domingo, 17 de abril de 2011

Vencendo as distrações da oração

O pensamento desconcentra-se durante as orações - O que fazer? Disso ninguém está livre. Mas aí não há pecado, e sim inoportunidade. Isso torna-se pecado quando alguém desenvolve idéias inoportunas propositadamente. E quando elas fogem despropositadamente, qual é a culpa? A culpa aparece, quando alguém repara que as idéias não estão no lugar e continua a desenvolvê-las.É preciso que seja assim: quando uma idéia começa a escapar, coloque-a logo no seu devido lugar.Para que no tempo da oração, as idéias se desconcentrem menos é preciso concentrar-se em rezar com fervor; e para isso - antes de começar as orações - é preciso aquecer a alma com orações mais simples.Habitue-se a rezar com as suas próprias palavras. Como por exemplo, as orações da noite consistem em: agradecer a Deus pelo dia e por tudo, com que se encontrou durante o dia, de bom ou de mau. É preciso ter penitência por tudo que foi feito de mau durante o dia, pedir perdão, prometendo modificar-se no dia seguinte e pedir a Deus defesa durante o sono. Diga tudo isto a Deus do seu pensamento e do seu coração. As orações da manhã consistem em: agradecer a Deus pelo sono, pela renovação das forças e pedir-Lhe que durante o dia a ajude a fazer tudo em Sua glória. E isso diga a Ele de todo o seu coração e pensamento. E também, de manhã e à noite, diga a Deus as suas necessidades, mais as da alma, e se for preciso as exteriores, dizendo-Lhe como uma criança: - Senhor, vês a minha fraqueza e falibilidade, ajuda, e cura-me! Tudo isso ou do gênero pode ser dito perante Deus pelas suas próprias palavras não recorrendo ao livro de oração. E isso pode ser melhor. Experimente, se der resultado, pode deixar o livro de oração, se não der, é preciso rezar com o livro, se não a oração pode acabar completamente sem sentido.Quando se vai rezar auxiliado por livros e ofícios se concentre nas idéias lidas e aqueça com elas o coração, é preciso tempo livre - além de rezar, sente-se e medite bem sobre o conteúdo de cada oração e sinta-as. Quando começar a lê-las depois disso na oração - da manhã ou da noite - todos os sentimentos e idéias que conseguiu obter enquanto refletia, vão se renovar e aquecer o coração. Nunca leia orações apressadamente. E mais: esforce-se por aprender estas orações de cor, para podê-las rezar em novos ambientes. Isso ajuda muito a não se distrair durante a oração. E é preciso aprender a rezar como a qualquer outro trabalho.

www.fatheralexander.org

Educar na humildade: uma tarefa urgente!

No ano passado, um pesquisador em educação, Ives de La Taille, apresentou na obra Crise de Valores ou Valores em Crise, uma pesquisa realizada recentemente com 448 alunos do ensino médio (com idades entre 15 e 18 anos), sendo 211 da escola pública e 237 de colégios particulares, na qual indagava a esses jovens quais seriam as virtudes mais importantes na seguinte lista de dez: justiça, gratidão, fidelidade, generosidade, tolerância, honra, coragem, polidez, prudência e humildade. Sem querer aprofundar nas conclusões da pesquisa, chamou-me a atenção que a mais valorizada tivesse sido a humildade. O próprio La Taille se surpreendeu com o fato de que essa virtude fosse apontada tanto pelos meninos quanto pelas meninas, fossem eles da escola privada ou da pública. Uma das explicações que o autor dá para o resultado é que “vivemos uma cultura que pode ser chamada de cultura da vaidade”. Esclarecendo esse conceito, o educador afirma que muitos jovens hoje “vivem apenas motivados para dar um constante espetáculo de si, destacarem-se por sinais que conferem prestígio, associarem a si próprios marcas que testemunham ser um vencedor (roupas, carros, celulares), falarem de si em blogs, nos celulares, computadores...”. Glosando o autor, diria ainda que os jovens andam atrás de “espelhos” que são as pupilas das pessoas que estão à sua volta, e às quais perguntam: “Gostou da figura que fiz?”, “Pareceu-lhes interessante o meu ponto de vista?”, “Que acharam da minha prova, do meu trabalho, da minha publicação, da minha roupa provocativa...?”. Portanto, voltando-nos para o resultado da pesquisa, concluímos que a maioria dos jovens pesquisados parecem estar fartos deste modelo juvenil e de tanta mentira. Intuem que a sedução narcisista que reina hoje na nossa cultura parece ser a causa de muitas mazelas sociais. No fundo, essas respostas podem estar representando alguns gritos silenciosos aos educadores que dizem mais ou menos assim: “Por favor, ajudem-nos antes a ser do que a ter!”. “Não aguentamos mais ver gente representando o que não é!”. “Ensinem-nos a descobrir a Verdade!”. “Quero de verdade ser feliz e não fingir que sou feliz!”. Há muito tempo que esta disjuntiva Ser ou Ter está presente nas discussões filosóficas. O que chama a atenção é perceber que estas reinvidicações pelo ser estejam nascendo mais cedo, naqueles que sempre exigiram liberdade, prazer, dinheiro, consumo, diversão, ter... Afinal, o que está acontecendo? Sou da opinião de que estes movimentos podem já estar refletindo, em parte, as consequências negativas da pedagogia moderna das últimas décadas. Segundo estas teorias, chamadas construtivistas, a criança deveria se desenvolver por si mesma, sem imposições de ninguém. Os responsáveis pela educação deveriam apenas dar um suporte para o seu autodesenvolvimento, sem, no entanto, se envolver no processo. Estas teorias psicodinâmicas, muitas delas inspiradas no pensamento freudiano, acreditavam que a criança tinha um “eu” completo em si mesmo e que bastaria deixar o tempo passar para ela se desenvolver adequadamente. Fica fácil perceber o que produziu esta mentira ao longo das últimas décadas. Na medida em que os pais foram adotando a chamada educação antiautoritária, que é a renúncia para educar os filhos, tanto os pais quanto os filhos foram desenvolvendo níveis crescentes de soberba de geração em geração. Efetivamente, quem convive com pais e crianças em escolas particulares e públicas tem percebido ano a ano atitudes de arrogância e de autosuficiência que não existiam antigamente. Mas por que isto tem crescido? Quem trabalha com educação e conhece a chamada “caixa preta” da criança (fazendo um paralelismo com os aviões) sabe que qualquer criança é extremamente egocêntrica nos primeiros anos da existência. Todo o bom processo educacional consiste em mostrar-lhe que além de existirem outras pessoas no mundo ela própria existe para os outros. Sua realização e felicidade dependerão da adequação de seus desejos e projetos para os outros. Que, sozinha, ela nunca saberá nada, poderá nada, conseguirá nada nem será nada. Que só conseguirá ser ela mesma a partir do outro. Que o eu deve se converter em si mesmo apenas mediante um tu e um vós. Por isso, desde que nasce terá que saber descobrir a linguagem do prazer, dos limites, do amor, do sofrimento. Esta é a verdade da educação. Por outro lado, se deixamos a criança crescer sem a exigência da boa autoridade, dificilmente ela descobrirá como deve funcionar um ser humano e aos poucos seu orgulho irá enganando-a acreditando que sabe tudo, pode tudo, conseguirá tudo e que ela é tudo, principalmente se obtiver dinheiro e poder. Esta é a grande mentira da educação. Motivando-a somente a produzir riqueza, acaba-se gerando uma das maiores e mais profundas pobrezas humanas que é a solidão. Vistas bem as coisas, as outras pobrezas, incluindo a material, nascem sempre do isolamento, de não ser amado ou da dificuldade de amar, fruto do orgulho de muitas pessoas. Terminemos concluindo que uma das tarefas primordiais da educação é desmascarar os perigos da soberba. Da ilusão do orgulho. Da escravidão de um eu que se fecha em si mesmo, como numa bolha. E que o caminho da felicidade está na humildade, que, longe de ser uma postura depreciativa, é apenas a conscientização da Verdade da condição humana, que exige abrir-se para os demais e para o transcendente, pois experimenta que só nas relações interpessoais poderá salvar-se de tantas depressões e tristezas de um eu doentio. João Malheiro: é doutor em Educação pela UFRJ e diretor do Centro Cultural e Universitário de Botafogo

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A lição do Domingo de Ramos

Cristo faz sua entrada solene em Jerusalém, recebendo uma aclamação jamais vista na História. Surge então a grande questão: como é que Jesus sendo Deus e, portanto, sabendo que iria ser crucificado e objeto de escárnio daquele mesmo povo permitiu aquela consagração? Ele via por detrás dos braços que no ar o aplaudiam o fulgurar das espadas e o levantar de punhos cerrados a clamarem pela sua crucifixão. Qual a razão pela qual Ele permitiu todo aquele alvoroço, toda aquela festa? Na resposta a grande lição deste Dia de Ramos. É que Ele queria ensinar que devemos sempre desconfiar dos louvores humanos . Ele desejava mostrar qual o verdadeiro valor do triunfo terreno. Ele almejava alertar seus seguidores sobre qual a autêntica conquista que deveriam buscar, oferecia uma autêntica filosofia de vida a seus epígonos. É inato ao ser humano o anseio pela gratidão, pelo reconhecimento, pela glória. Isto, afastado o vão orgulho, a vaidade simplória, a detestável arrogância, a antipática petulância, não é, em si, um mal.. Com efeito, tais aspirações projetam a conquistas grandiosas que fazem os sábios, os heróis dos altares pátrios, os cientistas famosos, os gênios extraordinários que, olhos fixos na consagração de seus contemporâneos e pósteros pontilham o mundo com seus feitos memoráveis. Os triunfos terrenos, porém, são ilusórios. São sombras que passam, névoa que os lábios da inveja logo dissipam, nuvens que se desfazem, seta luminosa que fende os ares e logo se apaga, meteoro que logo desaparece, flor que breve se emurchece. São passageiros e logo são olvidados, lançados no esquecimento. O mesmo sol que os contempla pela manhã os vê fenecer à tarde. Os homens são sempre os mesmos: mudam-se rapidamente seus sentimentos, suas apreciações, suas atitudes e hosanas se transforma em clamores de morte, como aconteceu com Jesus. Eis aí a grande lição do dia de hoje. Na terra misturam-se o bem com o mal, o encômio com a injúria, a ventura com o desar, a alegria com a tristeza, a aclamação com o ultraje, o elogio com a calúnia. A rainha das flores, a rosa, é bem o símbolo desta realidade. Os espinhos circundam a beleza desta flor como que patenteando a vida humana. Então, como não há nesta vida rosa sem espinho, nem pérola sem limo ou prata sem liga, nem sol sem sombras, nem céu sem nuvens, nem peixes sem espinhas assim não há glória terrena sem o travo das afrontas ou da invídia. O triunfo humano conhece sempre o fel da humana inveja. Isto acontece com rapidez impressionante, pois se no decorrer do ano há inverno e verão e entre eles muitos meses; dia e noite e entre eles vinte e quatro horas, para existirem o elogio e o desprezo, hosanas e clamores de morte, loas e injúrias basta um instante. É para esta inequívoca precariedade das vitórias, das glórias, das honras humanas que neste dia nos chama a atenção o Mestre divino. Ramos não assinalou Sua vitória verdadeira. Seu triunfo Ele o conheceria em outra manhã radiosa, no momento de sua gloriosa ressurreição. Aqueles mesmos que o aclamaram hoje o levarão ao suplício da cruz. Cumpre então ter na devida conta os louvores. Tenhamos um conceito preciso dos bens terrenos. Almejemos não as frágeis e perecíveis conquistas nesta terra, mas sim a felicidade perene da Jerusalém celeste onde Cristo vitorioso está a nossa espera. Lá, sim, se encontram os louros que não emurchecem nunca e não são jamais atingidos pela traça destruidora da humana inveja. Este anelo da apoteose da glória eterna, das alegrias perenes, do júbilo nos deslumbrantes palácios do Rei imortal dos séculos, nos projetará na posse de glória imperecível. Será este o dia do nosso grande triunfo que não terá ocaso pois estaremos por todo sempre juntos ao Redentor vitorioso.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado

“Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado”. No caminho quaresmal, Deus, por ação da sua graça, vai inserindo em nós numa postura de penitência e de desejo pela vida santa. Colhemos do amor de Deus a graça de vida nova que reflete na conversão de vida. Porém, não podemos cair no engano da soberba, de pensarmos que a nossa vida de pecado está sobre controle, e que por conta disso passo a olhar com uma postura de julgamento diante dos pecados dos outros. Isso é um grande risco! A vigilância na quaresma requer sempre o conhecimento da nossa condição de pecador: “Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-se no pecado” (Sl. 51,7). Ao reconhecer o nosso pecado, Deus opera em nós a necessidade de mudança de vida, e é só sobre a ação da graça de Deus que podemos cantar o cântico novo, viver uma vida nova, sob a ação do Espírito Santo. Não se pode falar de vida nova sem viver um caminho de cruz. A cruz é essa via de humilhação que gera a exaltação dada ao homem por Deus, a perfeita participação da glória de Deus que é dada pela ressurreição. Assim, sem humilhação, pela conversão, não se pode falar em vida plena, dada em Cristo. Da mesma forma que Deus se humilhou para nos dá a glória que é a salvação plena, só podemos comungar da vida em Cristo por meio da via de abaixamento e humilhação na cruz.
Marcio André Teixeira Barradas, Seminarista Shalom - Assessoria Litúrgico Sacramental * Comunidade Católica Shalom

A importância do deserto

Na completa desolação do deserto físico é possível:

Ver as coisas claramente, sem as distrações do mundo; Viver na simplicidade, valorizando apenas as necessidades básicas para sobrevivência; Discernir o que realmente importa para a vida (1Jo 2,16), como, por exemplo, que um copo de água é mais importante que um diamante.


Entretanto, como não moramos no deserto, nós precisamos chegar às mesmas conclusões citadas acima, mesmo vivendo em meio às distrações do mundo. E a Quaresma é o tempo ideal para deixarmos o Espírito Santo nos conduzir ao nosso deserto espiritual e nos falar ao coração9 (Os 2,16). Alguns, talvez, tenham dificuldade para ver a semelhança entre o deserto espiritual e o deserto físico, mas ela existe, de fato, pois tanto em um como em outro:

As tentações estão presentes, e podemos reconhecê-las claramente; A tudo o que parece ser importante para o mundo, como bens matérias e prestígios, nada valem; Tudo o que é desvalorizado pela sociedade secular, como, por exemplo, a Palavra de Deus, a oração, o jejum e o silêncio possuem um imenso valor espiritual; Somente a proteção de Deus e o que Ele nos provê são importantes; e as conseqüências de nossa desobediência a Suas orientações nos serão fatais.

Na Sagrada Escritura, o deserto tem grande significado, pois ele é tido como um lugar de amor (Jr 2,2), para onde o Senhor nos atrai (Os 2,16) e derrama sobre nossos corações, através do Espírito Santo, todo Seu amor (Rm 5,5). É no deserto que nós, como os israelitas, somos alimentados apenas pelo maná do Senhor (Ex 16,35) e nos regozijamos plenamente (Is 35,1). Por isso, é importante refletirmos sobre o deserto; em especial sobre o nosso deserto espiritual, pois é nele que preparamos “um caminho para o Senhor” (Is 40,3).
Pe. Inácio José do Vale, Professor de História da Igreja - Faculdade de Teologia de Volta Redonda Católicos na Rede

Deus de lado

A vida é muito grande para irmos vivendo levando-a com a barriga e deixando escolhas a serem feitas na mão de outros e a oportunidade de decidir, literalmente, ser terceirizada.Não é à toa que o Papa, na Mensagem para o Dia Mundial da Juventude, nos chama a atenção para isso. E pede que estejamos enraizados e fundados em Cristo, firmes na fé. O bacana é que as três palavras, sob o ponto de vista gramatical, estão no passivo: isso significa que é o próprio Cristo toma a iniciativa de radicar, fundar e nos tornar firmes. Não como uma terceira pessoa, mas como uma segunda. Um “TU”. Alguém que não se preocupa com resultados, e sim, com lutas de amor.Quantas vezes não quis viver minha vida por mim mesmo e busquei em Deus apenas um “paliativo” para um momento de “deprê”, ou até mesmo como um “Chapolim Colorado” que, à minha súplica, “Oh, e agora? Quem poderá me defender?” pudesse aparecer e resolver todas as coisas sem o meu menor esforço. Deus é Pessoa que se relaciona, que quer de nós um tu a tu. Isso nos enraíza no que não passa, pois tudo passa! Deus não. Ele nos fundamenta no que é firme, concreto e não em um modismo que, de tempos em tempos, muda. Ele é o mesmo ontem, hoje e sempre. Sei que você (que está lendo este texto) deseja algo mais do que a vida cotidiana regular, que um emprego seguro, grana no bolso, etc., etc.. Sentimos o desejo pelo que é realmente grande e que alimenta nossa sede de eternidade e felicidade. Fomos criados para aquilo que é grande, para o infinito. Qualquer outra coisa é insuficiente. Fomos criados para Deus. Um Deus, um Tu! E, neste tempo, que parece quererem colocar Deus de lado, precisamos, com nossa vida, proclamar: Não coloco Deus de lado, mas sim ao meu lado. Sempre comigo nas subidas e descidas da vida. Minha raiz, minha base sólida e eficaz. Não tenho receio de contar com Ele no meu dia a dia, nos meus momentos de alegria e de tristeza. Desejo o que Ele deseja para mim, pois sei que o que Ele tem será sempre maior. Será sempre uma preparação para o céu! Assim, a vida torna-se autêntica e nunca “genérica”. Somos de Deus, estamos no mundo e desejamos o céu! Mas, antes de ir para o céu, que tal ir para Madri se encontrar com o Papa e os jovens do mundo inteiro? Gostou da ideia? . Adriano Gonçalves

Deus não aceita ser o segundo na nossa vida

"Amar a Deus sobre todas as coisas"; isto é, "amarás a Iahweh teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força" (Dt 6,4). Esse amor a Iahweh se manifesta exatamente na obediência aos Mandamentos: "Andareis em todo o caminho que Iahweh vosso Deus vos ordenou, para que vivais, sendo felizes e prolongando os vossos dias na terra que ides conquistar" (Dt 5,33). E Deus Pai manda que os Seus Mandamentos sejam observados pelos filhos e gravados profundamente no coração: "Que essas palavras que hoje te ordeno estejam em teu coração! Tú as inculcurás a teus filhos, e deles falarás sentado em tua casa e andando em teu caminho, deitado e de pé. Tu as atarás à tua mão como um sinal, e serão como um frontal ante os teus olhos; tu as escreverás nos umbrais da tua casa, e nas tuas portas" (Dt 6,6s). São palavras muito fortes que nos mostram, com clareza, que sem a observância dos Mandamentos de Deus ninguém será feliz sobre a terra. Basta olhar toda a miséria do nosso mundo, todas as suas lágrimas e dores, e será fácil constatar por que tudo isso ocorre; simplesmente porque o homem não quer cumprir os Mandamentos de Deus. Aquelas Dez Palavras (cf. Dt 4,13.21), que o Senhor deu a Moisés, escritas com o próprio dedo para significar a Aliança com aquele povo.Que bom se cada um de nós escrevéssemos essas Dez Palavras no íntimo do coração para jamais esquecê-las! Quando Deus acabou de proclamar as Suas Leis ao povo, sinal da Aliança, disse-lhes finalmente: "Vede: hoje estou colocando a bênção e a maldição diante de vós: A bênção, se observardes aos mandamentos de Iahweh vosso Deus que hoje vos ordeno; a maldição, se não obedecerdes aos mandamentos de Iahweh vosso Deus, desviando-vos do caminho que hoje vos ordeno [...]" (Dt 11,26-28). E as bênçãos que Deus Todo-poderoso promete são abundantes: "Se, de fato, obedecerdes aos mandamentos que hoje vos ordeno, amando a Iahweh vosso Deus e servindo-o com todo o vosso coração e com toda a vossa alma, darei chuva para a vossa terra no tempo certo: chuvas de outono e de primavera. Poderás assim recolher teu trigo, teu vinho novo e teu óleo; darei erva no campo para o teu rebanho, de modo que poderás comer e ficar saciado" (Dt 11.13-15; Lv 26; Dt 28).Por outro lado, as maldições pesariam sobre o povo se este fosse infiel a Iahweh, não observando os Seus Mandamentos:"Contudo, ficai atentos a vós mesmos, para que o vosso coração não se deixe seduzir e não vos desvieis para outros deuses ... não haveria mais chuva e a terra não daria o seu produto; deste modo desapareceríeis rapidamente da boa terra que Iahweh te dá" (Dt 11,16-17). "Porei sobre vós o terror, o definhamento e a febre [...]. Em vão semeareis a vossa semente, porque os vossos inimigos a comerão. Voltar-me-ei contra vós e sereis derrotados pelos vossos inimigos[...]" (Lv 26,14s). E a lista de bênçãos e maldições é longa... Veja Deuteronômio 28. A escolha depende de cada um de nós... A Moral católica está fundamentada nos Dez Mandamentos; por isso, a grande necessidade de serem observados. Toda a terceira parte do Catecismo da Igreja Católica ensina sobre isso.A Lei de Deus está registrada nos Mandamentos do Senhor. Sendo obedientes a eles o homem será feliz e abençoado. Santo Agostinho afirma que Deus os escreveu nas duas pedras, porque o homem já não os conseguia ler em seu coração, endurecido pelo pecado. Felipe Aquino

Padre também se confessa?

Por incrível que pareça essa pergunta é frequentemente feita a nós sacerdotes: "O padre se confessa? Precisa se confessar? Com quem ele se confessa?" Ser ministro do sacramento da reconciliação não nos deixa isentos das fraquezas e de, infelizmente, cairmos no pecado. O sacerdote, como fiel adulto, necessita e deve se confessar. Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC): número §1457: Conforme mandamento da Igreja, “todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar seus pecados graves, dos quais tem consciência, pelo menos uma vez por ano”. Certas pessoas pensam que o padre se confessa com o bispo e o bispo com o Papa. E o Santo Padre confessa com quem? O Papa tem o seu confessor, que até pouco tempo era um frade Capuchinho. Existem pessoas que chegam a acreditar que o sacerdote se confessa com o espelho. Não, o padre não pode se absolver, ele sempre procura outro sacerdote para se confessar. Todos os anos os sacerdotes da Diocese de Lorena, juntamente com o seu Bispo, Dom Benedito Beni dos Santos, participamos de uma manhã de espiritualidade em preparação para a Semana Santa e Páscoa. Depois de uma reflexão muito profunda, Dom Beni preside uma celebração penitencial na qual os 60 sacerdotes se confessam uns com os outros. Graças a Deus, padre também se confessa e experimenta a vida nova em Cristo pelo sacramento da reconciliação e da misericórdia. Por que Cristo instituiu o sacramento da penitência? CIC §1421 O Senhor Jesus Cristo, médico de nossas almas e de nossos corpos, que remiu os pecados do paralítico e restituiu-lhe a saúde do corpo, quis que sua Igreja continuasse, na força do Espírito Santo, sua obra de cura e de salvação, também junto de seus próprios membros. É esta a finalidade dos dois sacramentos de cura: o sacramento da Penitência e o sacramento da Unção dos Enfermos. Por que existe um sacramento da reconciliação depois do batismo? CIC §1426 - 1425 Entretanto, a nova vida recebida na iniciação cristã não suprimiu a fragilidade e a fraqueza da natureza humana, nem a inclinação ao pecado, que a tradição chama de concupiscência, que continua nos batizados para prová-los no combate da vida cristã, auxiliados pela graça de Cristo. É o combate da conversão para chegar à santidade e à vida eterna, para a qual somos incessantemente chamados pelo Senhor. Quando foi instituído este sacramento? CIC §1446 Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. E a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como “a segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça”. CIC §1485 O Senhor ressuscitado instituiu este sacramento quando, na tarde de Páscoa, se mostrou aos Apóstolos e lhes disse: “Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes serão retidos” (Jo 20, 22-23). Quais os elementos essenciais do sacramento da reconciliação? CIC §1440 – 1449 São dois: os atos realizados pelo homem que se converte sob a ação do Espírito Santo e a absolvição do sacerdote, que em Nome de Cristo concede o perdão e estabelece a modalidade da satisfação. Quais são os atos do penitente? CIC §1491 O sacramento da Penitência é constituído de três atos do penitente e da absolvição dada pelo sacerdote. Um diligente exame de consciência; a contrição (ou arrependimento), que é perfeita, quando é motivada pelo amor a Deus, e imperfeita, se fundada sobre outros motivos, e que inclui o propósito de não mais pecar; a confissão, que consiste na acusação dos pecados feita diante do sacerdote; a satisfação, ou seja, o cumprimento de certos atos de penitência, que o confessor impõe ao penitente para reparar o dano causado pelo pecado. Que pecados se devem confessar? CIC §1456 Devem-se confessar todos os pecados graves ainda não confessados, dos quais nos recordamos depois dum diligente exame de consciência. A confissão dos pecados graves é o único modo ordinário para obter o perdão. Quem é o ministro deste sacramento? CIC §1446 –1466 -1495 Cristo confiou o ministério da reconciliação aos seus Apóstolos, aos Bispos seus sucessores e aos presbíteros seus colaboradores, os quais, portanto se convertem em instrumentos da misericórdia e da justiça de Deus. Eles exercem o poder de perdoar os pecados no Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Quais são os efeitos deste sacramento? CIC §1468 Os efeitos deste sacramento “Toda a força da Penitência reside no fato de ela nos reconstituir na graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade.” Portanto, a finalidade e o efeito deste sacramento é a reconciliação com Deus. Os que recebem o sacramento da Penitência com coração contrito e disposição religiosa “podem usufruir a paz e a tranqüilidade da consciência, que vem acompanhada de uma intensa consolação espiritual”. Com efeito, o sacramento da Reconciliação com Deus traz consigo uma verdadeira “ressurreição espiritual”, uma restituição da dignidade e dos bens da vida dos filhos de Deus, entre os quais o mais precioso é a amizade de Deus (Cf. Lc 15,32). CIC §1449 A fórmula da absolvição em uso na Igreja latina exprime os elementos essenciais deste sacramento: o Pai das misericórdias é a fonte de todo perdão. Ele opera a reconciliação dos pecadores pela Páscoa de seu Filho e pelo dom de seu Espírito, por meio da oração e ministério da Igreja: Deus, Pai de misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Obrigado, Senhor, pela Tua infinita misericórdia, criaste os sacramentos da ordem e da confissão. Grande oportunidade de experimentarmos o perdão e voltarmos à amizade Contigo.
Padre Luizinho - Com. Canção Nova