terça-feira, 15 de junho de 2010

A hospitalidade na casa e no coração

“O primeiro serviço que se deve fazer ao próximo é aquele de escutar. Quem não sabe escutar o irmão, logo, logo não saberá escutar Deus. Até diante de Deus ele estará sempre a falar”. (Dietrich Bonhoeffer, nascido em Breslau em 1904 e morto enforcado pelos nazistas em 1945, em Flossenburg).Quando eu escuto, eu aprendo.
Quando eu falo, posso me esvaziar! Hospedar em casa é mais fácil que hospedar no coração! Receber alguém é menos que acolher alguém. Em 1957, Lúcio um seminarista, meu colega, compôs uma música para piano: “Sozinho no meio da multidão”!
Em seus sentimentos, ele se antecipava ao drama dos dias de hoje: quantas pessoas que, rodeadas de tantos, se sentem sozinhas e não têm com quem falar. Não encontram que as escute. Mesmo, na família, marido e esposa fazem um diálogo de surdos: cada um reza o seu versinho, mas não são capazes de se escutar, de se interessar um pelo outro. Não têm tempo para conversar, para amar, para se ouvirem.
Gastaram, no tempo de namoro, toda a capacidade de escuta. Então, um sorriso era mais que uma frase. Um piscar de olhos era mais que uma poesia. Um gemido era mais que um drama. Hoje, sem sorrisos e sem poesias os dramas do cônjuge ou dos filhos não passam de suaves e vagos gemidos. Cresce a doença que mata mais que o câncer e a aids: a depressão, que é a alavanca de todas as doenças.
Escutar é ouvir sem julgar, é acolher. “Maria conservava todos esses acontecimentos em seu coração” Lc 2, 51.
Escreveu Viktor Frankl, o criador da Logoterapia: “o avião só mostra que é avião quando voa”. O homem só mostra que é ser humano quando ama! O casamento só é possível para o ser humano. Só ele é capaz de ouvir, de escutar, de acolher, de amar de sentir-se feliz ao fazer o outro feliz.

Dom João Bosco Óliver de Faria: Administrador Diocesano de Patos de Minas e Arcebispo Eleito de Diamantina

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