quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O Espírito Santo quer organizar o nosso interior e também o nosso exterior

Primeira coisa: é você conhecer os temperamentos, existem temperamentos que têm necessidade de organização, faz parte do temperamento dessas pessoas ter essa tendência de querer as coisas em uma sequência, organizadas. Existem outras pessoas com temperamentos que não são tão organizados e que não têm tanta necessidade de organização. É por isso que Deus coloca um organizado e um desorganizado para um ajudar o outro a se equilibrar.
Aquele que tem necessidade de organização precisa compreender o outro que não é tão organizado, ajudando-o, não o condenando e não virando um chato na vida dessa pessoa; mas sim, aos poucos, ir o ajudando com o seu próprio jeito de ser.
Da mesma forma, o desorganizado precisa se tocar que o espaço não é só dele, especialmente marido e mulher, os quais precisam manter o mínimo de organização possível, principalmente se o marido é daqueles que gosta de tudo no lugar e vice-versa. Muitas vezes, é a mulher que é assim e precisa buscar um ponto de equilíbrio, nem tanto nem muito pouco, para que não haja muita discussão e cobrança. Mais do que valorizar a organização, é preciso valorizar a sua mulher; é preciso valorizar o seu marido; um tentando compreender as fragilidades do outro.
De qualquer forma, vamos pedir ao Espírito Santo a graça da organização em nossa vida e a ter paciência com o outro como diz aqui na Palavra em Efésios 4,1: "Exorto-vos, pois – prisioneiro que sou pela causa do Senhor – que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados, com toda a humildade e amabilidade, com grandeza de alma, suportando-vos mutuamente com caridade".
É o amor que faz com que você seja paciente com a desorganização do outro. Você pode chamar a atenção do outro, mas sem tirar a paz dele e a sua própria paz.
Por isso, vem, Espírito Santo, com o dom da paz! Vem, Espírito, com o dom da organização. Dá-nos a graça de não sermos egoístas e querer que o mundo do outro gire em torno de nossas necessidades. Dá-nos a graça do equilíbrio nas nossas atitudes, dá-nos a graça de sermos pessoas organizadas. Vem colocando ordem dentro de nós, porque toda a desordem por fora é uma consequência de uma desordem que acontece dentro de nós.
Por isso, vem, Espírito Santo, ordenando o nosso interior e dá-nos a graça da concentração em tudo aquilo que nós fazemos. Vem, Espírito Santo, dando ao marido e à mulher a graça da paciência e de suportarem as fragilidades e desorganização um do outro. De maneira especial dá essa graça àqueles que têm dificuldade de se organizar, dá-lhes a graça de um mínimo de organização para agradar o esposo, para agradar a sua esposa. Vem, Espírito Santo de Deus, dando a cada um de nós o dom da harmonia e da ordem.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Um grande abraço! Deus o abençoe! Obrigado a você que contribui com essa obra de Deus.

Salette Ferreira

São Jerônimo encontrou o seu caminho na Bíblia

Estamos para findar o mês da Bíblia, setembro. E no final deste mês comemoramos o grande patrono das traduções bíblicas, que é São Jerônimo, cujo nome quer dizer "nome sagrado". Nasceu na Dalmácia, antiga Iugoslávia, em 342. Seus pais eram ricos e puderam mandá-lo para Roma realizar seus estudos. Ele morreu a 30 de setembro de 420.
Após seu encontro com o mundo cristão, Jerônimo logo percebeu que as traduções da Bíblia, em seu tempo, eram imperfeitas na linguagem e cheia de imprecisões. Iniciou, então, o seu trabalho de tradução dos textos em hebraico e grego para o latim, o que foi magnífico naquela época. Tradução que foi realizada com muita elegância, feita por completo, traduzindo todo o texto das Sagradas Escrituras do Gênesis ao Apocalipse.
A sua preocupação não era um texto erudito, para professores e sábios, mas queria atingir o povo simples. Um texto enxuto para os simples. Daí o nome de sua tradução "VULGATA", ou seja, vulgar, do povo, para pessoas comuns.
A tradução foi de tão grande magnitude a ponto de o seu texto ser utilizado em toda a Igreja Católica durante 15 séculos ininterruptos. Somente nos últimos anos, com a valorização da leitura e dos estudos bíblicos, novas traduções surgiram.
Num trecho famoso – comentário sobre Isaías e usado no oficio das leituras na memória de São Jerônimo – ele afirma, com a firmeza de suas convicções, que “ignoratio Scripturarum, ignoratio Christi est”, isto é, “a ignorância da Escritura é a ignorância de Cristo”. Sem dúvida, uma forte exortação de um Padre e Doutor da Igreja para os cristãos não só do seu tempo, mas, sobretudo, nos dias de hoje.
O estudo sério da Sagrada Escritura é uma necessidade e não um opcional para o católico que quer viver com seriedade e convicção a sua fé. São Jerônimo encontrou o caminho de sua vida na Bíblia. Graças a ele, muitos hoje podem voltar também o seu olhar para a Palavra de Deus, na qual podem encontrar a plena felicidade, impossível de alcançar na simples realidade humana. Mas que felicidade? Jesus Cristo, o Ressuscitado, cuja Palavra é Ele mesmo.
Só amamos o Cristo se O conhecemos, e O amamos como Verdade, Caminho e Vida! Verdade que encontramos nos Seus ensinamentos, algo que o escritor sagrado nos deixou, sobretudo, nos Evangelhos.
Caminho que o Senhor nos pede para seguir. Que nos encoraja a trilhar e que nos dá a Paz. Caminho traçado pelo Cristo: Paixão e Ressurreição, que ilumina nossas vidas, nossas ações e nossos relacionamentos. Caminho que nos traça, enfim, a nossa salvação.
E vida, que nos é apresentada na fonte da felicidade, que nos é apresentada no texto bíblico: a ressurreição de nossas vidas em Deus.
Este encontro com o Cristo na Bíblia vai nos facilitar esse encontro com Ele. Assim, Jesus é para nós, hoje, a Verdade na Bíblia, a Vida na Eucaristia e o Caminho que seguimos com os irmãos, tal como Ele nos ensinou. Lembremo-nos do Seu encontro com os viajantes em Emaús.
Portanto, o estudo bíblico é de fundamental e crucial importância para a nossa vida de fé. Algo que deve ter sido muito bem percebido por São Jerônimo. Porém, como ele, além do conhecimento e da erudição, o que nos faz santos é viver a Palavra de Deus, colocando-a em prática na vida de cada dia. Os santos fazem a diferença no mundo.
Não há amor verdadeiro e convicto se por nossa inteligência for ignorado. O amor cresce quando o conhecimento cresce. Isso é dado para a experiência humana, mas também se aplica à experiência espiritual.
Em resumo: não há conhecimento sem o amor de Cristo no estudo da Bíblia com Ele. Esta é a mensagem profunda São Jerônimo. O legado espiritual que esse grande santo da Igreja nos deixa é, por conseguinte, profundo e desafiador. Ele encontrou na Sagrada Escritura o seu fio condutor para Deus, a fonte e a raiz de sua caminhada de santidade.
O seu extremo zelo na tradução, o seu hercúleo trabalho desenvolvido ao longo de anos, a sua dedicação ao serviço da Palavra, concretizam-se na sua vida de fé e demonstram o seu imenso amor a Cristo e à Sua Igreja. Assim, também, irmãos e irmãs, não deveria ser a nossa caminhada cristã? Esta perspectiva de Jerônimo poderia servir para nosso itinerário de fé.

Dom Orani João Tempesta

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A arte de reconciliar-se com os próprios limites

A limitação é uma realidade profundamente inerente ao humano. Ser gente significa ser essencialmente limitado e marcado pela fragilidade.
Não existem super-homens – por mais que a sociedade e as circunstâncias atuais façam com que muitos acreditem sê-lo –, toda pessoa humana é marcada por algum tipo de imperfeição, com a qual, em algum momento de sua história, terá que se encontrar.
Ninguém é bom em tudo, ninguém consegue ser perfeito em todas as dimensões de sua vida: há quem seja bom no trabalho, mas falho nos estudos; assim como há aqueles que são perfeitos em casa como pais e esposos, mas nunca conseguem ascensão profissional; ainda existem aqueles que são ótimos nos esportes e péssimos na dimensão relacional/afetiva; da mesma forma, há os que possuem muitos amigos, mas não conseguem se firmar em um namoro ou relacionamento sério; e assim por diante. Todos portamos algum tipo de imperfeição e limite, com os quais teremos de aprender a “dialogar” em nossa trajetória pela vida.
A verdadeira virtude consiste em saber, de fato, dialogar com os próprios limites, reconciliando-se constantemente com eles e buscando realmente integrá-los àquilo que somos, visto que somos um “acontecimento” composto por virtude e fraqueza.
A maturidade só será concebida no coração que soube relacionar seus prós e contras, suas virtudes e limites, integrando-os ao que se é (com consciência da própria verdade) e buscando assim potencializar as virtudes e trabalhar as fraquezas.
O autoconhecimento é essencial em todo processo de crescimento e maturação enquanto gente, e principalmente, o conhecimento dos próprios limites. Do contrário, a pessoa será eternamente escrava de uma ilusão desencarnada acerca de si, não podendo crescer e experienciar a alegria e a liberdade que brotam do fato de reconciliar-se com os próprios limites.
Há limites que poderemos vencer, contudo, há aqueles com quais teremos que aprender a conviver… Quem não aceita os próprios limites acabará empregando – inutilmente – uma imensa energia no combate a um inimigo fictício, gerando assim um conflito interior desnecessário, pelo fato de combater uma realidade que deveria, em vez de negada, ser agregada ao todo que o compõe.
O limite é algo natural e até mesmo pedagógico no processo humano: negá-lo seria negar a própria humanidade e dependência do Eterno.
Reconciliar-se com os próprios limites: eis um passo de sabedoria que nos faz mais completos e encontrados em nossa verdade. Tenhamos a coragem de assurmir tal postura e atitude, e contemplemos os belíssimos frutos que procederão de semelhante prática e compreensão.

Adriano Zandoná

A grandeza da paciência

Os santos diziam que há dois tipos de martírio: o da morte pela espada; e o da morte pela paciência. A paciência é uma forma de martírio que vence todo sofrimento. Não há barreira espiritual que não caia pela força da paciência, a qual é fruto da fé, da humildade e do abandono da vida em Deus.
Foi pela paciência que a Igreja venceu todos os seus inimigos até hoje: o Império Romano, as heresias, as perseguições, o comunismo, o ateísmo, os pecados de seus filhos, entre outros.
Quando os nossos pecados e fraquezas nos assustam e nos desanimam é preciso ter paciência também conosco e aceitar a nossa dura realidade. Quando é difícil caminhar depressa, então, é preciso ter paciência e aceitar caminhar devagar. José e Maria salvaram o Menino Jesus das mãos de Herodes indo passo a passo até o Egito por um longo deserto de 500 km.
A paciência do cristão não é vazia nem significa imobilismo ou resignação mórbida; tampouco perda de tempo. Não. É a certeza de que tudo está nas mãos d’Aquele que tudo pode. "Um espírito paciente vale mais que um espírito orgulhoso. Não cedas prontamente ao espírito de irritação; é no coração dos insensatos que reside a irritação" (Ecle 7,8b-9).
O que não pudermos mudar em nós ou nos outros, deveremos aceitar com paciência, até que Deus disponha as coisas de outro modo. Ninguém perde por esperar!
Maria, nossa Mãe, é a mulher da paciência. Sempre soube esperar o desígnio de Deus se cumprir, sem se afobar, sem gritar, sem reclamar... A paciência é amiga do silêncio e da fé. É a paciência que nos levará para o céu!
"Meu filho, se entrares para o serviço de Deus (...) prepara a tua alma para a provação; humilha teu coração, espera com paciência (...) não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência" (Eclo 2,1-3).
"Aceita tudo o que te acontecer; na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação" (idem 4-6).
Muitas vezes, a vontade de Deus permite que as cruzes nos atinjam; curvemos a cabeça com humildade e paciência. Muitos estão prontos para fazer a vontade de Deus no "Tabor da transfiguração", mas poucos no "Calvário da crucificação". Sejamos como Nossa Senhora, que disse o "sim" no momento da Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas o manteve na Apresentação d'Ele, na fuga para o Egito, no Pretório, na perseguição ao Senhor, no caminho do Calvário e também aos pés da sua cruz.
Beijar, agradecidos, esta mão invisível que, muitas vezes, permite que sejamos feridos, agrada a Deus e nos atrai as bênçãos do Céu.
Para meditar: Ensinamentos dos Santos Doutores:
Santo Afonso: “Neste vale de lágrimas não pode ter a paz interior senão quem recebe e abraça com amor os sofrimentos, tendo em vista agradar a Deus”. Segundo ele “essa é a condição a que estamos reduzidos em conseqüência da corrupção do pecado”.
São João Crisóstomo: “É melhor sofrer do que fazer milagres, já que aquele que faz milagres se torna devedor de Deus, mas no sofrimento Deus se torna devedor do homem”.
Santo Agostinho: “Quando se ama não se sofre, e se sofre, ama-se o sofrimento”.
“O martírio não depende da pena, mas da causa ou fim pelo qual se morre. Podemos ter a glória do martírio, sem derramar o nosso sangue, com a simples aceitação heróica da vontade de Deus”.
São Francisco de Sales: “As cruzes que encontramos pelas ruas são excelentes, e que mais o são ainda – e tanto mais quanto mais importunas – as que se nos deparam em casa”.
Santa Teresa D’Ávila ensina: “Nada te perturbe; nada te espante. Tudo passa. Só Deus não muda; a paciência tudo alcança. Quem a Deus tem nada lhe falta: Só Deus Basta!”.

Felipe Aquino

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Paulo: sua vida

A sua genealogia (da tribo de Benjamim) e sua rápida agregação à lei (circuncidado ao oitavo dia) aparecem em Fl 3,5.Se acrescentarmos a isso que esse fato ocorreu em Tarso da Cilícia, conforme nos diz At 9,11-30; 11,25; 21,39; 22, três, os dados implicam uma forte adesão à lei por parte dos pais de Paulo: pois na Diáspora, muitos judeus, por considerações sociais, retardavam a circuncisão de seus filhos, ou renunciavam-na; por outra parte, poucos eram, inclusive na Palestina, os que podiam apresentar uma genealogia que os inserisse em uma das doze tribos de Israel.O nome de Saul, transformado em “Saulo” (Paulo), aparece somente em Atos (Saul em 9,4-17; 22, 7-13; 26,14; Saulo em 7,58; 8,1-3; 9,1-8.11.22.24; 11,25-30; 12,25; 13,1.2.7.9). Ajusta-se perfeitamente a um judeu da tribo de Benjamim (à qual pertencera o rei Saul), nascido numa família observante. A existência do outro nome também costuma ser reconhecida pelos autores. Os Atos são suficientes (ver cap. 11-13) para deduzir que o apóstolo não perdeu este nome no momento da conversão, mas deixou-o reservado para as suas relações com os judeus (isto ocorre nas cartas).O nome de Paulo é o único que as cartas nos transmitem. É um nome latino que nos orienta par uma possível cidadania romana.Paulo mostra um profundo conhecimento da língua e dos costumes gregos, inclusive uma certa familiaridade com as convenções teóricas. A sua Bíblia é, evidentemente, a tradução grega dos Setenta.Uma longa permanência em Jerusalém, realizando estudos primários e superiores (de rabinismo), teria implicado conhecer Cristo durante o seu ministério ou receber algum impacto direto de sua paixão.A carta aos Gálatas nos apresenta a juventude de Paulo como um verdadeiro judeu da Diáspora.A conversão de Saulo para Paulo é um grande fenômeno que acontece em sua vida. Ele se transformou num grande evangelizador e missionário. Faz varias viagens para proclamar as maravilhas de Deus que se manifestou em Jesus Cristo.O apóstolo morre em Roma na época de Nero, o problema é saber se foi ali julgado e condenado à morte, ou então, depois de 2 anos de prisão domiciliar (At 28,30s), foi libertado e teve a oportunidade de cumprir o seu plano de evangelização na península Hispânica (Rm 15,24.28).Sem sombra de dúvidas Paulo foi aquele que se empenhou dando tudo de si mesmo para proclamar a Boa Nova. Não é sem razão que a Igreja o coloca como uma das grandes pilastras do cristianismo (catolicismo).

Bíblia: o nosso livro

Para a Igreja Católica no Brasil o mês de setembro é tempo de aprofundamento do significado da Bíblia, a Palavra de Deus. Setembro foi escolhido porque, no dia 30, celebra-se São Jerônimo (347-420), um dos grandes pais da Igreja na passagem dos séculos quarto a quinto. O papa Dâmaso o encarregou da revisão do texto latino da Bíblia e ele iniciou uma nova tradução do Antigo Testamento para o latim, a partir do texto original hebraico e aramaico. Ao conjunto dessa Bíblia latina revisada ou traduzida deu-se o nome de Vulgata que se tornou texto oficial de referência para toda a Igreja, especialmente para a Igreja latina do Ocidente. Não existe um tempo, como se os demais tempos não fossem propícios para Deus se comunicar através da sua Palavra. Cada momento pode ser um “kairós”, tempo especial de graça, para que Deus se comunique de muitas formas, especialmente pela sua Palavra. Setembro é um desses tempos propícios para que todos os cristãos, sem distinção do lugar que ocupam na comunidade eclesial, perguntem-se sobre o lugar que a Palavra de Deus ocupa em suas vidas. É preciso entender que a Bíblia toda é considerada Palavra revelada de Deus. O Antigo Testamento é patrimônio comum dos judeus e dos cristãos. Os judeus são o povo da primeira Aliança realizada por Deus com Abraão. Eles são os nossos irmãos mais velhos na fé. Os cristãos são o povo da Nova Aliança realizada por Deus em seu Filho Jesus Cristo. Somos os irmãos mais novos na fé de Israel que, conforme cremos, Jesus levou à plenitude, mas também nós veneramos Abraão como pai na fé. O Novo Testamento é patrimônio comum de todos os cristãos. A Bíblia toda é o fundamento comum para a fé de todas as Igrejas cristãs, não importa se ela é, conforme as Igrejas da Reforma, da tradição do cânon da Bíblia hebraica com sete livros a menos para o Antigo Testamento, ou conforme a Igreja Católica, da tradição da Bíblia dos Setenta que tem sete livros a mais.A Palavra de Deus revela e age. Revela quem é o Deus verdadeiro e age quando se faz homem encarnada na pessoa e no projeto de Jesus Cristo de Nazaré. Age operando a salvação aqui na terra. Os cristãos acreditam que o mistério da Palavra de Deus tem como centro a pessoa de Jesus Cristo, inseparável da sua missão e projeto e por ela orientam sua espiritualidade de seguimento de Jesus como discípulos. O seguimento de Jesus só se consolida se os discípulos desenvolverem o sentido da pertença a Ele descoberta e vivenciada na sua Palavra. Diz São Paulo na primeira carta aos Coríntios: “Tudo é de vocês, mas vocês são de Cristo e Cristo é de Deus”. (1Cor 3, 22)A iniciativa é sempre de Jesus, mas a pertença somente acontece se cada batizado se decidir livremente por Ele, se houver uma opção pessoal por Jesus Cristo, Palavra encarnada do Pai. Não basta ter o nome de cristão como um rótulo que se põe em qualquer produto. Não bastam algumas práticas decorrentes de uma cultura de verniz cristão. A Palavra de Deus vivida é que conduz à pertença a Jesus Cristo. Mesmo sendo uma componente fundante da vida cristã na formação dos catecúmenos e na vida da Igreja, a Bíblia, que nos primeiros séculos impulsionara a expansão do cristianismo, tornou-se, com o tempo, um livro de especialistas. Na Idade Média, surgiram várias normas que impediram o acesso do povo à Palavra, por medo de distorção do seu significado. A Reforma Luterana estabeleceu que só a fé, só a graça, só a Escritura seriam constitutivas para a vida da Igreja, resgatando assim para si a centralidade da Bíblia.A Igreja Católica, com o Concílio Vaticano II, exigiu o urgente retorno à Sagrada Escritura como referência primeira para todas as dimensões da sua vida. Foi assim que o povo pôde aprofundar a consciência do significado da Bíblia por toda parte. No Brasil, através de cerca de cem mil grupos bíblicos o povo pode afirmar: “Este livro é nosso!”
Frei Odair Verussa é frade franciscano-capuchinho,professor da Escola de Teologia para Leigos da Diocese de Piracicaba

A riqueza que endurece o coração do homem – a avareza

A parábola do Evangelho do vigésimo sexto domingo do tempo comum(cf. Lc. 16,19-31) é uma crítica á sociedade classista, onde o rico egoísta vive na abundância, enquanto o pobre morre na miséria. O problema é o isolamento e afastamento em que o rico avaranto vive, mantendo um abismo de separação que o pobre não consegue transpor. Para quebrar esse isolamento, o rico precisa se converter. Nada o levará a essa conversão se ele não for capaz de abrir seu coração para a Palavra de Deus, o que o leva a voltar-se para o pobre. Assim, mais do que explicação da vida no além, a parábola é exigência de profunda transformação social, para criar uma sociedade onde haja partilha de bens entre todos.Há na parábola um apelo à conversão de todos - ricos e pobres - e denúncia da ordem injusta que faz o homem viver desligado de seu destino eterno por suas atitudes, que se baseiam apenas no interesse pessoal e na riqueza. O rico avarento não ficará sem um justo julgamento, não tanto pela riqueza em si, mas pelo desprezo ao pobre que lhe mendigava o pão para saciar sua fome.O drama é muito simples: um rico e um pobre. O rico se veste com roupas finas e se banqueteia com os amigos todos os dias. O pobre, doente, jaz caído à porta do rico, com cachorros lambendo-lhe as feridas, à espera de migalhas que caem da mesa do rico. Entenda-se que os ricos cavam um abismo que os separa da vida e que esse abismo nem mesmo um ressuscitado pode transpor. Nem o fato de o Messias ter sido enviado tocou o íntimo daquele homem. A avareza, o luxo, o supérfluo de uns continua favorecendo a miséria, a nudez, a carência de outros. Esse é um peso que ainda recai sobre a humanidade e que podemos modificar se soubermos agir como Deus espera que ajamos, buscando mostrar que a partilha e a justa distribuição de bens torna todos mais felizes, dando exemplo para que o mundo também se redima de sua avareza e cumprindo, desse modo, a vontade do Pai, que nos criou para vivermos em harmonia.
DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO

O sofrimento reparador

As mensagens de Nosso Senhor Jesus Cristo são tão ricas que dão margem a várias reflexões, com as quais podemos mudar e melhorar a nossa vida. Muitas vezes, nós nos lastimamos pelos nossos sofrimentos, quando deveríamos enfrentá-los, com coragem e paciência, na esperança de dias melhores. O pobre da parábola contada no Evangelho de São Lucas 16, 91-31 sofria, mas se contentava com as migalhas que caíam da mesa do rico. No entanto, ao morrer, “foi levado pelos anjos ao seio de Abraão”.
O seu mérito não foi ser pobre, mas enfrentar sua vida de sofrimentos com galhardia e paciência, sem revolta.
Ninguém gosta de sofrimento, mas ele acontece para todos. Jesus Cristo suou sangue ao pensar no sofrimento que O esperava, mas o enfrentou com coragem, paciência e amor. A Ressurreição do Senhor é uma prova de que o sofrimento, aqui na terra, é efêmero e o que importa é a abertura de nosso coração para Deus e Seus desígnios e para o nosso irmão, a fim de que possamos dar-lhe a mão e, juntos, vencer as dores, os sofrimentos e os obstáculos que surgem em nossa vida e na vida do outro.
A dor lava a nossa alma do pecado, assim como a pedra preciosa cintila cada vez mais bela quando é burilada e fica livre das impurezas. Conhecemos vários exemplos, na vida dos santos de Deus e até no nosso cotidiano, de que o sofrimento nos enobrece, nos torna mais fortes, firmes e seguros “como o cedro do Líbano”.
O Cristo afirma que fazer de nossas dificuldades um muro de lamentações não melhora a situação nem nos mostra caminhos melhores. Devemos enfrentar nossas dores como se elas fossem um trampolim para um amor maior; abraçar a nossa cruz com carinho e energia pode nos levar a dias de felicidade e à esperança de nossa ressurreição com Cristo Jesus.

Padre Wagner Augusto Portugal
Diocese da Campanha, vigário judicial

Rezar, orar para viver

Rezar não é só falar com Deus. É viver com Ele, por Ele e pelos irmãos. "Rezar é viver uma presença de amor em sua vida e fazer tudo por Deus", explica frei Patrício Sciadini em seu livro "Rezar é". Orar continuamente, sem cessar, foi ordem de Jesus aos Seus discípulos. Rezar é orar e trabalhar para o Reino de Deus, para acudir os pobres, os doentes, trabalhar pela justiça, exercer uma profissão e fazê-lo a serviço do próximo. Trabalhar assim é colocar a oração dentro da vida e fazer a vida uma oração.
O contato com Deus nos desintoxica da maldade e coloca a oração sempre dentro da vida. Nas palavras de frei Patrício: "Rezar é viver, é amar e deixar-se amar, é evangelizar, abandonar-se em Deus, cantar salmos, olhar os lírios do campo, ouvir os pássaros, desabafar o coração, dizer 'sim' e nunca dizer 'não' a Deus".
Na vida cristã, o nosso momento de estar a sós com Deus é na oração pessoal, assim como Jesus também o tinha. Mas a oração cristã não é um ato realizado apenas em benefício próprio, e sim, em benefício dos outros; não rezamos só para nós mesmos. Jesus, Maria e os grandes santos da Igreja sempre colocaram em suas orações a preocupação com os homens, pois, para o cristão, orar não é apenas contemplar a Deus, mas também orar pelo próximo, o que gera atitudes concretas de amor.
A oração é o que nos mantém vivos. Assim como a planta não cresce e não dá frutos se estiver exposta ao sol, também o coração humano não desabrocha para a vida se não tiver Deus. Quem não reza corre o risco de morrer internamente. Mais cedo ou mais tarde sentirá a falta de algo, como se fosse o ar para respirar, o calor para viver, a luz para ver, o alimento para crescer e sustentar-se. É como se lhe faltasse um objetivo para dar sentido à vida.
Santo Afonso de Liguori, fundador dos Redentoristas, dizia que "quem reza se salva e quem não reza se condena".
O corpo não vive sem alimento. A alma também não. Mas, na prática, notamos que a maioria dos cristãos parece não conhecer esta verdade. Quem mantém o controle de sua vida sabe como a oração lhe faz falta... bastam alguns dias sem oração para as tentações aumentarem e sair do caminho.
Para rezar, procure estar em silêncio dentro de si e ao seu redor. Não é sempre fácil criar esse ambiente [o silêncio], mas é no silêncio que Deus se manifesta e podemos ouvi-Lo.
Quanto mais rezamos, tanto mais temos vontade de rezar e de ajudar aqueles que sofrem. Ao contrário, quando rezamos pouco, menos queremos rezar.
Quem reza sente os frutos do Espírito que fazem a vida mais bela e mais harmoniosa.

(Artigo extraído do livro "Cristãos de atitude" – O caminho espiritual proposto por Dom Bosco, Editora Canção Nova).

Padre Mário Bonatti

O amor é gratuito e desperta em nós a gratidão

sábado, 25 de setembro de 2010

Religiosidade popular


Temos na nossa muito amada Igreja católica meios que nos leva a rezar:

Santos – Há uma grande consideração pelos santos e santas, pessoas que deram exemplo de vida cristã e hoje intercedem por nós junto a DEUS. Precisamos ter cuidado com a veneração aos santos para que não supere a adoração a DEUS. Só DEUS pode realizar milagre e atender nossos pedidos. O culto aos santos deve levar as pessoas a uma adoração maior a DEUS que os santificou e que nos santifica.

Símbolos – Usamos símbolos, pois ajudam a visualizar, tanto a presença e a ação de DEUS na vida dos fiéis, como a própria cooperação dos fieis para que à vontade de DEUS seja realiza.

Troca ou substituição – As mais comuns são as promessas e novenas. Mas deve ficar claro para nós que DEUS nos ama gratuitamente e quer o nosso bem sempre, mesmo quando nós mesmos não fazemos o bem Lc6, 27-36.


Sacramentais – São sinais sagrados instituídos pela Igreja para despertar a fé das pessoas, auxiliar nas devoções e preparar para receber a graça de DEUS. Não têm o valor e a eficácia dos sacramentos. Estes sacramentais são os diversos símbolos, tais como: medalhas, escapulário, bênçãos de casas, carros, ...

Romarias e procissões – São as peregrinações, caminhadas, que nos lembra muito a caminhada do Povo de DEUS pelo deserto.

O que significa a árvore, a maça?

O que está por trás de toda esta simbologia é o estilo literário. Comer das árvores do jardim, exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Esta expressão, este modo de falar, que o autor usa para dizer que o homem tem na vida duas opções: ser sábio e ter a vida (“comer das árvores do paraíso”, isto é, obedecer às Leis de DEUS) ou ser ignorante e encontrar a morte (“comer da árvore do bem e do mal = seguir suas próprias idéias”). A maça não é mencionada em nenhum texto bíblico. Esta idéia surgiu de pinturas clássicas (fruto mais bonito) e daí surgiu a idéia de tentação. No livro do gênesis ”fruto” simboliza a eterna tentação do homem em não querer conhecer-se como criatura diante de DEUS, mas querer comportar-se por si mesmos. Comer a maça então significa: deixar DEUS e seguir suas próprias idéias é querer seguir imprudentemente o próprio caminho.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Encontro Crisjovem marca Dia Nacional da Juventude

Missas, apresentações culturais e reflexões marcam 38º Crisjovem. O evento, organizado pela Pastoral da Juventude (PJ) em comemoração ao Dia Nacional da Juventude, acontece no dia 24 de outubro, no Parque da Cidade, e tem como tema principal “Juventude: muita reza, muita luta, muita festa em marcha contra a violência”.
Com o objetivo de preparar as pessoas para este encontro, a PJ realiza nas Foranias, de 5 a 16 de outubro, a Semana Pré-Crisjovem. Nestes dias, as pessoas partilham sobre suas experiências e participam de debates e palestras sobre o tema.

Além das portas do mosteiro

Os sinos do imponente relógio de fabricação alemã da igreja de São Bento acabam de anunciar nove horas da manhã. A poucos metros dali, um guia turístico cercado por uma dezena de pessoas aponta para a onipresente construção fincada no centro da capital paulista desde 1598 e diz: “Aquele é o Mosteiro de São Bento. Ali vivem monges enclausurados que nunca saem.” Dez minutos mais tarde, o alagoano João Baptista Neto, 28 anos, monge beneditino desde 2006, passa o crachá na catraca de acesso do complexo católico, formado ainda pelo colégio e pela faculdade de São Bento, e deixa o local caminhando tranquilamente pelas ruas da região central de São Paulo. Não fosse esse pequeno intervalo, o grupo de turistas teria a chance de presenciar que a rotina monástica dos religiosos de São Bento vai muito além do isolamento. “A vida de clausura e a externa não se confrontam para nós”, afirma o abade Mathias Tolentino Braga, 44 anos, há quatro à frente do mosteiro.


O irmão João Baptista sabe bem disso. Naquela manhã ensolarada na capital paulista, ele havia deixado as dependências do mosteiro em direção a um charmoso café na esquina das ruas São Bento com a Boa Vista. Uma segunda-feira por mês acontecem ali palestras filosóficas organizadas pelos monges, que se misturam a outras cerca de 100 pessoas e, entre uma xícara de café e outra, colocam o papo em dia. Esses religiosos, que costumam vestir pesados hábitos pretos, podem, ainda, ser vistos em outros endereços da cidade, além do largo de São Bento (onde está o mosteiro) e o café filosófico mensal. “Interagir com o mundo é fundamental para que o monge conheça a si próprio. E uma das maneiras mais ricas de fazer isso é por meio da arte – do cinema, do teatro, da pintura...”, afirma dom Mathias.

Com a licença prévia do abade, os 40 monges que vivem no complexo religioso de São Paulo têm a liberdade de atravessar os muros do mosteiro e frequentar o efervescente circuito cultural paulistano. A intenção dessa incursão ao mundo exterior é, segundo o superior beneditino, complementar a formação desses religiosos, que já é bastante sólida – a ordem de São Bento é conhecida mundialmente pela invejável estatura intelectual de seus membros. Quando saem para atividades nas quais representam a Igreja, como ocorreu, recentemente, numa abertura de exposição de arte barroca, na qual entoaram o famoso canto gregoriano, eles optam por usar o hábito. Mas nas saídas extraoficiais, ou menos formais, podem até circular à paisana.

O irmão João Baptista, que já teve a oportunidade de assistir a uma ópera no Teatro Municipal, conta que os beneditinos conservam a tradição católica com sutis inovações. Abrir as portas do belíssimo mosteiro para que 150 pessoas desfrutem um brunch preparado pelos religiosos – evento que ocorre uma vez por mês – é uma delas. “Temos de acompanhar a mensagem dos tempos”, diz ele. Bibliotecário do local, João Baptista é a prova de que optar pelo monastério não significa fechar os olhos para a vida fora do clausura.Há um ano e meio ele criou o blog da biblioteca do mosteiro e, desde então, o administra – recebe, diariamente, 450 visitas. O monge também possui outro blog, no qual posta fotos do claustro. “Imagens do mosteiro que você nunca viu” é a mensagem que consta na página inicial. Viver em sociedade, praticando atividades comuns a qualquer civil, não significa para os beneditinos rezar fora da cartilha católica. Dentro do São Bento, os monges acordam religiosamente às 5h, produzem o pão que comem, cuidam do jardim, limpam os quartos e param para rezar até sete vezes ao dia. Fazem as vezes de mordomo, ecônomo, alfaiate, arquivista e, assim, administram a casa. Dessa forma, conservam a tradição do claustro, respeitam o silêncio e se dedicam à contemplação. Porém, o atual grupo religioso de São Paulo vive um período de renovação que há muito não acontecia.

Nos últimos 17 anos, 21 beneditinos com mais de 80 anos faleceram. Hoje, a média de idade dos cerca de 40 que lá vivem é de 30 anos. E apenas um é octogenário. Em um grupo jovem, portanto, muitos deixam o mosteiro pela manhã para estudar. E completam a formação humana e intelectual frequentando eventos culturais. Claro, sempre com moderação. “Domingo é para se guardar ao Senhor, quando se intensifica a vida litúrgica. Então, não dá para a gente sair, ir ao cinema. É para ficar em casa”, explica dom Mathias.Sábado, contudo, é dia do passeio comunitário, quando 15 monges sobem numa van rumo a uma das casas de propriedade dos beneditinos – uma de campo, em Itu, no interior paulista, e outra de praia, em Itanhaém, no litoral sul. Nelas, eles reproduzem a rotina da clausura, com a possibilidade, porém, de assistir à tevê, ir à piscina ou fazer passeios. Aos 23 anos, o irmão Lourenço Palata Viola elege a caminhada na praia seu programa predileto nesses momentos. “É bom ver o mar, contemplar em frente a ele”, diz. De volta a São Paulo, Viola responde pela manutenção da sacristia. Fora do mosteiro, costuma frequentar livrarias, principalmente católicas, pelo menos uma vez por semana. E lança mão do computador para pesquisar, escrever e atender pessoas por e-mail.

Esse trabalho intelectual extramuros é fundamental para a missão do beneditino, religioso de quem sempre se espera um conselho, explicam. Afinal, o monge precisa saber o que está no coração do seu semelhante, estar antenado com as questões que o afligem, para melhor orientá-lo. “Erroneamente, muitos pensam que estamos dentro do mosteiro e fora do mundo que nos cerca. Não! Estamos em diálogo com o que está acontecendo, mas com a missão de transformar esse mundo com a palavra do nosso senhor Jesus Cristo”, finaliza o irmão João Baptista. Para evangelizar e servir, eles sabem que precisam atravessar portas e ultrapassar muros.

Fonte:http://www.istoe.com.br/reportagens/

Cura de leucemia em menino com 'poucas semanas de vida' intriga médicos

Após lutar contra a leucemia ao longo de dois dos seus três anos de vida, Jordan Harden não parecia mais responder ao tratamento. Os médicos então jogaram a toalha e lhe deram algumas semanas de vida.
Moradores de Wishaw, no sul da Escócia, os pais do garoto, Gary e Claire, resolveram levá-lo à Disney em Paris, para que Jordan aproveitasse os seus últimos dias. Pouco antes de partirem, porém, receberam uma ligação do hospital e ouviram uma notícia que os deixou entre eufóricos e perplexos: o último exame do garoto revelava que a doença havia desaparecido completamente.
Hoje, 18 meses depois, Jordan frequenta a escola e leva uma vida normal, como a de qualquer outro garoto saudável de 5 anos de idade.
A história, narrada no último domingo pelo jornal britânico Daily Mail, intrigou médicos e jogou luz sobre os misteriosos motivos que podem fazer com que um câncer desapareça a partir da reação do sistema imunológico do próprio doente.
Regressão espontânea
Em entrevista à BBC Brasil, Jacques Tabacof, diretor do Centro Paulista de Oncologia, diz que casos como o do garoto escocês são extremamente raros, principalmente se levado em conta o tipo de câncer que o acometia. Jordan tinha leucemia linfoide aguda, câncer caracterizado pela produção maligna de linfócitos (glóbulos brancos) na medula óssea.
No entanto, Tabacof diz que em outros tipos da doença, como os linfomas (cânceres do sistema linfático) de evolução mais lenta, pode haver regressão espontânea dos tumores em até 20% dos casos.
"Como esses tumores geralmente ocorrem em pessoas mais velhas, que muitas vezes já têm outras doenças, podemos não recomendar a quimioterapia imediatamente. Vamos então monitorando o paciente, já que o tumor pode regredir."
Mas Tabacof também já acompanhou casos mais surpreendentes de regressão espontânea, como o de uma paciente que sofria de um linfoma de pele. A doença, conta o médico, provocava coceiras tão intensas que ela pensava em se matar.
"Ela passou por muitos tratamentos, sem resultados consistentes. Até que teve uma melhora que não podia ser atribuída a nenhum tratamento e acabou se curando."
Imunoterapia
"Ninguém sabe bem por que e como esses casos ocorrem", diz à BBC Brasil Caetano Reis e Sousa, pesquisador do centro de estudos britânico Cancer Research UK. No entanto, diz ele, histórias como a de Jordan indicam que existe a possibilidade de criar tratamentos contra o câncer estimulando reações imunológicas nos doentes.
A imunoterapia, como foi batizada a técnica que segue essa premissa, é um dos campos de pesquisa de Reis e Sousa. Ele conta que um método atualmente em fase de testes consiste em gerar infecções intencionais para acionar a defesa natural do corpo.
Por meio dessa técnica, bactérias são conectadas a células cancerosas do paciente em laboratório, no intuito de sinalizá-las como inimigas para o sistema imunológico.
Normalmente, nossa autodefesa detecta e destrói células anormais. O câncer surge quando essas células, por serem bastante semelhantes às normais, passam despercebidas pelo sistema.
Espera-se que em breve os testes ocorram em pessoas.
Anticorpos de laboratório
Enquanto isso, segundo Tabacof, já há um método de imunoterapia adotado em larga escala mundialmente – inclusive no Brasil.
Ele consiste em aplicar no paciente anticorpos fabricados em laboratório e costuma ser usado paralelamente a outros métodos, como a quimioterapia. O médico diz que a modalidade apresenta bons resultados principalmente contra linfomas e cânceres de mama, intestino e pulmão.
Em comparação com a radio e a quimioterapia, o método provoca efeitos colaterais menos intensos e combate a doença de maneira mais específica.
Enquanto os pesquisadores tentam desvendar os mecanismos por trás de regressões espontâneas como a do garoto Jordan, a imunoterapia vai ganhando espaço e desponta como uma das frentes mais promissoras nos estudos sobre a cura do câncer.

Olhar a pessoa com o coração

Olhar a outra pessoa com o coração. Esta frase parece estranha, pois nós olhamos com os olhos e não com o coração. Mas estou utilizando esta expressão um tanto poética para dizer que o nosso olhar deve ter sempre uma fonte de julgamento: o coração. Isto porque sempre que olhamos para alguém acontece naturalmente um julgamento, uma análise. Vemos o seu exterior, a situação que se nos apresenta. Quantas vezes olhamos para uma pessoa e a realidade dela naquele momento é reprovável ou triste. Outras vezes olhamos a atitude errada de alguém e logo o julgamos e o condenamos somente com o olhar. Noutro momento a situação é bela e grandiosa: alguém fazendo o bem, outra sendo generoso e o aprovamos de imediato.
A reflexão que estou partilhando com você é esta: o julgamento que exprimo com meu olhar reflete a realidade interior que estou vivendo. A Bíblia diz que o olho é o espelho da alma. Por isso, muitas vezes, quando não estamos bem, quando nosso interior está machucado pelas agressões que a vida nos proporciona, quando perdemos o sentido para fazer algumas coisas, ou estamos precisando ser amados, normalmente vemos e julgamos de forma negativa as situações e as pessoas.
Para olharmos o mundo com o coração, isto é, transformarmos este olhar em um olhar positivo, é preciso curar o próprio coração. Muitos dão nome a isso de cura interior. Todos precisamos de cura interior. E este é um processo que começa quando temos a coragem de apresentar a Deus as nossas feridas, fraquezas, pecados e imperfeições, também os sofrimentos que a vida nos proporcionou, as pessoas que nos feriram, e pedir que a força redentora da cruz de Cristo atinja tudo isso e restaure, com o Seu supremo Amor, os sentimentos do nosso coração. O passo seguinte é projetar em Jesus uma vida nova, uma nova chance de recomeço, deixando para o passado as situações dolorosas, depositando nos sofrimentos de Cristo, na cruz, os nossos sofrimentos e pecados, rancores e ressentimentos, mágoas e decepções.
Somente um coração curado poderá fazer com que você e eu possamos ver o mundo e as pessoas com um olhar generoso, capaz de obscurecer os erros e elevar as suas qualidades. Eu quero chamar isto de: olhar a pessoa com o coração. Mas com um coração renovado e curado.
Quem sabe você também não esteja precisando ter este olhar. Então a dica que eu deixo para você é: procure curar o seu coração, reze nesse sentido e peça a Jesus a sua cura interior, deixando toda a mágoa provocada pelas situações passadas depositadas no coração d'Ele e se abra para uma vida nova. Com certeza, o seu relacionamento com as pessoas com quem convive, seja esposa, seja esposo, namorado, filho, filha, irmãos será iluminado por uma nova luz, a luz do amor.
Deus o abençoe!
Diácono Paulo Lourenço

Saia da igreja

Por favor, saia da igreja. Vá ao estádio de futebol, à fazenda, ao escritório, ao hospital, ao teatro, ao parque, ao cinema...
Saia da igreja na segunda-feira à noite, após o grupo de oração. E vá ao shopping. No trânsito, mostre, com palavras e gestos, que você não vai destruir o mundo por causa do engarrafamento. Sintonize uma rádio cristã e siga em frente. Ao chegar às lojas, só compre o que, de fato, precisa. E, de quebra, escolha uma roupa para alguém que você sabe não ter condições de comprá-la. O beneficiado poderá até desconfiar que você anda saindo muito da igreja.
Na terça-feira, saia da igreja de novo. Após participar da Santa Missa, depois de um dia todo de trabalho, vá curtir um cineminha. Na fila, à espera do ingresso para ver o filme, não economize seu bom humor e descontração. Depois da sessão, fale com seus amigos sobre os valores e mensagens que aprendeu. Afinal de contas, você saiu da igreja no fim da tarde.
Saia da igreja também na quarta-feira. Após momentos de silêncio diante do Santíssimo Sacramento, saia e passe em casa para pegar a esposa e os filhos. Vá ao estádio de futebol. Justamente porque você vive saindo da igreja, quase não sabe fazer nada sem a família. Inclusive, torcer pelo time do coração.
Saia da igreja o máximo de dias e vezes que conseguir. Especialmente no domingo pela manhã, após a Missa. Saia e corra para a praia. Vá com sua família ou amigos. Sorria bastante, conte muitas histórias engraçadas e, no final da tarde, combine de rezar o terço na casa de alguém da turma.
Uma pessoa de fora, que ouvir esse papo, logo vai pensar: "Esses aí devem ter saído da igreja".
Saia da igreja muitas vezes. Sempre.
Maurício Rebouças

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O que Jesus sabe sobre o meu dinheiro?

Nós que nos declaramos cristãos, o fazemos porque decidimos seguir a proposta de Cristo. Mais do que isso: entre tantos caminhos que nos são oferecidos, escolhemos trilhar por aquele que é "O caminho" (cf. Jo 14,6), ou seja, o próprio Jesus. E esse é um caminho de verdade e de vida, pois nos são dados ensinamentos verdadeiros e que nos proporcionam vida em abundância.
De fato, os ensinamentos de Jesus nos mostram como alcançar a verdadeira vida. E o mais interessante: estes ensinamentos perpassam por todas as áreas de nossa existência, afinal, como nos diz a Igreja: Jesus viveu em tudo a nossa condição humana, exceto o pecado. Por isso, Ele pode nos orientar em todas as questões do nosso modo de viver; e pasmem: inclusive em relação às questões financeiras.
Isso mesmo! Para os mais escrupulosos isso causa espanto e até escândalo, pois é comum encontrar, em certos círculos religiosos, grupos de pessoas que apresentam os textos bíblicos relacionados ao dinheiro de forma equivocada e, frequentemente, de maneira altamente negativa. Quantas vezes ouvimos que o dinheiro é coisa do demônio, que Cristo era contra o dinheiro, que Ele não usava dinheiro (e nesta última expressão esquecem que no grupo de Jesus havia, sim, um tesoureiro).
Pois saiba que o Senhor não somente usou o dinheiro, como também nos ensinou sobre vários temas referentes à nossa vida econômica. Se tomarmos por base o Evangelho segundo São Mateus veremos Jesus ensinando, seja por palavras, seja por ações, a respeito de assuntos ligados a esse tema, como: dinheiro, riquezas, dívidas, impostos, trabalho, pobres, comprar, vendar, bens, esmolas…
Dessa forma, estudar esse contexto dos Evangelhos se torna ainda mais importante e atual, pois é comum a todos nós que acreditamos nos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo buscarmos, nos textos bíblicos, as respostas para as angústias enfrentadas nos dias de hoje, inclusive, para as relacionadas ao dinheiro.
No mundo da economia muito se fala em equilíbrio financeiro. A meta a ser alcançada, segundo os especialistas, é o equilíbrio financeiro pessoal e familiar. E em Jesus encontramos a proposta de uma vida, toda ela, equilibrada. Ele nos ensina que o problema não é o dinheiro ou a falta dele, mas para onde direcionamos nosso coração e, consequentemente, toda a nossa vida.
Que aproveitemos este mês de setembro – no qual a Igreja nos incentiva, de modo especial, a um contato mais profundo com as Sagradas Escrituras – para buscarmos nas palavras e exemplos de Jesus Cristo o equilíbrio necessário para, seguindo o caminho d'Ele, experimentarmos a vida verdadeira.

Denis Duarte

Esvazie a lata de lixo de suas misérias

O princípio de tudo é viver a verdade. Quando conhecermos a verdade sobre nós mesmos, seremos libertos por ela. Às vezes, queremos esconder o que não pode ser escondido, e fazemos isso com espiritualidade, dizendo: “Ó Senhor Jesus! Espírito de Deus repousa sobre mim”, como se tivéssemos uma auréola na cabeça, mas, na verdade, estamos negando quem somos. Não é isso. Temos de ser sinceros a respeito do caos que somos. Não precisamos esconder de ninguém a verdade. Não precisamos esconder que temos mágoas; somos todos leprosos em maior ou menor grau. Não precisamos "tapar o sol com a peneira", porque sabemos que sobre essa realidade triste do pecado e de suas consequências, que somos nós, repousa o Espírito de Deus.O pecado original está em nós e no ambiente de desordem e desamor em que estivermos e ainda vivemos, mas não participamos mais dele. Às vezes, a poluição do pecado está bem próxima de nós, em nossa família, por exemplo, porque até conseguimos participar da nova vida, mas nossos familiares não. Por tudo isso, ocorreu um estrago em nosso interior e o Espírito Santo quer fazer a reconstrução. Ele quer tirar do "homem velho" o "homem novo" e da "mulher velha", a "mulher nova". Do caos Ele quer tirar a ordem, a beleza e a vida.Até o final da vida precisaremos ser curados e desvencilhados, porque a luta contra o pecado, que está em nós, não termina rapidamente. É uma luta para toda a vida e ainda temos muito que caminhar. Tenhamos isso em mente ao participar do grupo de oração, da Santa Missa, da comunhão e da confissão. Precisamos buscar a cura e a libertação de muitas amarras para que, cada vez mais, possamos ser simplesmente aquilo que somos, desvencilhados do estrago causado pelo pecado em nós. O pecado, o desamor, a mentira, a hipocrisia, as rejeições, as opressões vividas no lar, na escola, nos primeiros serviços, nos primeiros namoros, nas bebedeiras e nos vícios, nos desmandos sexuais, tudo isso feriu de tal maneira nosso interior que precisamos urgentemente nos libertar de todos esses males, para que sejamos nós mesmos. Você poderá ser o homem ou a mulher que é – sem aquelas "viradas na lata de lixo" que de vez em quando acontecem e despejam uma podridão para fora. Não adianta querer ficar com a lata arrumadinha, embrulhá-la em papel prateado, porque não resolverá o problema. É preciso esvaziá-la.A beleza de tudo isso é que em cima da "lata de lixo" repousa o Espírito de Deus com Suas asas abertas para tirar de todo essa "sujeira" a ordem, a limpeza, a beleza, a vida e fazer surgir o "homem novo" e a "mulher nova" à imagem e semelhança de Deus. A efusão do Espírito quer justamente libertá-lo e curá-lo, para que seja o homem e a mulher que tanto se esforça para ser, mas não consegue, em virtude das amarras que carrega como consequência do pecado.

Trecho do livro "Curados para amar" de monsenhor Jonas Abib

Usar anticoncepcional ou não, eis a questão?

A mulherada da Igreja até sente arrepios quando se fala em anticoncepcional, pelo próprio nome, que traduz sua função mais conhecida: inibir a concepção, a fecundação, a geração de uma nova vida. Porém, as meninas precisam encarar que, em alguns casos, ele é necessário como repositor ou controlador hormonal. Nem sempre nosso sistema reprodutor funciona direitinho, e é importante dar uma "calibrada" nos órgãos. A pílula anticoncepcional pode ser uma boa aliada para que seu organismo equilibre a quantidade de hormônios que você precisa e iniba a formação de cistos.
Já ouviram falar em ovário multipolicístico, policístico, micropolicístico? Então, essa é uma alteração que precisa ser tratada, para não gerar mais complicações e uma das alternativas mais acessíveis para o tratamento é a utilização de pílula anticoncepcional por um determinado período. Ela atuará como um remédio, meninas! Sabe quando você está com muita febre e precisa de um antitérmico? Muitas vezes, os seus hormônios estão desregulados, e como qualquer tratamento, a ingestão de anticoncepcional terá início e fim. Não é algo para toda a vida.
Outra coisa bem diferente é usar o anticoncepcional como forma de evitar a gravidez, e a Igreja é sábia em orientar que isso é um erro grave, uma vez que o ato sexual deve sempre estar aberto à fecundação. Para o
planejamento familiar, há o método Billings, já comprovado cientificamente como válido, se utilizado corretamente. É preciso, portanto, tomar cuidado e não confundir essa norma da Igreja com a necessidade de um tratamento!
Muitas mulheres, por desinformação, deixam de lado os cuidados com o seu aparelho reprodutor e não utilizam o anticoncepcional, receitado pelo ginecologista para controle hormonal, com receio de estarem em pecado. Ou com medo de alguém ver a cartelinha de anticoncepcional na bolsa, em casa, e ficar julgando seu comportamento, e ignoram essa necessidade de tratamento.
Perceba o risco: essa síndrome que citei, por exemplo, se não tratada, pode ter diversas consequências negativas para o organismo, como disfunções na produção de insulina, aumento de colesterol ou surgimento de diabetes. Aumenta-se o risco de câncer de endométrio e também podem surgir problemas psicológicos (sem falar nos pelinhos em excesso pelo corpo e o descontrole de peso) que a síndrome pode causar.
Nosso corpo é templo do Espírito Santo, e temos o dever de zelar por ele. Portanto, procure um médico sempre que necessário, tenha uma alimentação saudável e pratique esportes. E sem "neuras", se, por um tempo, tiver de se submeter a um tratamento que vai melhorar sua saúde. Converse com suas amigas a respeito e se alguém olhá-la torto, porque você está se medicando, será uma boa oportunidade de você “abrir a cabeça” dessa pessoa para uma importante questão de saúde pela qual, de repente, ela mesma pode estar passando.
Afinal, é superimportante estar com o seu sistema reprodutor bem curado e funcionando direitinho para, em um momento oportuno, Deus lhe conceder a graça de conceber um filho, não acha?
Mariella Silva: jornalista, professora universitária e consultora no Ministério da Saúde

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sexo fora do casamento

Há, felizmente, hoje mais de 600 sites católicos na Internet e grande é a oportunidade para se responder a inúmeras questões sobre a Religião, Filosofia, História. Por outro lado, se percebe um profundo desconhecimento da Bíblia Sagrada, pois algumas questões, se o Livro Santo fosse lido, relido, estudado, não seriam colocadas... Uma delas é onde está na Bíblia que não se pode usar o sexo fora do casamento. Esquece´se que os Mandamentos dados pelo próprio Deus a Moisés são a vereda da libertação. Entre eles estão o Sexto e o Nono Mandamentos: ´Não pecar contra a castidade´ e ´Não desejar a mulher do próximo´ (cf. Ex 20,2´17; Deut 5,6´21). Jesus em inúmeras passagens de sua pregação urgiu o cumprimento destes preceitos. É só ler com atenção o Evangelho. Isto foi muito bem entendido, tanto que diz São Paulo: ´Nem os impudicos, nem idólatras, nem adúlteros, nem depravados, nem de costumes infames, nem ladrões, nem cobiçosos, como também beberrões, difamadores ou gananciosos terão por herança o Reino de Deus (lCor 6,9; Rom 1l,24´27). Condena o Apóstolo a prostituição (1Cor 6,13ss, 10,8; 2Cor 12,21); Col 3,5). É preciso, de fato, sempre evitar os desvarios da carne. O corpo do cristão, criado pelo Ser Supremo e informado por uma alma espiritual, é santificado, consagrado ao Senhor pelos sacramentos, sobretudo, pelo Batismo, Confirmação e Sagrada Comunhão. O batizado é membro do Corpo místico de Cristo. O corpo é o santuário de Deus, que habita nele pela graça batismal. Cumpre então ao discípulo de Jesus conservar o seu corpo em pureza e santidade. O corpo humano é, realmente, uma das obras mais extraordinárias de Deus. Nele tudo é bom e valíoso. Nele não exíste nada que seja desprezível ou pecaminoso. Além de todas as maravilhas que encantam os cientistas este corpo é, de fato, o Templo do Espírito Santo (1Cor 3,16s; 2Cor 6,16). Cristo foi claro: ´Se alguém me ama, meu Pai o amará. Viremos a ele e faremos nele nossa morada´ (Jo 14,23). Ora, guardar castidade signifíca: fazer um reto uso das faculdades sexuaís que Deus colocou no nosso corpo. A castidade é uma atitude correta diante do sexo, ou seja, conservar e usar as forças do sexo dentro do plano de Deus. Para isto é mister perceber qual é o sentido profundo e valor exato da sexualidade. Deus preceituou que homem deixaria o pai e a mãe e se uniria a sua mulher, formando uma só carne (Gên. 2,24). Ele havia dito: ´Não é bom que o homem esteja só, far´lhe´ei uma auxiliar igual a ele (Gên. 2,18). O Criador abençoou Noé e seus filhos e lhes ordenou: ´Sede fecundos, multiplicai, enchei a terra´(Gên. 9,1). O sexo está destínado, portanto, à uníão e ao crescimento no amor, possibilitando a críação de uma nova vida humana. Na visão crístã não é, como hoje muìtos querem fazer crer, algo que se possa usar fora dos planos divinos. Ele foi feito para o matrimônio e o matrimônio foi elevado à sua prístina dignidade por Jesus Cristo, como está claríssimo no Evangelho (Mt 5,32). Jesus proclamou: ´Bem´aventurados os puros, porque eles verão a Deus´. Muitos, felizmente, são os jovens que imbuídos do Espírito Santo se conservam puros até o dia do casamento, apesar de toda esta onda de erotismo que envolve, infelizmente, o mundo de hoje.
C ôn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

Jesus sabe de todas as suas dificuldades.

Os felizes que habitam no Reino do Senhor não são os ricos e poderosos, mas os que têm um coração pobre, os que choram, os que têm fome e sede de justiça, os mansos, os misericordiosos, os puros de coração, os pacíficos e até mesmo os que são perseguidos por causa da justiça ou que são caluniados por causa do Evangelho (Mt 5, 1-11). Amado e amada, servo (a) bom e fiel, com Jesus a graça de Deus vem de graça, Ele é a graça em pessoa e que permite que essa graça chegue ao coração de cada um, por pior que pessoa seja ou possa ter sido. Muitas pessoas dizem ser tementes a Deus, mas não sabem amar seu irmão. Jesus sabe de todas as suas dificuldades, conhece-te no mais intímo do vosso ser, e aguarda anciosamente que você diga para Ele o que tem te machucado. Deus não precisaria de nós para mudar este mundo, mas quer precisar de nós. Ele não se deixa contaminar por nossa fraqueza humana. Expulsa demônios, cura os leprosoe e tantas outras enfermidades. Jesus te valoriza, e te dá o conforto da verdadeira paz. A vida do ser humano para o Senhor está acima das leis, normas, preceitos e posições sociais. Somos a imagem e semelhança de Deus e o que fizermos ao menor dos seus filhos é ao Senhor que o fazemos. Por isso é preciso que tenhamos a coragem de não somente dizer " Senhor, Senhor", e sim com a vida testemunhar e viver como verdadeiro discípulo, como servo, passando pela porta estreita que revela o caminho do Senhor. Jesus concedeu aqueles que pela sociedade eram rejeitados, marginalizados, excluídos, enfermos, pocessos, o verdadeiro amor de Deus e a paz, por que: "não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras. Eu quero a misericórdia e não o sacrifício. Eu não vim chamar os justos, mas som os pecadores". Mt 9, 12b-14
FONTE:www.catequisar.com.br

O bom uso da riqueza

A parábola (cf. Lc 16,1-13 ou 16,10-13) fala de um problema de administração. Estudos sobre a sociedade judaica nos tempos de Cristo informam que, segundo o costume tolerado na Palestina daquela época, o administrador tinha o direito de conceder empréstimos com os bens de seu senhor. E, como não era remunerado, ele se indenizava, aumentando no recibo a importância dos empréstimos. Assim, na hora do reembolso, ficava com a diferença como um acréscimo que era o seu juro.No presente caso, ele não havia emprestado, na realidade, senão 50 barris de óleo e oitenta medidas de trigo. Colocando no recibo a quantia real, ele estava se privando apenas do benefício que havia subtraído. Sua desonestidade não consiste, pois, na redução dos recibos, mas é um sacrifício de seus interesses imediatos, manobra hábil que o patrão pode louvar.A usura do administrador é evidente nas taxas de juros exigidos para os empréstimos. No caso do óleo, a taxa é de 100% e no do trigo, de 20%. Enfim, ele é um administrador que sabe fazer as contas e isso com os gêneros de primeira necessidade. O que ele costuma fazer leva o patrão à perda da clientela.Esse fator, aliado à denúncia de desonestidade, provocou a demissão do cargo.É importante notar a radical mudança que o administrador faz em sua vida. Ele abriu mão de todos os seus lucros. Com isso, ganhou um elogio do patrão. Desistindo de todo lucro, faz amigos e, se for despedido, terá quem o acolha na própria casa.O que Jesus quer mostrar é que podemos nos servir das riquezas materiais, e também dos dons espirituais que recebemos, para fazer justiça social. Afinal, tudo o que temos nos foi dado por Deus para que usemos pelo bem comum. Se assim fizermos, estaremos conquistando as graças do Pai, que nos receberá com alegria porque soubemos administrar com fidelidade os bens que foram colocados ao nosso dispor.
DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO

Por que muitos jovens não se casam?

As estatísticas não deixam margem a dúvidas. Se unir-se em santo matrimônio, ou “casar na Igreja”, sempre foi uma luta secular (milenar) da Igreja, nos últimos decênios se acentuou perigosamente essa tendência. Os missionários leigos de uma Paróquia, certa feita, percorreram os domicílios de um bairro, onde a grande maioria se professava católica. Verificaram que mais de 80% da população não era legalmente casada (no civil), e mais de 90% dos católicos não tinham um casamento abençoado pela Igreja. Os jovens tinham o costume de “ajuntar os trapos”, e irem morar juntos. Isso de “casar com papel passado” sempre ficava para depois. Isso é, para nunca. Tais casais ficam tolhidos em sua plena participação na vida da Igreja. É uma deficiência de raiz, para formar uma boa família. O que intriga são as razões de tal procedimento.Sem explorar todos os motivos que podem originar essa vida, sem a certeza da graça de Deus na família, vou me deter sobretudo num deles. É a característica, descrita por Jesus, da perpetuidade do casamento. Isso é, o matrimônio não deve ser dissolvido pela separação. Tal exigência vem para o bem do casal, e para o bem dos filhos. A Igreja, acolhendo o ensinamento do Mestre, mostra que a fidelidade perpétua faz parte integrante de uma família. Os namorados, contudo, vão mais longe que os apóstolos de Jesus. Estes, ao ouvirem as exigências de Jesus sobre o casamento, exclamaram: “Mas então é melhor não casar”. Os jovens e os adultos de hoje falam: ”Então é melhor se ajuntar”. Os casadouros raciocinam: “Se o casamento não der certo, então é preciso desfaze-lo, e partir para outra solução”.O que falta aos noivos de hoje, é um sério namoro, bem conduzido, com o objetivo de conhecer a personalidade do parceiro. A maioria das uniões nasce de uma paixão momentânea, de um lampejo de ardor sexual, de uma intuição de feliz convivência.Não existe a paciência de um conhecimento mais profundo, ou a verificação do modo como o parceiro sabe administrar as contrariedades. Mas o que falta mais, é arrojo de crer no parceiro e saber que a graça divina estará com todos aqueles que recebem a graça do sacramento do matrimônio.
DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN

Os anjos são santos?

Normalmente essa pergunta pode vir à nossa cabeça, mas, como é questão de fé, é importante esclarecer e é bom nos debruçarmos sobre o que diz a Bíblia e a Doutrina da Igreja. Realmente há uma distinção entre a santidade dos anjos e a nossa. Os anjos são santos, mas são espíritos puros dotados de inteligência e vontade e na natureza há uma diferença entre a nossa santidade humana da santidade deles [anjos]. Nós somos humanos dotados de corpo, alma e espírito; os anjos são seres puramente espirituais. Por serem seres espirituais, os anjos bons e maus não podem ter a sua existência provada de maneira experimental e racional; no entanto, a Revelação atesta a sua realidade. Eles são mencionados mais de 300 vezes na Bíblia. Apesar de sua dignidade superior eles são somente criaturas de Deus, nós somos filhos de Deus.
Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos números:
328 A existência dos seres espirituais, não corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto à unanimidade da Tradição.
332 Eles aí estão, desde a criação e ao longo de toda a História da Salvação, anunciando de longe ou de perto esta salvação e servindo ao desígnio divino de sua realização: fecham o paraíso terrestre, protegem Lot, salvam Agar e seu filho, seguram a mão de Abraão, comunicam a lei por seu ministério, conduzem o povo de Deus, anunciam nascimentos e vocações, assistem os profetas, para citarmos apenas alguns exemplos. Finalmente, é o anjo Gabriel que anuncia o nascimento do Precursor e o do próprio Jesus.
333 Desde a Encarnação até a Ascensão, a vida do Verbo Encarnado é cercada da adoração e do serviço dos anjos. Quando Deus "introduziu o Primogênito no mundo, disse: - Adorem-no todos os anjos de Deus” (Hb 1,6). O canto de louvor deles ao nascimento de Cristo não cessou de ressoar no louvor da Igreja: "Glória a Deus nas alturas..." (Lc 2,14). Protegem a infância de Jesus, servem a Jesus no deserto, reconfortam-no na agonia, embora tivesse podido ser salvo por eles da mão dos inimigos, como outrora fora Israel. São ainda os anjos que "evangelizam", anunciando a Boa Nova da Encarnação e da Ressurreição de Cristo. Estarão presentes no retorno de Cristo, que eles anunciam serviço do juízo que o próprio Cristo pronunciará.
329 Santo Agostinho diz a respeito deles: - “Anjo (mensageiro) é designação de encargo, não de natureza. Se perguntares pela designação da natureza, é um espírito; se perguntares pelo encargo, é um anjo: é espírito por aquilo que é, é anjo por aquilo que faz". Por todo o seu ser, os anjos são servidores e mensageiros de Deus. Porque contemplam "constantemente a face de meu Pai que está nos céus" (Mt 18,10), são "poderosos executores de sua palavra, obedientes ao som de sua palavra" (Sl 103,20).
Para alcançarmos a santidade Deus nos presenteou com um companheiro de caminhada, que conhece como ninguém a vontade do Senhor: Desde o início até a morte, a vida humana é cercada por sua proteção e por sua intercessão. "Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida" (CIC n°336). Ainda aqui na terra, a vida cristã participa na fé da sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus. Portanto, os anjos são criaturas espirituais que servem ao Senhor e aos homens em relação ao Seu plano divino de salvação. A santidade faz parte da natureza dos anjos, mas para nós seres humanos e limitados pela nossa humanidade ferida pelo pecado, a santidade é uma luta, uma conquista diária, requer vontade firme, renúncias, obediência a Deus e Sua vontade, vida de oração e comunhão com Ele e com os irmãos.
A Igreja fala de virtudes heroicas praticadas por homens e mulheres que foram fiéis e trilharam uma vida santa e os chama de modelos e intercessores: "Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar solenemente que esses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do Espírito de santidade que está em si e sustenta a esperança dos fiéis, propondo-os como modelos e intercessores. "Os santos e as santas sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis da história da Igreja." Com efeito, "a santidade é a fonte secreta e a medida infalível de sua atividade apostólica e de seu elã missionário" (CIC 828).
Deus nos criou para a comunhão com Ele e "O aspecto mais sublime da dignidade humana está nesta vocação do homem à comunhão com Deus. Este convite que Deus dirige ao homem, de dialogar com ele, começa com a existência humana. Pois se o homem existe, é porque Deus o criou por amor e, por amor, não cessa de dar-lhe o ser, e o homem só vive plenamente, segundo a verdade, se reconhecer livremente este amor e se entregar ao seu Criador" (CIC nº. 27).
O nosso saudoso Papa João Paulo II afirmou certa vez: "Não tenhais medo da santidade, porque nela consiste a plena realização de toda autêntica aspiração do coração humano. Entre as maravilhas que Deus realiza continuamente, reveste singular importância a obra maravilhosa da santidade, porque ela se refere diretamente à pessoa humana". E o Sumo Pontífice resume tudo dizendo: “A santidade é a plenitude da vida”. Portanto, Deus Pai, na Sua infinita misericórdia e Providência, nos presenteia com os santos anjos para nos ajudar como companheiros na dura caminhada para a santidade. Por isso, desde criança aprendemos:
"Santo Anjo do Senhor, meu zeloso e guardador, se a Ti me confiou a piedade Divina sempre me rege, me guarde, me governe, me ilumine. Amém".
Padre Luizinho

A quem servimos

A Palavra de Deus nos mostra questões importantes com relação ao ensino social da Igreja e também com relação ao sentido último de nossa vida, perguntando-nos a quem queremos servir. Isso devido ao desenfreado encaminhar da vida para a posse de bens como se fosse a razão única da vida humana.
Todos nós somos envolvidos por grandes preocupações diárias. O acúmulo das horas para o acúmulo de dinheiro é uma constante em nossas vidas. Mas, será esse o destino final da vida? A correria para ganhar e acumular bens, como nos ensina a sociedade, e ao mesmo tempo vendo que a ideologia atual tem levado a grandes insatisfações e ao crescimento da violência. O fim último de nossa vida tem que ir além disso tudo.
Devemos notar que o nosso senso de justiça está sempre envolto em nossas próprias preocupações. O nosso senso de justiça é individualizado. Temos muita dificuldade em nos sentirmos em co-participação. Há toda uma atmosfera de egoísmo que nos envolve, que toma conta de nós. A divulgação por todos os meios desse tipo de sociedade leva as pessoas a encaminharem toda a sua existência para esse tipo de vivência.
As preocupações com o dinheiro e o poder tomam conta de nossas vidas e ocupam a maior parte de nosso tempo. A vida é muito mais do que o acúmulo progressivo e constante do dinheiro, da propriedade, do conhecimento ou mesmo do prazer. Esta busca incansável ocupa nossa vida e nos deixa em estado de agitação e de angústia existencial. É claro que temos necessidade de possuir, crescer no conhecimento, progredir – a diferença está em quem colocamos a razão do nosso viver.
Claro que o esforço é necessário para alcançarmos o que a sociedade nos oferece como ideais de vida, mas este esforço não nos conduz ao grau de satisfação que buscamos. A dinâmica da vida vem antes da busca pela riqueza, pelo poder e pelo prestígio. Esses acabam por transformar a existência numa busca sem fim e que nunca nos satisfazem por completo.
Jesus quer que não nos acomodemos com esta busca desenfreada, mas que ganhemos a experiência da vida plena em Deus. Esta sede infinita que tenta se satisfazer pela posse não é exclusiva de uma classe social ou mesmo de um sistema econômico, mas encontra-se no SER do homem. O sistema em nossa volta tem, entretanto, o poder de nos seduzir. Os apelos pelo TER desenvolvem essa tendência pelo acumular. Aí sim entra em choque o nosso discernimento.
Queremos preencher um vazio interior do sagrado pela posse das coisas. A ganância e a ânsia pelo ter são drogas aprovadas socialmente falando. Embriagam-nos e nos entorpecem, impedindo-nos de ver a realidade do transcendente em nossa vida. Jesus nos quer atentos a isso.
Numa sociedade onde a busca monstruosa pelo dinheiro é predominante, não há espaço para Deus. Só há espaço para os clientes, para a venda, pelo mercado, pelo sucesso, pelo lucro fácil. Não percebemos a riqueza em Deus, mas somente a riqueza na conta bancária.
Devemos acreditar que hoje o mais urgente é a vida plena que Deus quer nos proporcionar. O nosso trabalho justo e honesto não pode ser uma busca apenas pelo ter, um desespero exagerado pelo acúmulo de coisas, dinheiro, prazeres. Nosso trabalho deve ser humanizado. Não pode ser apenas baseado no sucesso comercial, mas no crescer como pessoa. Somente um mecanismo de sucesso deve nos mover: alcançar a plenitude do ser humano aos olhos de Deus.
Evidentemente que a situação que hoje vivemos vem de longe. Vide, por exemplo, a situação ambiental na degradação total do meio ambiente, o desaparecimento de florestas, a poluição da atmosfera, a extinção de espécies biológicas. Chega um momento em que o homem quer “derrubar celeiros e construir outros ainda maiores”. A situação ambiental é sinal, é reflexo desta busca desenfreada e desmedida pelo ter.
Temos que abrir espaço para Deus em nossa vida. Ao final seremos julgados pelo nosso bem ao outro e não pelo dinheiro armazenado, acumulado. Pensemos nisso. O que vamos dizer a Deus quando chegarmos a Sua presença e nos apresentarmos? As mãos vazias de amor ou o dinheiro inteiro que conquistamos? Viver com os olhos voltados para o transcendente nos faz mais justos e felizes desde agora.
Não podemos ficar “em cima do muro”. Não podemos servir a dois Senhores. Pensemos muito sobre isso e façamos uma reflexão a respeito do primeiro mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas!
Dom Orani João Tempesta

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Por que tantas vezes marido e mulher não se entendem?

Por que tantas vezes marido e mulher não se entendem? Porque cada um tem um histórico de vida – a gestação, a infância, a maneira como foram educados por seus pais (uma educação rude e autoritária ou uma educação liberal demais, que os fazia se sentirem rejeitados), a escola, como foram informados sobre a sexualidade, as rejeições da adolescência, quando eram jovens e cheios de ideais. Tais marcas acabam incidindo sobre o casamento.A partir desse exemplo fica mais fácil entender por que acabamos ferindo as pessoas que mais amamos. É como um recipiente cheio d’água que, a certa altura, começa a transbordar. Conosco também ocorre o mesmo; derramamos aquilo que está em excesso dentro de nós justamente sobre as pessoas que mais amamos, como é o caso de marido e mulher. O marido tem certeza de que sua mulher o ama, uma vez que ela já deu muitas demonstrações disso, mas mesmo assim ele se excede com ela. Às vezes, não se trata de nada grave, contudo, derramou sobre ela todo o seu negativismo, que geralmente não tem uma causa, sendo apenas reflexo do passado. Certamente esse marido precisa de muita cura e libertação. E a beleza de tudo isso é que o Senhor quer curar e libertar. Por isso, é preciso buscar a cura dessas coisas concretas.Tal comentário não tem a intenção de manifestar que as mulheres sejam santas e os maridos pecadores, porque a mesma coisa também acontece com elas. Quantas e quantas vezes o marido chega em casa e a mulher derrama sobre ele uma enxurrada de reclamações que ele sequer entende. Muitas esposas sempre arrumam uma dificuldade: ele entrou em casa com o pé sujo, derramou qualquer coisa no chão, não lhe deu atenção nem foi carinhoso, enfim, uma infinidade de queixas que, quando analisadas, descobre-se que não são o verdadeiro motivo do desentendimento. Possivelmente, uma simples atitude tenha sido a gota que fez o recipiente transbordar. Então, em virtude de um passado doloroso surgem aqueles enormes problemas entre o casal.Uma hipótese é que a esposa talvez tenha sido humilhada e rejeitada desde a infância. Deus caprichou nas mulheres e as criou cheias de amor, mas, talvez essa mulher não tenha conseguido amar nem ser amada, pelo contrário, tenha sido ignorada e manipulada, inclusive, em sua própria casa. Ela carregava toda essa carga quando se casou com seu marido. Além de experiências dolorosas dos namoros e da sexualidade que experimentou. Quanta frustração sexual! Ninguém lhe permitiu que crescesse como mulher, em sua feminilidade, porque sexualidade não se resume a um órgão genital e ao prazer. Talvez tenha sido reprimida naquilo em que era mais ela mesma, por causa da educação recebida em casa, a qual não condizia com o seu interior. Ela observava o comportamento das colegas e o que mostravam os romances, as novelas e filmes. Quem sabe ela tenha até sonhado e mesmo tentado vivenciar tais acontecimentos, mas sentia que estes não condiziam com seu interior. Foram experiências interiores ruins e sofridas de incapacidade de ser o que se é. Nosso ser sofre por não conseguir ser aquilo que Deus o criou. Tudo isso foi mencionado para que entendamos que a vivência no Espírito deve atingir a nossa vida concreta. É essa a pretensão do Senhor.

Humildade não significa ser menor

Vivemos numa sociedade que tem grande necessidade de escutar de novo a mensagem evangélica a respeito da humildade. A corrida para ocupar os primeiros lugares, quem sabe esmagando a cabeça dos outros, a competição desenfreada, o arrivismo e outras expressões de desequilíbrio, todas originadas no orgulho, são atitudes, por um lado, desprezadas e por outro, infelizmente, seguidas. O Evangelho tem força social quando fala de humildade e modéstia: “Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e voltou ao seu lugar. Disse aos discípulos: “Entendeis o que eu vos fiz? Vós me chamais de Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque sou. Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros” (Jo 13, 12-14). Tal espírito de serviço é destinado a fermentar as relações sociais com sadio realismo e coragem para estabelecer novos parâmetros no relacionamento humano.
Em tempo de intensa competição por cargos políticos, pode parecer estranho falar de humildade, pois a ordem do dia é mostrar as próprias qualidades em detrimento do comportamento “do outro lado”. Ao cristão cabe a coragem de nadar contra a correnteza, propondo e experimentando em si um comportamento diverso. A palavra "humildade" tem parentesco com "homem" e as duas derivam de "húmus", que significa "solo", "fecundidade". Humilde é aquele que está embaixo, perto do solo e, justamente por isso, se arrisca menos a perder o equilíbrio. Tem os pés firmes na terra! É, pois, “humano” ser humilde! A pessoa humilde não pretende ser maior nem menor do que realmente o é. A fecundidade de sua existência depende de se oferecer, em espírito de serviço, para realizar o que é capaz na direção do bem dos outros. A modéstia faz mais belos os dons que foram concedidos a cada um. Mas humildade e modéstia só combinam com o amor de caridade! Quem escolheu viver para amar na medida do amor de Deus aceita ser apoio para os outros com humildade, sem humilhação.
Para um pai ou uma mãe de família, humildade pode ser debruçar-se para escutar histórias de um filho, ir ao encontro do outro que faz mil perguntas desconcertantes, ou fecundar com um sorriso o final de um dia. No trabalho, esta virtude pode significar iniciativa e criatividade. Uma pessoa descobrirá na capacidade de escuta seu caminho de humildade. Outra, no campo desafiador da política, poderá diminuir a arrogância de muitos dos discursos e tornar-se mais realista e mais simples, abrindo-se para a colaboração dos outros, propondo com realismo os passos em vista de uma mudança social mais consistente.
Jesus foi ao encontro de todos. Nós O vemos conversando com jovens e velhos, publicanos e prostitutas, justos e pecadores ou convidado a tomar refeição em casa de um fariseu (Cf. Lc 14,1-14). Já nas bem-aventuranças começavam os convites aos pobres, aflitos, mansos de coração, famintos, perseguidos! Ao contar os detalhes daquela refeição, o Evangelista São Lucas abre o horizonte da compreensão do grande banquete escatológico a que Deus convida todos os homens e mulheres.
É ocasião para duas pequenas parábolas. Aos convidados, Jesus parece ensinar normas de etiqueta social, mas na realidade desnuda as intenções com as quais ali se encontravam, propondo-lhes a entrada da festa do Reino de Deus pela estrada do serviço, já que muitos queriam entrar com os privilégios de eventuais indicações privilegiadas. Ao dono da festa, Cristo esclarece que um gesto aparentemente magnânimo pode esconder interesses! Dá muito trabalho – a prática da virtude! – entender que será feliz quem fizer as coisas por absoluta gratuidade: “Serás feliz, porque eles não te podem retribuir” (Lc 14, 14).
Se existe entre nós muita competição e egoísmo, por outro lado, são muitos os testemunhos de pessoas gratuitas em seu relacionamento, gente alegre e feliz que dá tudo de si para o bem dos outros. Olhando ao nosso redor, veremos florescer esta magnífica espécie! São flores da virtude da humildade, daquela humildade das flores, que tiram da terra apenas e só aquilo que precisam para serem vivas e bonitas, como Deus nos quer!
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará

domingo, 19 de setembro de 2010

Deus diz

Deus diz:
Teu destino está maravilhosamente traçado por mim.
Só há vitórias reservadas para você.
Mas você precisa me entregar sua vida.
Toda sua vida, não parte dela.
Confie em mim porque sou Digno de confiança.
Não confie nos homens, não confie nas suas próprias forças, porque suas forças sou Eu quem as dou.
Confie apenas em mim, pois grandes coisas estão guardadas para você.
Vem descansar em meus braços meu filho...
Vem conversar comigo...
Me entrega as coisas velhas e peça coisas novas.
Eu conheço todos os desejos do seu coração, conheço todas as suas necessidades, desejos e anseios, mas eu gostariaque você conversasse comigo, que colocasse no meu altar os seus medos, suas dúvidas, tudo o que há em seu coração.
Meu filho, deixa-me fazer morada em seu corpo.
Permita que seu corpo seja a morada do meu Espírito.

Padre Marcelo Rossi

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Não desanime na intercessão

Eu quero dizer a você que eu sei do seu sofrimento, da sua dor. E é impressionante e lindo que a primeira característica da intercessão não é a oração por quem precisa, mas é o sofrimento por quem precisa.
O intercessor é alguém que sofre com aquele que necessita da oração, que precisa da graça de Deus. Sim, o intercessor é alguém que sofre!
Você se lembra bem daquela passagem em que Jesus já havia percorrido todas aquelas regiões próximas a Cafarnaum, pregando a Palavra, curando e libertando (isso está em Mateus 9). E terminando aquele giro que Cristo fez por aquelas cidades, diz o Evangelho, que Ele ficou com o coração despedaçado. Ele foi tomado de compaixão e disse: "Esse povo é como ovelhas sem pastor". A primeira coisa de um intercessor é isso: é sofrer "junto", é sofrer "com". E é também sofrer "por causa de". Então você esposa, que sofre tanto por causa do seu marido, você filho ou filha que sofre tanto por causa do seu pai, saiba que esse sofrimento que você enfrenta, essa dor que talvez seja contínua (porque a situação continua), está fazendo de você um intercessor, uma intercessora.O que hoje o Senhor está dizendo a você é: "Não jogue fora esse sofrimento! Não jogue fora essa dor!"; porque, infelizmente, muitas vezes, nós o jogamos fora. Nós estamos sofrendo tanto e a coisa não muda... E não aproveitamos isso. Ao contrário: justamente porque você está com o coração despedaçado, você já tem a condição fundamental para interceder, para pedir ao Senhor, para pedir do jeito de Moisés.O bonito é que na hora em que Moisés (intercedeu pelo povo: cf. Ex. 32,11, 31 e 33) pediu assim, Deus mudou totalmente de ideia. O Senhor encheu-se de misericórdia, perdoou aquele povo. Voltou atrás naquilo que havia dito. [...]O Senhor está presente na sua casa. Muitas vezes, nós pensamos –, pelo fato de estarmos sofrendo muito, pelo fato da confusão no nosso lar ser muito grande, pelo fato de sentirmos que os problemas são muito graves e humanamente insolúveis –, que Deus não está em nossa casa. Não! Pelo contrário! Veja bem: não é o Senhor que causa esses problemas. Não! Quem causa esses problemas é aquele, que é causador de problemas, ou seja, o inimigo. Não é Deus não!Muitas vezes, infelizmente, nós até jogamos a culpa em Deus como se Ele fosse o culpado de tudo isso, como por exemplo, do seu marido ser assim. E mesmo que você acredite que o Senhor não seja o culpado pelo seu marido ser desse jeito, talvez você, de certa maneira, tenha um sentimento de que o Senhor poderia mudá-lo [seu marido]... Só que Ele não o faz. Só que Deus não muda o seu esposo. Só que você pediu tanto, sofreu tanto, e seu marido não mudou ainda... Então você pensa que o Senhor está longe. Que Ele se esqueceu de você e abandonou a sua casa. Não, ao contrário: Deus está na sua casa. E uma coisa que nós temos de compreender: a graça de Deus nos cerca.

Trecho da pregação "Não desanime na intercessão" de monsenhor Jonas Abib

Nunca é tarde para recomeçar!

O dinamismo da mudança e de ser melhor a cada dia nunca é tardio, pois faz das quedas um motivo de crescimento, de vida nova e de aprendizado.
E você? Faz das situações de dificuldade um motivo de crescimento?
“Todas as pessoas, em todos os âmbitos da Igreja neste tempo, que aproveitam essas situações de crise, de conflito, com humildade, irão justamente amadurecer e crescer”, afirma Frei Raniero.
Portanto, se você aproveita o seu erro como aprendizado para crescer e amadurecer, você não recomeça do nada, pois sabe que tem uma história que o faz melhor, que o lança para o novo, para o futuro. Por isso, há o ânimo de trazer no coração esta motivação.
A maioria das pessoas não sabe lidar com seus erros, pois o ser humano é colocado em uma ênfase: “A pessoa melhor é aquela que não erra, que é perfeita, autossuficiente, que pode e consegue tudo”. No entanto, a melhor pessoa é aquela que contempla a sua verdade no tocante às suas qualidades e a seus defeitos.
Por isso, recomece, mas não do início. Aprenda com os seus erros e seja um novo homem, uma nova mulher. Deus nos dá essa graça, mas é preciso olhar para nós mesmos com amor, como o Senhor nos olha. Peça que Deus converta o seu olhar de um olhar negativo, pessimista, para um olhar que vê o todo e que contempla em primeiro lugar a graça d'Ele. E que o Senhor fortaleça o seu coração!
“Sede santo, como vosso Pai celeste é santo. Sede santo porque Eu sou santo”. É preciso recomeçar sempre, saber que eu quero iniciar o dia de amanhã melhor do que hoje e aprender com os erros de hoje para não errar amanhã. E contemplar as coisas que não fiz de bom hoje para fazê-las amanhã.
Não só erramos quando fazemos o mal, mas também ao deixarmos de fazer o bem quando poderíamos [fazê-lo].
Que Deus nos ajude a crescer e amadurecer com humildade diante das crises e dos conflitos.
Uma pessoa que não é otimista e motivada, ao olhar uma montanha de pedras, vê uma impossibilidade: "Eu não posso superar aquela barreira, aquela situação". Já a pessoa diante de Deus, ao olhar a mesma montanha, diz: "Eu posso construir uma escada e superar essa montanha, essa situação".
Que Deus possa motivar o seu coração a fazer esta experiência cada vez mais.