dos outros. Precisamos do amor do nosso pai... e como é importante a presença, o carinho, a segurança e a firmeza do pai,as correções, as ordens, até mesmo as zangas e broncas do pai... tudo isso é amor. Amor próprio de pai, necessário, imprescindível na nossa formação. Essencial para o nosso crescimento, nosso equilíbrio, nossa maturidade.
Nem preciso dizer o quanto precisamos do amor de mãe, da presença, do carinho de mãe... da correção própria de mãe, do perdão que só a mãe sabe dar.
Todos nós precisamos do amor puro dos nossos irmãos e irmãs, da convivência, das diferenças... até mesmo das dificuldades entre irmãos e irmãs. Tudo isso faz parte do nosso crescimento, da nossa maturidade. Sem isso ficamos afetivamente imaturos.
A família é o nosso habitat. A família é o ambiente natural, criado por Deus, para aprendermos a dar e receber o amor. É aí que se aprende a amar! É aí que se aprende a recebê-lo.
A gente precisa aprender a receber o amor. E é no ambiente caloroso de um lar, no aconchego de uma família, por mais simples e pobre que seja, que a gente aprende a ser amado. Deixe-se amar. Deixe-se ser atingido por gestos de amor, de bondade, de carinho, de compreensão, de perdão...
Precisamos de amor puro do pai, de mãe, de irmão... precisamos de amor puro de nossa família. Sim, a família é e precisa ser um “oásis de amor”. É urgente preservar esses oásis de amor que ainda existem.
Como é bom ser família! Como é bom ter a presença de homens e mulheres, de adultos, de jovens e de crianças! Como é bom ter diferenças... diferença de gênios, de temperamentos, de opiniões, de ponto de vista... que bom ter de viver com o diferente!
É na família que nos conhecemos, nos descobrimos, nos aproximamos... nos corrigimos,nos desentendemos e nos perdoamos... Na família, nem tudo é cem por cento... mas nela nos amamos, nos perdoamos, nos reconciliamos. E aí está o essencial: a família é um “oásis de amor”!

Padre Jonas Abib

Deus quer falar com você

Estamos num mundo marcado por muitos avanços científicos e tecnológicos, e o ser humano, enquanto pessoa, tem ficado esquecido. As pessoas nunca têm tempo; mesmo os que não têm grandes responsabilidades sobre suas costas estão sempre entretidos com alguma coisa, todo mundo corre, quase ninguém pára, e as pessoas já não sabem mais ouvir.
Com a imprensa, o rádio, a televisão e agora também a internet, a quantidade de informações descarregadas sobre cada um é alucinante; em toda parte, há muito barulho, todo mundo fala...o ouvido vai ficar calejado. Fala-se muito de coisas que nos cercam e muito pouco do que está dentro do nosso coração. A verdade é que “desaprendemos” a arte de escutar. Se não conseguimos dar ouvidos à pessoa que está perto de nós, que vemos e que tocamos, como poderemos escutar a Deus, cuja voz não impressiona os tímpanos?
Se um homem deixa o barulho e a agitação do mundo e procura no silêncio o seu descanso, Deus se manifesta para ele. O Senhor prefere se mostrar na suavidade da brisa a se mostrar no estardalhaço do trovão.
Na oração, Deus fala, escuta, mas também tem o que dizer a você, a min, a nós. Deus é o absoluto, quando Ele se manifesta, a melhor oração que podemos fazer é calar. Quando o homem cala, Deus fala.
Assim em nossa oração, devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance para nos colocar na presença de Deus, que já estava ali à nossa espera. E quando percebemos que nos aproximamos do Senhor e estamos diante d’Ele, devemos calar porque as palavras já não são necessárias; então podemos contemplar e ser contemplados.
Não temos idéia do quanto Deus nos cura e liberta neste momento de silêncio, quando só o amor transita.
Ninguém mais que Nossa Senhora ouviu a Deus, porque ninguém tanto quanto Ela se calou. Muitos acham que a Virgem Maria não é importante, pois as Sagradas Escrituras mostram que Ela quase não se pronunciou. Não percebem que é justamente aí que reside a importância dela. Quando ninguém deu lugar ao seu Filho para nascer, Ela se calou; entre os doutores e diante da cruz, Ela também se calou. Ela sabia que a vitória que temos sobre o sofrimento está no silêncio. Quem se cala ante o sofrimento guarda só para Deus o perfume desse sacrifício; quem fala, dissipa-o.
Nossa Senhora falou pouco, mas quando abriu a boca a criação estremeceu. João Batista foi um exemplo do que aconteceu com a humanidade.
Que o Espírito Santo nos coloque no coração o desejo de guardar o silêncio sagrado, o mesmo que Maria honrou e guardou – tornando-se a mestra, a educadora de todos os que de longe perceberam a profundidade desse mistério e agora anseiam por penetrá-lo!
Dê-nos, ó Senhor, um anjo para nos guardar neste bom propósito.

Márcio Mendes

Nós fazemos as escolhas e as escolhas nos fazem

Diante de tudo o que a vida apresenta sempre nos são confiadas escolhas e opções. Diante dos dissabores que vivenciamos são diversas as possibilidades que temos para reagir: Ou crescemos com as dores – extraindo delas o devido conhecimento, ou estacionamos nelas e acabamos nos tornando pessoas amargas.
A vida é tecida por opções, por escolhas que fazemos e que acabam delimitando o sentido e as cores de nossa história.
A maneira como agimos e reagimos diante de nossas próprias fraquezas também se constitui como realidade que porta em si o poder de determinar o curso de nossa maturidade. Muitas vezes, concluímos que não somos nem temos o que gostaríamos, e isso nos causa dor. Porém, diante de tal insatisfação – tão humana e natural – temos duas opções: Ou passamos a vida inteira nos lamentando por não sermos nem termos o que idealizamos, ou nos assumimos no que somos e fazemos a vida ser feliz a partir do que temos e somos, ou seja, a partir de nosso real.
A feliz decepção de nos descobrirmos frágeis e imperfeitos pode ser motivo de estéril desgosto ou um significativo impulso para nossa maturidade. Depende da opção que fazemos e da forma como reagimos.
A felicidade é uma possibilidade que reside no real, em nossa verdade. Nunca é tarde para ser feliz e para se decidir por isso. Cada segundo que vivemos se constitui como uma possibilidade concreta para começar a construir, com nossas escolhas, nossa felicidade.
A felicidade não acontece de uma hora para outra; ela é fruto de uma construção, de pequenas e grandes escolhas que precisam ser feitas, as quais, aos poucos, edificam na vida a devida maturidade que sabe extrair sabor de tudo, dando sentido ao que se faz e ao que se vive.
Sempre encontraremos situações diante das quais precisaremos nos posicionar. Ninguém pode construir um “futuro” e uma vida feliz se diz “sim” a tudo o que lhe é oferecido.
Não podemos nos permitir ser “levados pela vida”, tampouco podemos viver sem rumo, sem saber o que queremos, porque – querendo ou não – sempre estamos indo para alguma direção. Ou fazemos escolhas conscientes sobre o que queremos ser, ou seremos “construídos” por modismos e idealizações de outros, tornando-nos assim fantoches nas mãos de uma sociedade que não respeita o que essencialmente somos.
A vida foi confiada a nossa responsabilidade. Nem tudo o que vem a nós é bom, e quem precisa decidir diante de cada situação somos nós. Não podemos nos anular entregando a outros tal realidade, a qual somente a nós compete. Não existe vida autêntica sem responsabilidade, sem assumirmos as rédeas de nossa história e sem decidirmos, de maneira coerente, por aquilo que nos tornará mais gente e, conseqüentemente, mais de Deus.
Nós fazemos as escolhas e as escolhas nos fazem... Por isso, para se construir um futuro é preciso escolher, e escolher bem.
Confiemos a Deus o rumo de nossa história, e busquemos n’Ele a força para melhor decidir, e para escolhermos aquilo que nos fará verdadeiramente felizes.
Deus o abençoe!

Adriano Zandoná

A sabedoria tatuada na pele

Muitos sonhos foram cultivados para quando atingíssemos a maioridade ou simplesmente experimentássemos o momento da sensação de não mais estar sob as asas da mãe.
Neste momento por mais tolo que possa parecer, tomamos atitudes que ao invés de manifestar atitudes adultas refletem o contrário.
A mais comum que posso citar é o desacato, o não respeito aos mais velhos e as autoridades; fazemos questão de assim manifestar.
Outra também bastante aparente é a necessidade de nos auto-afirmarmos quanto a sexualidade e não deixando de comentar sobre a passagem pelas bebidas alcoólicas e fumo.
Vemos o fato de estar sob as asas da mãe, um fator negativo; achamos o que os nossos pais fazem é caretice, etc. Resolutamente não queremos ser como nossos pais, esquecendo-nos que nossos pais já percorreram uma boa caminhada ou até mesmo aquela pessoa que nos aconselha já viveu 2 vezes a nossa idade; mesmo podendo não ter concluído o curso primário, ou até mesmo sem nenhuma alfabetização, detém o conhecimento da experiência vivida. Essas pessoas trazem o diário da vida escrita nas rugas do rosto e nas mãos calejadas.
'Quem despreza a palavra se perde, quem respeita o preceito será premiado. O ensinamento do sábio é fonte de vida, para evitar as ciladas da morte.' (Prov.13,13)

Dado Moura

O amor de Pai

"A família formadora de valores humanos e cristãos". Um dos valores a serem destacados é a figura do pai, muitas vezes, desgastada pela dificuldade com que se olha ao redor, pondo em relevo mais as experiências negativas do que a quantidade de homens que descobriram e vivem de forma tão silenciosa quanto verdadeira a sua vocação e a sua missão. As pastorais e movimentos que se dedicam à Família têm oferecido uma ajuda preciosa para o aprendizado da missão paterna, quando possibilitam a escuta recíproca, na qual as experiências dos outros aplainam o caminho para o exercício da paternidade.
"A vida eterna consiste nisto: que te conheçam a ti, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (Jo 17, 3). Toda a vida cristã é como uma grande peregrinação para a casa do Pai, de quem se descobre todos os dias o amor incondicional por cada criatura humana e, em particular, pelo «filho perdido» (cf. Lc 15, 11-32). Tal peregrinação parte do íntimo da pessoa, alargando-se depois à comunidade de fé até alcançar a humanidade inteira. A crise de civilização manifestou o ser humano tecnologicamente mais desenvolvido, mas interiormente empobrecido pelo esquecimento ou pela marginalização de Deus. À crise de civilização, há que responder com a civilização do amor, fundada sobre os valores universais de paz, solidariedade, justiça e liberdade, que encontram em Cristo a sua plena atuação (cf. Tertio Millenio Adveniente, 49-54).
A lucidez com que o Servo de Deus João Paulo II preparou a Igreja e a humanidade para o Grande Jubileu continua sendo preciosa para a compreensão de várias situações em que nos encontramos, sendo uma delas a crise da figura do pai. E muitas vezes se criam dificuldades para falar de Deus Pai, argumentando ser frágil a imagem paterna que as pessoas têm. João Paulo II notou que é necessário inverter a ordem das coisas. Não é Deus que realiza a figura do pai terreno, mas os pais da terra é que devem se espelhar no Pai do Céu. Você é filho ou filha de um Pai bondoso, forte e comprometido, um Pai suficientemente sábio para guiá-lo no caminho, suficientemente generoso para caminhar ao seu lado a cada passo. Essa talvez seja a coisa mais difícil de acreditar, realmente acreditar, do fundo do coração, de modo que nos mude para sempre, que mude a maneira como encaramos cada dia (cf. John Eldredge, "A grande aventura masculina").
No âmbito da educação familiar, as ciências humanas estão descobrindo sempre mais a importância da figura paterna em vista de um desenvolvimento harmonioso dos filhos. Se a mãe encarna o acolhimento, a compreensão, o afeto protetor, o pai encarna a autoridade que faz crescer, faz sair do narcisismo infantil, introduz a pessoa na realidade, estimula a iniciativa, o altruísmo, o sentido de limite, a responsabilidade. Obviamente, para uma adequada relação educativa, o pai deve evitar o autoritarismo e o espírito de domínio, saber unir a ternura e a mansidão à racionalidade e à firmeza.
Ser pai é uma vocação, uma graça especial dada por Deus, para a qual o homem deve se preparar, percorrendo as etapas de seu amadurecimento, chegando à capacidade de doar-se. O pai provedor, imagem tão ligada à sua missão, não desapareceu e continua tendo lugar nas próprias famílias e na sociedade. Só que sua realização exige um processo de aprendizagem, no qual a superação do egoísmo encontra espaço privilegiado. Para prover, o pai aprende a prever e prevenir, antecipando-se em suas atenções com os filhos e, é claro, com sua esposa. Olhe para o alto, para aquele que é "o" Pai (cf. II Cor 6, 18), pois somente quem sabe ser filho aprende a ser pai, o que significa saber ouvir, não ser o dono da verdade, perguntar, aprender sempre de novo e aprender mais. E peça ardentemente, em sua oração, a graça de ser pai!
Nosso agradecimento a todos os homens que descobriram esta maravilhosa vocação. A eles chegue também nossa bênção, que desejamos estendida a todas as famílias, por intermédio dos próprios pais, aos quais pedimos abençoarem suas esposas e filhos no dia que lhes é consagrado. De fato, cada pai crie a oportunidade, neste dia, para transmitir a bênção de Deus a seus familiares. É direito e dever!

Dom Alberto Taveira Corrêa

Como lidar com o diferente?

Como saber trabalhar com as diferenças dentro de nossos convívios, com aqueles que ainda não comungam com a maneira que vivemos nossa espiritualidade?
De maneira muito simples, Denis Duarte contextualiza a realidade relatada por São Paulo aos Coríntios (cf. I Cor 5,1,13) e nos esclarece o sentido de algumas expressões usadas pelo autor e que poderão nos causar estranheza ao fazermos a mesma leitura.

1 – Leia o texto
1 Ouve-se dizer por toda parte que há entre vós um caso de desregramento, e de um desregramento tal como não se encontra nem sequer entre os pagãos: um de vós vive com a mulher de seu pai.
2 E vós estais inchados de orgulho! E não tomastes, de preferência luto, a fim de que o autor desta ação fosse retirado do meio de vós?
3 Quanto a mim, ausente de corpo, mas presente em espírito, já julguei, como se estivesse presente, aquele que cometeu tal ação: 4 em nome do Senhor Jesus, e com o seu poder, por ocasião de uma assembléia na qual estarei espiritualmente entre vós, 5 seja tal homem entregue a Satanás para a destruição da sua carne, a fim de que o espírito seja salvo no dia do Senhor. 6 Não é nobre o vosso motivo de orgulho! Não sabeis que um pouco de fermento faz fermentar toda a massa? 7 Purificai-vos do fermento velho para serdes uma massa nova, visto que sois sem fermento. Pois o Cristo, nossa páscoa, foi imolado. 8 Celebremos pois a festa, não com fermento velho, nem com fermento de maldade e perversidade, mas com pães sem fermento: na pureza e na verdade. 9 Eu vos escrevi na minha carta que não tivésseis relações com os devassos. 10 Eu não visava de modo geral aos devassos deste mundo, ou aos gananciosos e aos rapaces ou aos idólatras, pois neste caso precisaríeis sair do mundo. 11 Não, eu vos escrevi que não tivésseis relações com um homem que traz o nome de irmão se é devasso, ou rapace ou idólatra ou caluniador ou beberrão ou ladrão, e até que não tomásseis refeição com tal homem. 12 Acaso compete a mim julgar os de fora? Não são os de dentro que tendes de julgar? 13 Os de fora, Deus os julgará. Tirai o mau do vosso meio.
Primeira Epístola aos Coríntios 5,1-13
2 - Mais informações sobre o texto
Mais uma vez São Paulo enfrenta a autossuficiência da Igreja de Corinto. Pois além das divisões recebe notícias do cometimento da luxúria (5,1). E o apóstolo deixa claro que esse fato é uma vergonha e um perigo, especialmente por três motivos:
1. Tanto a lei judaica quanto os pagãos condenavam tal prática. Haja vista que nem entre os pagãos a quem viva com a mulher de seu pai (5,1b). 2. Problemas com imoralidades pareciam ser algo costumeiro dentro da comunidade, por vezes permitido e até institucionalizado (5,2). 3. Pode prejudicar toda a comunidade e por isso é preciso banir o culpado (5,2b).
São Paulo sugere uma reunião para que se julgue o caso (5,4). E o apóstolo dos gentios, mesmo distante fisicamente, já dá seu voto (5,3). E seu julgamento é que o culpado seja entregue a satanás (5,5). Essa deve ser uma expressão equivalente a excomunhão.
Mas vale chamar a atenção para um fato: que essa excomunhão é uma punição voltada para a correção da pessoa, ou seja, para que o culpado se salve e não se perca. Existe um outro caso de excomunhão em Corinto no qual o sujeito foi readmitido na comunidade após mostrar que mudou (cf. II Cor 2,5-11). Por isso a excomunhão era ato de caridade e salvação.
São Paulo reforça que não faz sentido o orgulho em se abrigar pessoas que vivem nessa situação, pois isso pode prejudicar toda a comunidade (5,6). O apóstolo mostra que já alertou, numa carta anterior, sobre o tipo de relação que os membros da comunidade deveriam ter com as pessoas sem pudor (5,9). E volta a explicar como deve ser essa relação, utilizando-se de uma distinção: os de fora e os de dentro.
O relacionamento com as pessoas imorais e que estão fora da comunidade deve se pautar numa convivência social normal, pois, caso contrário, terão de sair do mundo. Mas a relação com os impuros que estão dentro da comunidade deve ser muito diferente. Pois quanto a esses (e que ainda se dizem irmãos) não se deve ter contato (nem conversar nem comer) porque podem prejudicar toda a comunidade.
Isso é uma medida extrema de proteção da comunidade que vivia num ambiente cercado pela corrupção moral. Era um grupo pequeno se comparado ao tamanho e influências da cidade. Ao mesmo tempo, reflete a identidade que deve ter a comunidade ao viver o ensinamento dos apóstolos (ensinado em todas as Igrejas, como visto no capítulo anterior), ao seguimento de Jesus, testemunho cristão, a correção fraterna.
Resumindo: os de fora Deus os julgará, nosso papel com eles é anunciar o Evangelho para que façam uma opção de vida diferente. Por isso não os posso julgar, mas sim, anunciar-lhes a Boa Nova e acolhê-los. Os de dentro, já tendo recebido o anúncio e sendo catequizados, devem viver de acordo com a opção que fizeram. Daí julgar os de dentro.
3 – Como aplicar o texto na vida
- Faço essa distinção entre “os de dentro” e “os de fora”?- Convivo com espírito de acolhimento e testemunho com as pessoas “de fora” da minha opção de vida?- Como lido com as pessoas “de dentro” que semeiam ideias e práticas contrárias às da minha opção de vida cristã?

Denis Duarte

Viver bem a reconciliação

No mundo moderno as pessoas são conduzidas a serem máquinas, que só trabalham e se preocupam com o futuro, e por isso, não têm tempo para pensar em si mesmas, em suas escolhas e em seu proceder para viver bem com os outros. Consequentemente, elas vivem angustiadas, deprimidas, infelizes, doentes e dilaceradas.
Jesus disse ao Pai: "O mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal" (Jo 17, 14-15). Cristo deu-nos uma orientação para viver bem a nossa vida.
Aquele que vive de acordo com a mentalidade do mundo está mais exposto ao mal. Também vive uma divisão total, em si mesmo e com as pessoas. O egoísmo, a ganância, o individualismo, o orgulho, a vaidade e o desamor imperam em sua vida.
Jesus continua nos ensinando como viver bem: "Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um: Eu neles e Tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade, e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste como amaste a mim" (Jo 17, 22-23).
Deus nos conduz a sermos perfeitos na unidade com Ele, com nós mesmos, com o próximo e com o mundo. Como viver esta verdade? Quero refletir com você sobre um dos segredos para sermos perfeitos na unidade: a reconciliação.
Em primeiro lugar, somente quem está em harmonia consigo mesmo é capaz de se reconciliar com as pessoas que estão ao seu lado. Aquele que está dilacerado interiormente, também dilacerá as pessoas que o cercam. Até nós cristãos, muitas vezes, gostaríamos de perdoar os nossos semelhantes, mas não conseguimos. Geralmente, isso ocorre porque ignoramos os nossos sentimentos de raiva, ressentimento e aborrecimento em relação à pessoa que nos magoou. Esses sentimentos ignorados enraizam-se em nosso interior e nos impedem de viver a reconciliação. Sobretudo, reconciliar-se significa esclarecer os sentimentos, expressá-los sem ofender e agredir o outro, sem querer saber quem tem razão, e também sem se justicar. Em qualquer comunidade, quando os conflitos e as diferenças são colocadas "embaixo do tapete" aparecem as divisões e as dificuldades para viverem unidas no mesmo propósito. Aí surgem perturbações na comunidade, as pessoas não confiam mais umas nas outras e se tornam apáticas em relação ao que os outros vivem.
A reconciliação é importante para recomeçar um casamento, uma amizade, um relacionamento entre irmãos e para viver a unidade com Deus, consigo mesmo, com os outros e entre os povos.
Que Deus nos abençoe para que sejamos um entre nós e com o Pai e o Filho. Amém!

Marina Adamo

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Voltando ao primeiro amor

Recordo-me claramente daquela noite, quando pela primeira vez participei de um grupo de oração e experimentei os efeitos do amor de Deus em minha vida. Saí do lugar com uma sensação diferente, semelhante a que sentimos quando estamos apaixonados, o mundo parecia ter um colorido especial e apesar dos problemas serem os mesmos, já não tinham tanto peso. Não sei explicar ao certo o que aconteceu, mas passei por uma profunda mudança interior. De imediato, comecei a empenhar-me para que cada vez mais pessoas pudessem experimentar a mesma graça e, desde então, grande parte de minha vida é empenhada nesse objetivo. Sou feliz vivendo assim e realizo-me ao perceber que, por intermédio do meu ninistério, Deus chega ao coração de tantos dia a dia.Porém, partilho com você uma experiência desconcertante que vivi dias atrás enquanto fazia o estudo diário da Palavra.
Em Apocalipse 2, 10 o Senhor diz: "Conheço as tuas obras e o teu trabalho... sofreste, e tens paciência; trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste. Porém tenho contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e volta [...]".
Levei um susto ao perceber que Deus falava diretamente comigo naquele trecho da Sagrada Escritura e tenho rezado pedindo a graça de um reavivamento interior. Então, com este propósito, comecei a ler e a refletir a respeito da perseverança. Foi quando encontrei a seguinte história: "Conta-se que um religioso, nos primeiros cinco anos de seu ministério, manteve um quadro em sua escrivaninha que dizia: 'Ganhe o mundo para Cristo'. Nos cinco anos seguintes, trocou o quadro para: 'Ganhe um ou dois para Cristo'. Depois dos primeiros dez anos de seu ministério, o quadro de sua escrivaninha dizia: 'Tente não perder muitos'. Até que um dia enquanto organizava seu armário encontrou o primeiro quadro e ficou surpreso ao perceber o quanto havia se afastado da meta, fez uma revisão de vida e voltou a colocar o primeiro quadro de volta em sua escrivaninha."
É só uma história, mas nos leva a pensar em nossos propósitos de vida cristã e nos propõe recomeçar. Fico pensando, enquanto escrevo, nas vezes em que me comprometi diante de Deus, e a partir de coisas simples, levada por inúmeras situações, acabei por me esquecer.
Pense agora nas vezes em que você afirmou, por exemplo: "Eu nunca mais faço isso!" Ou ainda: "Daqui para frente vou agir diferente"... Conseguiu cumprir o propósito? A resposta nem sempre é positiva, ou seja: falta-nos perseverança. E esse é um dos graves problemas que afetam nossa geração. Somos constantemente estimulados a buscar o prático, o imediato e o fácil. Tudo que nos custa sacrifício, tendemos a rejeitar. Desde esperar um pouco mais na fila do banco até cultivar uma planta ou lavar uma roupa à mão, escrever uma carta, etc.
A perseverança é uma das mais belas e exigentes virtudes encontradas na vida cristã, é considerada a base para alcançar as vitórias. Aliás, acredito que o motivo de encontrarmos tantas pessoas infelizes, frustradas e desmotivadas, em nossos dias, está ligado também à falta dessa virtude [perseverança]. Quem não lutou por conquistar algo, não tem muito o que comemorar.O problema é que quem deseja perseverar, deve saber que precisa renunciar algumas coisas. O atleta que pretende perseverar na carreira, certamente vai ter de renunciar ao grande consumo de chocolate, por exemplo. O cristão, por sua vez, se deseja perseverar em sua "carreira", deve renunciar a tudo que o impede de viver dignamente como filho amado de Deus, inclusive quando se trata de relacionamentos.
Não é tarefa fácil, a renúncia sempre causa dor, mas só se alcança a vitória lutando por ela.
Continuando a ler a passagem em Apocalipse 2, encontramos no versículo 13 o seguinte: "Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida." Ou seja, persevere que vale a pena! E tudo isso tem a ver com o primeiro amor, porque sem perseverarmos não conseguiremos manter acesa a chama da caridade em nossa alma, e sem a caridade, nada tem sentido.
Talvez as inúmeras atividades que fomos assumindo tenham nos afastado da meta e de nossos primeiros propósitos, mas Deus nos oferece a chance de recomeçar. E este é o momento! Lembrando que o Senhor está muito mais interessado em nosso coração do que nas obras que realizamos em nome d'Ele. Façamos uma revisão de vida e deixemo-nos conduzir por Seu amor.
Proponho vivermos a experiência daquele religioso da história. Vamos organizar nosso "armário interior" e procurar o quadro onde nosso primeiro propósito está escrito. Quando o encontrarmos, tenhamos a coragem de colocá-lo de volta na nossa "escrivaninha" e retomemos, com coragem, nosso propósito inicial. Se dermos os primeiros passos com decisão o Senhor nos ajudará a perseverarmos.

Dijanira Silva

Todos precisam ser iluminados por Jesus

Para mim, o ponto mais alto do Evangelho é o capítulo 1, 1-18 de São João, e o ápice é, justamente, o versículo 9, que diz: "Daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano". Que ilumina você, meu irmão, e precisa iluminar seu pai, sua mãe, seu avô, sua avó, enfim, todos precisam ser iluminados por essa luz, que é Jesus. Eles precisam conhecer e acolher Jesus. Não basta que eles sejam velhinhos "bonzinhos". Não! Nós estamos falando de vida eterna, por isso é preciso que acertem a vida com Deus, pois há muitos velhinhos "transviados", que viveram uma vida longe de Deus e com muitos erros, por isso precisam voltar, porque Cristo é a única luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Eles precisam se confessar.Deus não é injusto, pelo contrário, é justo, por isso não entra nada impuro no céu. Jesus, ao morrer na cruz, pelo Seu Sangue, pagou as dívidas de seu pai, sua mãe, seu avô, sua avó, mas eles precisam acolhê-Lo. Não é pela "nossa bondade" que nos salvamos, mas somente em Cristo Jesus. Leve a salvação para as pessoas da sua casa. Assim elas poderão encontrar a vida eterna. Seu filho e sua filha precisam da luz de Jesus Cristo. Não se angustie, talvez eles nem queiram ouvi-lo, mas reze e seja de Cristo, viva a vida do Evangelho. Não seja um cristão que leva a vida na "barriga", mas ponha essa graça dentro da sua casa, reze e seja um bom cristão. Marido e mulher precisam fazer a mesma coisa: a mulher rezar pelo marido. Mas ela não pode ficar "jogando na cara" dele tudo o que ele fez de errado, porque ele vai continuar ainda mais fechado. Eu sei que é muito duro, mas Cristo diz que devemos amar nossos inimigos, então, ame seu marido a ponto de levá-lo para o céu. Você recebeu do Senhor o encargo de levar esse homem para o céu enquanto for viva e ele também tem esse mesmo encargo em relação a você mulher. É uma responsabilidade que Deus deu a vocês desde que se tornaram uma só carne. Deus confiou a você homem a salvação da sua esposa; por isso, você precisa mudar de vida. Se você é bom e sua esposa é ranzinza, alcoólatra, viciada no jogo ou tantas outras coisas; se ela é desmiolada por influência das novelas, amigas, faculdade e você vê que ela está se perdendo, aguente firme, meu filho! Reze, porque, pelo "fermento" que você leva ao seu casamento, você irá levá-la para o céu. E você, filho, mesmo que você tenha mágoa de seu pai, revolta contra sua mãe por coisas acontecidas, Deus confiou a salvação deles a você. Se for preciso de "guindaste" para resgatar seus pais, ponha-se de joelhos no chão e os traga de volta a Deus Pai. Deixe-se transformar para que você seja, na sua casa, "fermento". Deus lhe deu a responsabilidade de arrastar seus pais para a salvação. "A Palavra estava no mundo e o mundo foi feito por meio dela, mas ele não quis conhecê-la. Veio para o que era seu e os seus não a acolheram. Mas, a todos os que a receberam, deu-lhes capacidade de se tornar filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em Seu nome, pois estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus mesmo" (João 1,10-12). Não fique pensando que você é filho de Deus porque é criatura. Os passarinhos, as borboletas, os cachorrinhos também são criaturas, mas não filhos de Deus [como nós o somos]. Mas, infelizmente, há muitos que estão entre os passarinhos e cachorrinhos, porque são, simplesmente, criaturas e não se tornaram filhos do Pai, não vivem como filhos d'Ele, não assumiram seu batismo. Por isso, a importância do "novo nascimento", pois o Senhor nos ensina: "Na verdade eu te digo: 'quem não nascer do alto, não pode ver o reino de Deus'" (João 3, 3). Esta é a grande verdade: o Pai está amando e o Filho derramando Seu Espírito Santo sobre todos nós.

Monsenhor Jonas Abib

O Bem Absoluto

A criatura humana tem em si a capacidade de reconhecer o Bem Absoluto, que é Deus, como um bem, mas, muitas vezes, não reconhece os bens relativos ou terrenos nos seus aspectos positivos e negativos. Quando se torna escravo da liberdade anticristã, o homem se esquece de que estes bens são atraentes sob alguns aspectos, mas todos são insuficientes para saciar a necessidade que temos do Bem Infinito, que é Deus.
E, quando o homem não reconhece a transitoriedade dos bens terrenos, torna-se escravo do própria natureza, rebaixando-se a si mesmo, sem conseguir vislumbrar a quão alta vida Deus o chamou. Condicionado por fatores internos, como traumas, enfermidades, complexos, ou por fatores externos como a propaganda, por exemplo, ele pode, de certa forma, diminuir ou até extinguir sua própria liberdade de arbítrio, enquanto pensa que está caminhando para a liberdade, está em plena escravidão de si e das ideias deste mundo, rumo à autodestruição.
Infelizmente, muitos fazem depender sua escolha dos costumes, das circunstâncias que estão atravessando ou das opiniões das pessoas com quem convivem. Estes fatores, embora não tirem a liberdade de escolha do homem, restringem a capacidade de reconhecer o que é realmente bom. Outros se tornam escravos da própria razão, deixando de se abrir à novidade do CHAMADO PESSOAL de Deus para si. Há ainda os que fazem suas opções seguindo seus sentidos superficiais (estéticos, afetivos, ideológicos, etc.), esquecidos de que a felicidade do homem não está condicionada a estes valores efêmeros, como toda realidade visível, mas na realização do fim supremo para o qual veio ao mundo.
Se tivesse se deixado aprisionar por sua própria natureza, pelos costumes ou pela lógica, o Profeta Abraão jamais teria deixado sua terra, seu povo e encontrado a plenitude de sua vida. Assim também os outros Profetas, Juízes, Reis, Nossa Senhora, os Apóstolos, Paulo e todo o povo das Sagradas Escrituras resumiriam sua existência à do Jovem Rico da Bíblia, que não quis conhecer e viver a vontade de Deus para si.
O ser humano foi feito para ultrapassar a si mesmo, sua natureza, seus sentimentos, e sua razão em busca de Deus. Quem sufoca em si ou nos outros essa tendência, de alguma forma, mutila a natureza humana.

Comunidade Nova Vida

domingo, 26 de dezembro de 2010

Por que o Verbo se fez carne?

Deus se fez homem e veio morar conosco; dignou-se assumir a nossa humanidade para nos resgatar do pecado e da morte. O Infinito se fez finito; o Forte se fez fraco, o Imortal se revestiu de nossa mortalidade. É o maior acontecimento da História da humanidade; mas infelizmente muitos a desconhecem; e outros, pior ainda, a deprezam e zombam dela.A Encarnação do Verbo, Filho de Deus, não significa que Jesus Cristo seja em parte Deus e em parte homem, nem que ele seja uma mistura do divino com o humano. Ele é verdadeiramente homem permanecendo verdadeiro Deus. Ele assimiu a natureza humana sem perder a divindade. São João Crisóstomo (†407), o grande santo doutor da Igreja, mártir patriarca de Constantinopla, rezava:"Ó Filho Único e Verbo de Deus, sendo imortal, vos dignastes por nossa salvação encarnar-vos da Santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, vós que sem mudança vos tomastes homem e fostes crucificado, ó Cristo Deus, que por vossa morte esmagastes a morte, sois Um da Santíssima Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salvai-nos!".A liturgia do Advento diz que “Ele veio uma primeira vez revestido de nossa fragilidade para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos”.O Verbo se fez carne para “tornar-nos participantes da vida divina” (2Pe 1,4).Santo Irineu (†202) disse:"Pois esta é a razão pela qual o Verbo se fez homem, e o Filho de Deus, Filho do homem: é para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo, assim, a filiação divina, se torne filho de Deus". (Adv. haer. 3, 19,1)O Verbo se fez carne para a nossa salvação.O Credo niceno-constantinopolitano, confessa:"E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem" .O grande santo e Padre da Igreja, São Gregório de Nissa, do século IV, expressou bem:“Doente, nossa natureza precisava ser curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada. Havíamos perdido a posse do bem, era preciso no-la restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso trazer-nos à luz; cativos, esperávamos um salvador; prisioneiros, um socorro; escravos, um libertador. Essas razões eram sem importância? Não eram tais que comoveriam a Deus a ponto de fazê-lo descer até nossa natureza humana para visita-la, uma vez que a humanidade se encontrava em um estado tão miserável e tão infeliz?” (Cat. §457)"Foi Ele que nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima de expiação por nossos pecados" (1Jo 4,10). "O Pai enviou seu Filho como o Salvador do mundo" (1Jo 4,14). "Este apareceu para tirar os pecados" (1Jo 3,5).A Carta aos Hebreus fala deste mistério profundo; sacrifícios de animais, e mesmo de um simples homem, não poderia salvar a humanidade; então o Verbo se fez homem.“Por isso, ao entrar no mundo, ele afirmou: Não quiseste sacrifício e oferenda. Tu, porém, formaste-me um corpo. Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não foram de teu agrado. Por isso eu digo: Eis-me aqui... para fazer a tua vontade”. (Hb 10,5-7; Sl 40,7-9)”O Verbo se fez carne para que conhecêssemos o amor de Deus."Nisto manifestou-se o amor de Deus por nós: Deus enviou seu Filho Único ao mundo para que vivamos por Ele" (1 Jo 4,9). "Pois Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho Único, a fim de que todo o que crer nele não pereça, mas tenha a Vida Eterna" (Jo 3,16).O Verbo se fez carne para ser nosso modelo de santidade."Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim..." (Mt 11,29). "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai a não ser por mim" (Jo 14,6). E o Pai, no monte da Transfiguração, ordena: "Ouvi-o" (Mc 9,7). Jesus é o modelo e a norma da Nova Lei: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12).A fé na Encarnação do Filho de Deus é a marca fundamental da fé cristã. São João disse:“Quem é mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse é o Anticristo, que nega o Pai e o Filho” (1Jo 2, 22) “Todo espírito que não proclama Jesus esse não é de Deus, mas é o espírito do Anticristo de cuja vinda tendes ouvido, e já está agora no mundo”. (1 Jo 4,3).

Felipe Aquino

Festa de Santo Amaro de Ipitanga

A Paróquia Santo Amaro de Ipitanga presta homenagens a seu padroeiro. Como preparação para o dia festivo, os fies participam de um novenário, de 6 a 14 de janeiro, à noite, e refletem sobre o tema “Igreja, povo de Deus em missão: a alegria de sermos discípulos de Cristo”.
A festa no dia 15 de janeiro é marcada por uma Missa Solene, às 9h, presidida pelo Cardeal Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella Agnelo, homenageando os paroquianos santamarinenses e seus representantes públicos. Mais tarde, às 15h há a procissão com a venerável imagem de Santo Amaro de Ipitanga, saindo do Final de Linha do Centro até a Igreja Matriz. Em seguida, todos recebem a Benção Solene do Santíssimo Sacramento.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Por benefícios à saúde, grupo incentiva cantoria de Natal

Talvez não pareça, mas o canto é uma forma de exercício, ainda que bastante leve.
Ao encher os pulmões de ar, aumenta-se o ritmo cardíaco e o fluxo de sangue pelo corpo, o que é benéfico à saúde.
Nos últimos anos, o grupo Heart Research UK tem feito uma campanha de Natal com o objetivo de incentivar as pessoas a cantar. A campanha “Sing for your heart” organiza corais em cidades britânicas durante o mês de dezembro.
A atividade é simples e de cunho social, diz um membro do grupo, Barbara Dinsdale.
“Como atividade aeróbica, o canto melhora a saúde do coração e está relacionado à longevidade, à redução do estresse e à saúde em geral”, afirma Dinsdale.
“E o canto também traz felicidade. É impossível cantar bem com uma cara triste, porque isso afetaria o seu tom. Manter-se positivo é essencial. Se sorrimos enquanto cantamos, logo sentimos os benefícios em mais de uma maneira.”
Por fim, há a adrenalina envolvida em uma apresentação – uma sensação comum tanto para cantores profissionais como para qualquer um corajoso o suficiente para enfrentar o microfone diante de amigos num bar.

As mulheres que acompanharam Cristo em toda sua trajetória

Os homens dominam a história do cristianismo. A começar por Deus, o Pai, onipresente e onipotente, criador e não criadora, passando pelos 12 apóstolos, que não incluíam uma mulher sequer, e culminando com Jesus, Filho e não filha. Curiosamente, porém, são as mulheres que não só participaram, como protagonizaram boa parte dos momentos cruciais da vida de Cristo. Da concepção à crucificação, enquanto homens traíam ou fingiam não conhecer o Messias, elas não se acovardaram diante das dificuldades. Mas quem são essas mulheres e por que elas são importantes? E como, hoje, as cristãs batalham para encontrar mais espaço dentro da Igreja? Com a leitura dos Evangelhos como relatos simbólicos aliada ao estudo histórico do tempo de Cristo, é possível resgatar o protagonismo de algumas mulheres na vida de Jesus. “Cada época lê os Evangelhos de uma maneira”, resume Stephen Binz, biblista formado pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, e autor do livro “Mulheres nos Evangelhos: Amigas e Discípulas de Jesus”, a ser publicado nos Estados Unidos em janeiro de 2011. “E as verdades e conclusões tiradas do texto derivam da vida e das prioridades de quem o lê.”
A visão feminina do Novo Testamento sempre existiu, mas o estudo sistematizado com vistas às revisões do papel da mulher na vida e no legado de Jesus é mais recente. O que se convencionou chamar de teologia feminista nasceu com os movimentos pelos direitos das mulheres nos anos 60, quase dois mil anos depois da reunião dos textos que compõem a segunda parte da Bíblia. “Prevaleciam, e ainda prevalecem, em muitos lugares interpretações dos textos que justificavam a subjugação da mulher”, conta Yury Puello Orozco, teóloga feminista do departamento de Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Às perguntas que buscavam a justificação da existência do mal, por exemplo, convencionou-se afirmar que a culpa era da mulher, que, na figura de Eva, no Antigo Testamento, cedeu às tentações do diabo e comeu o fruto da árvore proibida. “Se as mulheres eram fracas e sugestionáveis como alguns dizem, por que foram elas as testemunhas de momentos-chave do cristianismo, como a morte e a ressurreição de Cristo?”, questiona Yury. “Os apóstolos, na hora do aperto, foram incrédulos e fugiram, enquanto as mulheres permaneceram ao pé da cruz”, lembra. Uma das que continuaram lá, firme e forte, foi Maria de Nazaré, a mãe de Jesus, reconhecida como a figura feminina mais importante na vida de Cristo. Não só por estar ali, em um dos momentos de maior aflição do filho que era dela e de Deus, mas por toda sua história ao lado do Messias. “Ela não foi só mãe carnal, foi mãe moral e psicológica”, lembra frei Clodovis Boff, teólogo, filósofo e mariólogo com formação pela Universidade Católica de Leuven, na Bélgica. Segundo Boff, um dos documentos publicados ao final do Concílio Vaticano II (1962-65), o famoso encontro de bispos do mundo inteiro que soprou ventos de modernidade na Igreja, sintetiza bem a natureza excepcional da devoção de Maria. “Diz-se que ela foi uma mulher que peregrinou na penumbra da fé”, afirma o teólogo. Mesmo sem compreender tudo que seu filho dizia e fazia, ela acreditou na palavra de Deus e seguiu dando espaço para que Jesus passasse sua mensagem. “A proposta de Cristo era uma coisa misteriosa, chocou todo mundo e a ela também, mas ainda assim ela o acolheu”, explica.
São muitos os momentos na vida de Nossa Senhora que mostram extrema confiança no projeto divino, mas alguns merecem destaque. Um deles é a anunciação, quando o anjo Gabriel conta a Maria, virgem e noiva de José, que ela conceberia um bebê mantendo-se casta e que esta criança, que deveria se chamar Jesus, reinaria para sempre como Filho do Altíssimo. Diante da grandeza do que foi dito, Maria, embora assustada, aceitou o anúncio como a vontade de Deus e se colocou à disposição do projeto. É difícil imaginar o peso que essa mulher aceitou carregar. Jovem, pobre e prometida em casamento, ela estava grávida em um mundo onde a mulher adúltera – e essa suspeita recaiu sobre ela – era condenada publicamente à morte por apedrejamento. “E ela não assume esse papel como uma testemunha passiva da vontade divina”, lembra Luiz Alexandre Solano Rossi, pós-doutor em teologia e em história antiga. “Maria vive a missão ativamente e trabalha para que ela dê certo.” Para Rossi, a visita de Maria à prima, também grávida, por intercessão divina, Isabel, no sexto mês de sua gestação, é exemplo claro da disposição da mãe de Cristo em participar do projeto de Deus e não apenas acompanhá-lo como espectadora. “É um prenúncio do protagonismo que ela terá na vida do filho”, afirma. A visita também tem um papel simbólico que fará de Isabel outra mulher importante na vida de Jesus, embora não se saiba se eles se conheceram pessoalmente. Foi no encontro com Maria que Isabel confirmou o projeto de Deus à prima ao anunciá-la como bendita entre as mulheres, além de bendizer o fruto de seu ventre. Para alguns exegetas bíblicos, estudiosos que esmiúçam o que diz o livro sagrado católico, a visita tem forte valor simbólico. Isabel, idosa e estéril, mas grávida de João Batista, representaria o passado que abre caminho e dá as boas-vindas ao novo, que é Maria, jovem e grávida de Jesus. “Entre os tradicionais e partidários mais radicais do judaismo, há quem diga que o Messias, na realidade, seria João Batista e não Jesus, já que o vínculo com o passado judaico do primeiro é mais forte que o do segundo”, afirma Rafael Rodrigues da Silva, professor de teologia da PUC-SP.
Voçê pode ler a reportagem completa no:
http://www.istoe.com.br/reportagens/116637_AS+MULHERES+DA+VIDA+DE+JESUS+PARTE+1?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

Chave do nosso dia e ferrolho da nossa noite

Não é fácil ter uma vida pura. Seja humilde diante de Deus, para que você não seja tentado além de suas forças. É duro o combate pela castidade, e mesmo aqueles que já progrediram muito em sua conquista precisam ter cuidado para não perdê-la novamente. Para isso, há uma dica: Que a oração seja a chave para abrir o seu dia e o ferrolho para guardá-lo à noite.
Bem cedinho é o melhor momento para estar a sós com Deus. Em francês, cedinho é traduzido como bonne heure, que literalmente seria “a hora boa”. Deus, nesta hora, está nos esperando para o café da manhã. Ele já tem a mesa preparada com uma comida sagrada que nos dará força para vencer todos os obstáculos do dia.
O começo do dia é a hora boa, porque eu posso dar a Deus o melhor de mim, pois estou descansado e ainda não fui contagiado pelo ativismo, desencontros e frustrações. Durante o meu sono, uma página da minha vida foi virada, e agora tenho diante de mim uma outra novinha, toda em branco, que poderei entregar a Deus para que escreva nela a história daquele dia.
Não há pessoa tão sábia e feliz como aquela que, logo pela manhã, consagra a Deus seu dia e todo o seu ser. Não há vitória maior do que a do homem que começa seu dia combatendo de joelhos em oração. Protegida está a pessoa que, antes de receber os raios do sol, já recebeu os raios de Deus.
Podemos pedir ao Senhor esta graça: “Meu Senhor, eu quero, já bem cedo, te encontrar! Nem preguiça, nem desânimo, nem sonolência, nem torpor poderão me impedir de te encontrar na hora boa. Ao céu, sobe-se de joelhos, e é assim que eu estarei depois de despertar. Sei que o Senhor mesmo me despertará e virá ao meu encontro, que me abraçará no meio da oração; e todo o meu dia será bom porque o Senhor me dará força, iluminará a minha mente e alegrará meu coração. Tudo isso porque te encontrei na hora boa, bem cedinho”.
Eu aprendi que, se, no começo do dia, não me prostrar diante de Deus, serei prostrado pela agitação e pelos aborrecimentos que são motivos de perturbação.
Eu aprendi que só Deus pode comunicar a força e a bondade que me capacita para amar, suportar e vencer. Aprendi que se der a Ele o melhor do meu dia, Ele fará o meu dia muito melhor.
Portanto, é preciso correr, logo pela manhã, e garantir nossa opção pelo Senhor, enchendo nossos pensamentos de suas santas inspirações, antes que venha o inimigo plantar o joio das preocupações e dos pensamentos sensuais. Que no começo do dia não desperte apenas o nosso corpo, mas também a nossa alma:
“Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará! Vigiai, pois, com cuidado sobre a vossa conduta: que ela não seja conduta de insensatos, mas de sábios que aproveitam ciosamente o tempo, pois os dias são maus. Não sejais imprudentes, mas procurai compreender qual seja a vontade de Deus” (Ef 5,14-16).

Márcio Mendes

Na Escola de Deus

Nós ainda conseguimos nos lembrar dos estímulos utilizados pelos nossos pais, para que pudéssemos alcançar os progressos necessários à nossa vida. Quantos de nós fomos encorajados para que pudéssemos 'passar de ano', muitas vezes, estimulado pela promessa de uma bicicleta? O desejo de se conquistar a realização daquela promessa, fazia com que nos empenhássemos com mais afinco em nossa missão de estudante. Podemos perceber hoje, que as táticas utilizadas pelos nossos pais, muito se assemelham àquelas utilizadas por Deus desde a origem dos tempos.
Com o nosso amadurecimento, tomamos conhecimento das Promessas de Deus para a nossa vida. Sabemos da sua importância, bem como das suas benesses, e esperamos o cumprimento de cada uma delas. Entretanto, como foi necessário nosso esforço quando éramos ainda pequenos estudantes; Deus também vem nos estimular, desejando que você e eu, buscando alcançar a 'coroa da vitória', empenhemo-nos a vencer as barreiras que se levantam em nossos caminhos rumo à plenitude dos tempos.
Assim como, permaneciam as promessas da bicicleta, dependendo de nós para que estas fossem cumpridas, as mesmas promessas que Deus fizera a Abraão, a Isaac, a Jacó continuam sendo válidas também para nós, hoje. Deus quer que a nossa posteridade também seja incontável como as estrelas do céu, e que os nossos filhos sejam como brotos de oliveira. Mas, para que isso aconteça, é preciso que nós tenhamos consciência que tudo isso depende - apenas de nós mesmos auxiliados pela força do Espírito Santo, e dos consolos de Nossa Senhora .
Exercita-se na piedade. Se o exercício corporal traz algum pequeno proveito, a piedade, esta sim, é útil para tudo, porque tem a promessa da vida presente e da futura. (I Timóteo 4,8)
Como alunos aplicados e obedientes, coloquemo-nos como verdadeiros guerreiros da Escola de Deus!
Deus abençoe a sua casa.

Dado Moura

O Natal do Senhor é o Natal da paz

Enquanto adoramos o nascimento de Nosso Salvador, celebramos também o nosso nascimento. Efetivamente, a geração de Cristo é a origem do povo cristão, o Natal da Cabeça é também o Natal do Corpo. Embora cada um tenha sido chamado num momento determinado para fazer parte do povo do Senhor, e todos os filhos da Igreja sejam diversos na sucessão dos tempos, a totalidade dos fiéis, saída da fonte batismal, crucificada com Cristo na Sua Paixão, ressuscitada na Sua Ressurreição e colocada à direita do Pai na sua Ascensão, também nasceu com ele neste Natal.
Todo homem que, em qualquer parte do mundo, acredita e é regenerado em Cristo, liberta-se do vínculo do pecado original e, renascendo, torna-se um homem novo. Já não pertence à descendência de seu pai segundo a carne, mas à linhagem do Salvador, que se fez Filho do homem para que nós pudéssemos ser filhos de Deus. Se Ele tivesse descido até nós na humanidade da natureza humana, ninguém poderia, por seus próprios méritos, chegar até Ele.Por isso, a grandeza desse dom exige de nós uma reverência digna de seu valor. Pois, como nos ensina o apóstolo Paulo, nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos os dons da graça que Deus nos concedeu (cf. I Cor 2,12). O único modo de honrar dignamente o Senhor é oferecendo-Lhe o que Ele mesmo nos deu.Ora, no tesouro das liberalidades de Deus, o que podemos encontrar de mais próprio para celebrar esta festa do que a paz, anunciada pelo canto dos anjos em primeiro lugar no nascimento do Senhor? É a paz que gera os filhos de Deus e alimenta o amor; ela é a mãe da unidade, o repouso dos bem-aventurados e a morada da eternidade; sua função própria e seu benefício especial é unir a Deus os que ela separa do mundo.Assim, aqueles que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas do próprio Deus (cf. Jo 1,13), ofereçam ao Pai a concórdia dos filhos que amam a paz, e todos os membros da família adotiva de Deus se encontrem n'Aquele que é o Primogênito da nova criação, que não veio para fazer a Sua vontade d'Aquele que O enviou. Pois a graça do Pai não adotou como herdeiros pessoas que vivem separadas pela discórdia ou oposição, mas unidas nos mesmos sentimentos e no mesmo amor. É preciso que tenham um coração unânime os que foram recriados segundo a mesma imagem.O Natal do Senhor é o Natal da paz. Como diz o apóstolo dos gentios, Cristo é a nossa paz, Ele que de dois povos fez um só (cf. Ef 2,14); judeus ou gentios, em um só Espírito, temos acesso junto ao Pai (cf. Ef 2,18).

Felipe Aquino

Tenho confiado em Deus ou em mim mesmo?

É feliz quem na vida apreende com tudo o que ela proporciona, e quem consegue perceber nos fatos, nas alegrias e nas decepções realidades que acrescentem positivamente ao próprio universo de compreensão a respeito da existência. Em algumas situações parece que a vida nos "puxa o tapete", quando vemos nossos sonhos e tudo o que construímos desmoronar. Tais situações podem nos ensinar muito, nos levando a compreender a vida de maneira mais autêntica e acompanhada por Deus.
Muitas vezes, sentimos "sumir nosso chão" quando algo que desejávamos muito nos é tirado, e quando o que queríamos não acontece; porém, diante de tais situações é preciso que o coração questione se, de fato, a realidade com a qual sonhávamos era o melhor para nós.É difícil ver nossos projetos desmoronarem, mas esses são momentos privilegiados para constatarmos se esses eram verdadeiramente os sonhos de Deus para nós.
Deus sabe o que é melhor para nós, Ele consegue enxergar além do que conseguimos compreender, e quando entregamos a Ele as rédeas de nossa vida Sua ação se faz real em tudo e através de tudo, nos retirando de caminhos tortuosos e nos conduzindo pela estrada certa, mesmo quando não somos capazes de perceber.Muitas vezes, construímos nossa história e pautamos nossas escolhas em ideais puramente nossos, nos amparando somente naquilo que são nossas convicções pessoais, sem submeter a Deus nossa vontade. Agindo assim corremos o risco de viver constantemente frustrados, em virtude de termos confiado em nossas próprias forças e não n'Aquele que verdadeiramente sabe do que precisamos. Deus nos conhece melhor que nós mesmos; Ele sabe o que, de fato, nos realizará em nossa essência.
O Cristianismo é um território onde a confiança se estabelece como "necessidade", pois nem sempre é possível caminhar amparados pelas certezas nas quais desejaríamos ancorar nossa história.
A certeza que precisa ancorar nossos passos é aquela que brota confiança no Deus que cuida de nós e que sempre tem o melhor para nós, mesmo quando tudo parece escuro.
Deus sempre está agindo, nos moldando e nos fazendo melhores. É preciso que confiemos n'Ele e em Sua maneira de agir, e não somente em nossas potencialidades e convicções.
Deus tem o melhor para nós, Ele sempre tem... É preciso confiar e permitir que Ele conduza todas as coisas, pois Ele sabe o que é o melhor.

Adriano Zandoná

Não importa saber somente que Deus existe

Não importa saber que Deus existe, importa saber que Ele é amor (dizia um filósofo). Quando penso nessa afirmação, quase ouço São Tiago dizendo: "Crês que há um só Deus? Fazes bem! Pois até os demônios creem e tremem".
O que Deus quer conosco é um relacionamento íntimo, pessoal, de pai para filho, de amigo para amigo; não só que acreditamos em Sua existência; visto que esta é definição de pagão: sabendo que Deus existe vivem como se Ele não existisse; esquecem-se dele, colocam-no em segundo lugar.
Deus ama você e quer ser amado por você! Ele o ama de verdade, está atento à sua vida, sabe de seus sofrimentos, conhece os seus segredos; o que você nunca contou a ninguém, Ele sabe, e é assim que o ama, aceitando-o como você é.
Deus nos cerca de cuidados, com certeza, Ele protege você!
Certo dia voltávamos para Cachoeira Paulista (SP), de uma missão em Valinhos (SP), o carro estava na velocidade permitida na Rodovia Dutra (110 km/h), quando, de repente, o volante começou a trepidar, a motorista tentou estabilizar o automóvel, mas a trepidação era cada vez maior; jogamos o carro para o acostamento e, por "coincidência", já era a entrada para um posto de gasolina.
Quando saltamos do veículo, qual não foi a nossa surpresa? A roda dianteira esquerda tinha perdido os três parafusos na estrada e o último que restava estava em sua última volta. Se aquele parafuso tivesse soltado, na velocidade em que estávamos, talvez estivéssemos capotando até hoje!
Mas o que me assusta não é aquele parafuso ter ficado ali, nem os outros três que soltaram... o que me assusta são as expressões que escutei "Nossa! Que sorte"! ou "Que coincidência! Vocês pararam na hora certa"!
Eu não tenho dúvidas de que a mão poderosa de Deus Pai preservou nossa vida e nos salvou da morte naquela noite. Não foi sorte, foi Deus! Não foi coincidência, mas o Seu amor que nos livrou!
Deus fez o que fez, não porque existe, mas porque me ama. Ele cuidou de mim e está cuidando de você neste momento.
Quando recolocamos a roda do carro no lugar havia uma só palavra em nossos lábios: "Graças a Deus! Como o Senhor é bom!"
Ainda que o mundo todo diga o contrário, ainda que os fatos atestem em desfavor, saiba que o Senhor não esqueceu você e que neste momento Ele o abraça e o protege! Alguns, porém, perguntam: "Por que tantas pessoas são atingidas por males, acidentes e desgraças? Por que tantos não experimentam esta proteção?" Poderia Ele ter se virado ou abandonado você? A resposta é "não". Podemos pensar que o Senhor não estivesse conosco em determinadas situações, mas Ele estava ao nosso lado, sim, vivendo conosco cada momento.

Márcio Mendes

Quando o inesperado bate à nossa porta

No nosso cotidiano, envolvidos nas tarefas e nas situações do dia a dia, sempre nos esquecemos de algumas coisas básicas, até depararmos com o inesperado. Muitas vezes, nós nos envolvemos tanto com as tarefas que acabamos nos esquecendo de Deus, dos irmãos e de que nossa vida aqui é finita. Vivemos como se o nosso tempo aqui fosse infinito; e assim, perdemos tempo. Deixamos de amar aqueles que nos cercam.
A finitude do nosso tempo faz com que nos esforcemos para aproveitar o tempo de vida de que dispomos e não deixemos passar em vão ocasiões e momentos irrepetíveis. Cada minuto de nossa vida, ao lado das pessoas que conhecemos e amamos, é único e precisa ser aproveitado com toda a intensidade. Cada encontro com o outro é uma oportunidade que não volta a se repetir.
Em 2002, vivi a experiência do inesperado bater à minha porta, quando meu irmão sofreu um grave acidente de carro e, em fevereiro de 2004, foi para junto de Deus. No ano do acidente, posso dizer que tive a graça de aproveitar breves momentos, intensamente.
Ele morava em Araguaína (TO) e eu estava na missão de Natal (RN). Ele foi para casa em férias no final de ano, mas devido à missão eu não pude ir. Como somos pernambucanos ele estava a poucas horas da cidade onde eu estava, na hora de voltar para sua cidade, ele mudou a rota e passou, em plena madrugada, na minha casa, para matarmos um pouco a saudade. Essa foi a última vez que vi o meu irmão com vida. Foram poucos minutos, mas vividos com intensidade, vividos como únicos e irrepetíveis.
Hoje, compreendo que a consciência de nossa finitude nos dá oportunidade para concentrarmos a atenção no essencial. Dá-nos oportunidade de entendermos que cada pessoa é única e irrepetível. Ensina-nos a não pararmos nas diferenças, mas olharmos a individualidade de cada um como riqueza. Ensina-nos a sairmos de nós mesmos para servir o outro, para amar o outro. Ensina-nos a viver cada momento que vivemos como únicos. Dessa forma, conseguimos viver o tempo presente como ele deve ser vivido: colocando nossas preocupações em Deus e nos concentrando na essência da vida: Amar e Servir. Precisamos aprender a viver intensamente cada momento. Aprender a não nos deixarmos levar pelas tarefas e atividades do cotidiano, de forma a não deixarmos passar em vão os momentos de encontro com o outro, e a não deixarmos passar em vão os momentos oportunos para amar.

Manuela Melo

Libertando-se dos enganos da aparência

É impressionante a capacidade que o ser humano tem de, em certas situações, tecer julgamentos ancorados apenas na aparência e, assim, destituídos de inteireza. Temos a esquizofrênica tendência a, muitas vezes, definir e conceituar a realidade a partir daquilo que nos sinalizam as aparências, estacionando, dessa forma, na exterioridade e não conhecendo as pessoas em seu íntimo e intenções profundas.
Quem julga a partir de aparências correrá o sério risco de cometer inúmeras injustiças, oprimindo aqueles que, porventura, não se encaixem em seus embalsamados padrões de perfeição.
Quem é realmente maduro não toma decisões a partir de simpatias ou antipatias, nem motivado por aparências. Estas – simpatias e antipatias – são realidades comuns a todo processo relacional, contudo, elas não podem se estabelecer como parâmetro para decisões e julgamentos acerca de pessoas.
Muitas vezes, quem não se aliena para nos agradar/bajular ao máximo grau, acaba sendo descartado por nossa carente e imatura maneira de absorver a vida e as pessoas.
As pessoas são muito mais do que imaginamos que sejam, e não temos o direito de as aprisionar na impressão que delas tivemos.
Vivemos em uma sociedade que nos ensina a desconfiar constantemente de todos e a nunca acreditar em ninguém. Entretanto, se faz necessário acreditar nas pessoas sem exigir que sejam o que queremos, e tendo a caridade de as deixar apenas acontecer...
Precisamos acreditar que todo ser humano quer verdadeiramente acertar em sua história. Ninguém erra porque quer, ninguém elege a infelicidade como projeto de vida. Todo ser humano quer ser feliz na vida, mesmo quando busca isso sem o devido êxito. Por isso, é necessário sermos mais misericordiosos com nossos semelhentes buscando enxergar além das aparências.
É preciso buscar fazer uma experiência com cada pessoa, antes de a aprisionar em um rótulo infeliz.
É salutar e sinal de humanidade se prender mais ao que as pessoas têm de bom, sem as querer transformar em meras "cópias" daquilo que acreditamos ser o correto.
O combustível para a maturidade e o crescimento de alguém é ser acreditado... mesmo quando a sua aparência e o que ela manifesta não agradar tanto.
Lutemos para nos desprender das armadilhas da imagem e busquemos ver o coração das pessoas, pois, todos têm o direito de tentar... e isso mesmo quando o fruto da tentativa for o erro.
A fragilidade que Jesus mais condenou em Seu tempo não foi tanto o assassinato nem o adultério, mas a hipocrisia. Ele bem conhecia a precariedade de nosso olhar e de nossa compreensão, por isso mesmo nos ensinou como agir diante daqueles que, na aparência, não nos agradarem nem nos bajularem o bastante: "Eu não te condeno. Vá..." (cf. Jo 8,11b).
O Homem de Nazaré sempre acreditou no homem e sempre deu a este uma nova chance para acontecer, mesmo sabendo quem de fato ele é. Aprendamos, pois, com o Seu sublime exemplo.

Adriano Zandoná

sábado, 18 de dezembro de 2010

Conhecer para não errar

O namoro é o tempo de conhecer o outro. Mais por dentro do que por fora. E para conhecer o outro é preciso que ele “ se revele”, se mostre. A recíproca é verdadeira. Saiba que cada um de vocês é um mistério, desconhecido para o outro. E o namoro é o tempo de revelar (= tirar o véu) esse mistério. Cada um veio de uma família diferente, recebeu valores próprios dos pais, foi educado de maneira diferente e viveu experiências próprias, cultivando hábitos e valores distintos. Tudo isso vai ter que ser posto em comum, reciprocamente, para que cada um conheça a “ história” do outro. Há que revelar o mistério.
Se você não se revelar, ele não vai conhecê-la, pois este mistério que é você, é como uma caixa bem fechada e que só tem chave por dentro. É a sua intimidade que vai ser mostrada ao outro, nos limites e na proporção que o relacionamento for aumentando e se firmando. É claro que você não vai mostrar ao seu namorado, no primeiro dia de namoro, todos os seus defeitos. Isto será devagar, na medida que o amor entre ambos se fortalecer. Mas há algo muito importante nesta revelação própria de cada um ao outro: é a verdade e a autenticidade.
Seja autêntico, e não minta. Seja aquilo que você é, sem disfarces e fingimentos mostre ao outro, lentamente, a sua realidade. Não faça jamais como aquele rapaz que, querendo conquistar uma bela garota, garantiu-lhe que o pai tinha um belo carro importado...; mas quando ela foi conferir havia só um velho fusca na garagem.
A mentira destrói tudo, e principalmente o relacionamento.
Mas para que você faça uma boa comunicação de você mesmo é preciso que tenha auto-crítica e auto-aceitação. Só depois é que você pode se revelar claramente. É preciso coragem para fazer esta auto-análise e se conhecer, para se revelar.. Não tenha vergonha da sua realidade, dos seus pais, da sua casa, dos seus irmãos, etc. Se o outro não aceitar a sua realidade, e deixá-la por causa dela, fique tranqüila, esta pessoa não era para você não a amava. Uma qualidade essencial do verdadeiro amor é aceitar a realidade do outro.
O amor pelo outro cresce na medida que você o conhece melhor. Não se ama alguém que não se conhece. Não fique cego diante do outro por causa do brilho da sua beleza, da sua posição social ou do seu dinheiro. Isto impedirá você de conhecê-lo interiormente e verdadeiramente.

Felipe Aquino

Tenho confiado em Deus ou em mim mesmo?

É feliz quem na vida apreende com tudo o que ela proporciona, e quem consegue perceber nos fatos, nas alegrias e nas decepções, realidades que acrescentem positivamente ao próprio universo de compreensão a respeito da existência.
Em algumas situações parece que a vida nos “puxa o tapete”, quando vemos nossos sonhos e tudo o que construímos desmoronar. Tais situações podem nos ensinar muito, nos levando a compreender a vida de maneira mais autêntica e acompanhada por Deus.
Muitas vezes sentimos "sumir nosso chão" quando algo que desejávamos muito nos é tirado, e quando o que queríamos não acontece, porém, diante de tais situações é preciso que o coração questione se de fato, a realidade com a qual sonhávamos era o melhor para nós.
É difícil ver desmoronar nossos próprios projetos, mas esses são momentos privilegiados para constatarmos se esses eram verdadeiramente os sonhos de Deus para nós.
Deus sabe o que é melhor para nós, Ele consegue enxergar além do que conseguimos compreender, e quando entregamos a Ele as rédeas de nossa vida sua ação se faz real em tudo e através de tudo, nos retirando de caminhos tortuosos e nos conduzindo pela estrada certa, mesmo quando não somos capazes de perceber.
Muitas vezes construímos nossa história e pautamos nossas escolhas em ideais puramente nossos, nos amparando somente naquilo que são nossas convicções pessoais, sem submeter à Deus nossa vontade. Agindo assim corremos o risco de viver constantemente frustrados, em virtude de termos confiado em nossas próprias forças e não Naquele que verdadeiramente sabe do que precisamos.
Deus nos conhece melhor que nós mesmos, e Ele sabe o que de fato, nos realizará em nossa essência.
O cristianismo é um território onde a confiança se estabelece como “necessidade”, pois nem sempre é possível caminhar amparado pelas certezas nas quais desejaríamos ancorar nossa história.
A certeza que precisa ancorar nossos passos é aquela que brota confiança no Deus que cuida de nós e que sempre tem o melhor para nós, mesmo quando tudo parece escuro.
Deus sempre está agindo, nos moldando e nos fazendo melhores. É preciso que confiemos n’Ele e em Sua maneira de agir, e não somente em nossas potencialidades e convicções.
Deus tem o melhor para nós, Ele sempre tem... É preciso confiar e permitir que Ele conduza todas as coisas, pois Ele sabe o que é o melhor.

Adriano Zandoná

A dor com o amor se cura

Na vida existem muitas coisas importantes, mas nenhuma delas é comparável ao amor. Quem ainda não se convenceu disso, pode ficar tranqüilo porque vai se convencer. Não aprendi isso nos livros. Aprendi com a vida. Descobri que amar tem a ver com respeitar a dor dos outros e ter coragem de enxugar suas lágrimas. Entendi que tudo o que as pessoas desejam é alguém que as ame de uma maneira forte e constante. Com aquele tipo de carinho que dispensa palavras. Que não fica criticando o tempo todo, mas que é um braço estendido na hora em que mais se precisa.
Encontrar alguém assim é uma alegria e nos torna felizes. Há pessoas que têm o dom de consolar e de levar a beleza por onde elas passam… parece que carregam na boca um pedaço de céu e os seus rostos têm a clareza e o frescor de uma manhã de sol. Não nos enganemos: tornaram-se assim à custa de muitas lágrimas. Formaram-se na escola do sofrimento. São frascos de perfume que – mesmo quebrados – exalam a mais encantadora fragrância: o amor.
Acho bonito quando os sábios dizem que é pela inteligência e pelo caráter que a pessoa resplandece as qualidades que tem. Só não consigo concordar inteiramente com isso. Não é que eu seja contra, simplesmente acho que é pouco. Porque o caráter e a inteligência podem impressionar, mas é o amor que damos a alguém que nos faz brilhantes e inesquecíveis em sua vida. Não basta ser inteligente… ter caráter não chega; é preciso amar. Porque o amor torna as pessoas indispensáveis. Se eu amo, eu preciso de você… e isso me faz melhor. Se eu amo, passo a gostar mais da sua voz do que da minha… então, calo para você falar, e ao escutá-lo estarei amando.
Por isso, se você quiser acender um sorriso, iluminar um coração ou acordar a esperança em alguém, precisa lembrar de uma coisa: as pessoas se alegram com sua inteligência, apreciam o seu caráter, mas precisam de seu amor. O amor tem o poder de transformar todas as coisas, destrancar todas as portas e curar enfermidades. Só ele faz luzir nossos talentos e resplandecer quem a gente é.
Então, se você calar, cale com amor; se gritar, grite com amor; se corrigir alguém, corrija com amor; se chorar, chore com amor e se perdoar, perdoe com amor. Se você tiver o amor enraizado em você, diz um antigo profeta, nenhuma coisa senão ele serão os seus frutos… e todos se aproximarão de você.

Márcio Mendes

À espera do Natal

Mal começa a preparação de uma festa, qualquer que seja, a febre das compras e das vendas incendeia o comércio. Comprar, para quem tem um bom poder aquisitivo, é fonte de prazer; e vender, para quem comercia, é fonte de lucro. O comércio é o lugar da troca. O dinheiro é o documento que, desde tempos muito antigos, simplificou esta coisa admirável de cambiar serviços e bens.
O papel-moeda, ou simplesmente, a moeda, dá ao portador o direito de receber algum bem ou serviço por já ter oferecido a outros algum bem ou serviço. Que invenção bonita é o dinheiro! O pedreiro, que assentou tijolos, leva consigo a nota de cem reais que comprova ter ele colaborado para construir o abrigo de uma família. Com esse documento nas mãos ele entra no supermercado e volta para a casa com a sacola cheia do alimento que garante a vida de seus filhos.
A sociedade atual, tão complexa, seria um caos sem o dinheiro. Mas como tudo que é sagrado pode ser corrompido, também o dinheiro, símbolo do suor de quem luta para sobreviver com dignidade, deixou de ser o que é: um facilitador da troca amorosa de bens e de serviços, para se tornar, na expressão de Marx, um fetiche.
A idolatria do dinheiro, a voracidade de tudo possuir, a insegurança de não ter e o medo de ficar sem, paralisam o que de melhor existe no ser humano: a alegria da reciprocidade. Há os que acumulam por acumular e morrem sem ter colaborado para a construção do bem comum através do dinheiro que ganharam. Há ainda os que assaltam, carregando títulos de serviços prestados por outros. Há os que dilapidam e se apropriam indebitamente desta coisa bonita, chamada imposto, e que deveria ser oferecida com a alegria de quem se coloca a serviço do bem comum. Mas há pessoas generosas, empresas conscientes de sua importância na construção da paz social, há uma economia de comunhão em andamento no mundo. Nem tudo está perdido.
Mas o que pensar das compras e vendas por ocasião do Natal? E dos presentes? Admirável comércio este que celebramos no Natal. Que troca estupenda! “Ele se fez pobre para nos enriquecer com Sua pobreza”. Seu presente é Sua Presença. Há filhos de pais ricos que ganham presentes, mas não recebem o mais desejado: a Presença, o diálogo, a troca amorosa. Natal é tempo de receber o Presente. Não precisa de dinheiro, basta preparar o coração. Ele veio a primeira vez na humildade, despojado de qualquer poder, em tudo igual a nós, – só não pecou e nem estava inclinado ao pecado –, para salvar-nos da desgraça que nós mesmos havíamos construído. Ele foi, desde a manjedoura, presença da infinita misericórdia de nosso Deus e Pai que n’Ele, seu Filho Unigênito, se curvou sobre nossa miséria e pequenez para envolver-nos em sua infinita ternura.
Os pastores, ao se abeirarem do Recém-Nascido, n'Ele viram uma pobre Criança como as que lhes nasciam em suas próprias casas. Leram-Lhe, entretanto, a infinita dignidade nos olhos enternecidos da mãe que, em profundo silêncio, contemplava no improvisado e pobre berço, envolto nos panos de nossa humana fragilidade, o mistério que lhe acontecera quando da anunciação do Anjo e que por nove meses ela abrigara em seu virginal ventre. Em tão adversas e inesperadas circunstâncias lhe nascera o Filho e sua alma continuou a cantar com igual alegria o hino de exultação pelo poder de seu Deus, que escolhera vir pobre entre os mais pobres. Dispersem-se os soberbos e caiam por terra os poderosos diante do mistério da onipotência amorosa de Deus, que vence todas as distâncias para mergulhar em nossa condição, – até a cruz – e deixar-se tomar pelas nossas trevas para iluminar-nos com Sua luz. Ele virá uma segunda vez para abolir definitivamente toda escravidão e instaurar o dia sem ocaso, só feito de luz, na justiça e na verdade, alegria eterna de um amor sem fim.
Entre a primeira e a segunda vinda estamos nós. Se acolhermos a mensagem da primeira, Ele faz morada em nós, com o Pai e com o Espírito, e nós poderemos já pré-gustar, no caminho, a felicidade da chegada e do encontro definitivo. Seja este Advento o tempo de meditar essas coisas e com Maria experimentar a verdade do Natal: encontro com o Deus que vem. Para isso, escutemos João Batista, pois ele é a “voz que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para ele.
Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas, as vias tortuosas serão endireitadas e os caminhos esburacados, aplanados. E todos verão a salvação que vem de Deus” (Lc 3,4-6). E João recomendava: “Quem tem duas túnicas, dê uma a quem não tem e quem tiver comida faça o mesmo...” E aos cobradores de impostos: “não cobreis mais do que foi estabelecido”...E aos soldados: “não maltrateis a ninguém, nem tomeis dinheiro à força...” (Lc 3, 10-14). Cada um de nós tem o que mudar na própria vida.

Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues