quinta-feira, 31 de março de 2011

Sexualidade humana, um projeto a ser construído

A sexualidade humana é uma fonte indizível de energia e vida. Ela manifesta a liberdade e a responsabilidade do ser humano, revelando-se como uma realidade precisamente educável. Ela pode permanecer pura instintividade, buscando uma gratificação imediata ou pode se tornar projeto a ser construído progressivamente. Também pode ser entendida como uma força encerrada apenas na atividade fisiológica (carne) ou ser vislumbrada como uma realidade que se abre para o transcendente. A sexualidade é forte. É realidade presente em cada fibra do que nos compõe e que tende a se manifestar em tudo o que somos (personalidade, percepções e desejos), externando por vezes nossas incompletudes e inconsistências. A sexualidade é também uma energia profundamente relacional, que nos lança aos outros fazendo-nos sair de nós mesmos. Assim ela o é em sua essência. Dentro de seu exercício genital ou não, ela é uma energia que gera – ou ao menos deveria gerar – comunhão e abertura, pois revela nossa necessidade dos outros e também nossa capacidade de nos doarmos aos demais. Entretanto, quando a sexualidade se torna apenas instintividade e genitalidade em vez de abertura, ela gera um cárcere egoísta por meio do qual o outro se torna objeto e não um alguém humano, deixando assim de ser percebido com a sua peculiar dignidade de pessoa.A sexualidade não é somente um dado, de fato, constatado em nós, mas é também um dado a ser feito e um projeto a ser construído. São inúmeras as deformidades que trazemos em nossa sexualidade em virtude das feridas causadas pela atual cultura – sensualizada e sensualizante. Todavia, ela é também realidade que pode, com muita disciplina (luta) e ascese (espiritualidade), ser educada e direcionada para um projeto de vida maior, em um nobre ideal que supere os instintos e se firme no amor. Este projeto a ser concretizado se revela como um esforço consciente de educar esta linda energia, direcionando-a ao bem e à abertura às necessidades (verdadeiramente humanas) do outro, fabricando, assim, uma comunhão desinteressada que gere espaços de encontro e interação. Neste processo, a renúncia e a busca de um sentido para ela fazem-se essenciais. Não é que renunciaremos nossas belas potencialidades humanas, mas apenas aprenderemos a utilizá-las de maneira realmente humana – eis o sentido – e não apenas animal, já que a vida nos dotou com vontade e liberdade para nos construirmos. Não somos obrigados a ceder a instintos animais, antes, somos chamados a viver bem a sexualidade integrando nossas luzes e sombras, e dessa forma, a construí-la no amor e para o amor (autêntico amor). Este é um projeto possível e passível de ser realizado. É questão de decisão e determinação (auxiliados pelo jejum e pela oração) e, também, de querer colocar o que temos como energia em sua real finalidade. Tal projeto nos liberta fazendo-nos mais gente (pessoa) e nos livrando dos inúmeros automatismos – conscientes e inconscientes – escravizadores que o vício/pecado gera em nós.Vivamos, pois, com qualidade e construamos, sem medo, este projeto – nossa sexualidade – de vida/liberdade e realização autênticas. Diácono Adriano Zandoná

Bullying: as faces de uma violência oculta

Uma violência física, mas, muitas vezes, psicológica: este é o bullying, termo que tem origem na palavra inglesa bully, que significa "brigão", "valentão". Na prática, traduz-se em atos de covardia, tirania, agressão, opressão, maus-tratos, ironias, que acontecem de forma repetitiva e não necessariamente com uma agressão física, mas na maioria das vezes acompanhado de tratamento ofensivo, ameaças e torturas psicológicas. Essas agressões possuem um caráter intencional e, muitas vezes, a pessoa que sofre o bullying pode ser abordada por uma ou por várias pessoas.Forma de violência que tem crescido no mundo, pode fazer vítimas em diversos contextos sociais: escola, família, universidade, vizinhança, local de trabalho. Pode começar com um simples apelido "inofensivo", mas que pode ter grande repercussão para a pessoa atingida.Sabemos que essa prática existe há muito tempo, mas nem sempre recebeu esse nome. Estudos mostram a preocupação de vários setores da sociedade com o crescente número desses casos de agressão, especialmente nas escolas.Aquele que sofre com o bullying, muitas vezes, vive esse processo sozinho. Podemos observar que, além do isolamento ou da queda do aproveitamento escolar de uma criança ou jovem que passa por essa situação, ela também pode iniciar um processo de adoecimento psicossomático, de estado emocional, sintomas depressivos, estresse elevado; e tudo isso somado pode afetar sua personalidade. Ao ser ridicularizada a pessoa passa a não enfrentar mais o contato social e, aos poucos, perde o prazer em atividades sociais, como frequentar a escola, lazer ou qualquer situação em que necessite se expor, por medo de ser novamente vítima desse processo. Esse fenômeno leva a pessoa vítima da agressão mobilizar seu medo, sua angústia e a reprimir a raiva e até mesmo a ter sentimentos de culpa, como se ela fosse responsável pelos ataques sofridos. Muitas vezes, não há denúncia, pois o agredido teme ser ainda mais perseguido; de forma que o agressor se vale desse silêncio como proteção e anonimato.Um dado muito importante deve servir de alerta para todos nós: estudos mostram que, em 80% dos casos, aqueles que praticam esse tipo de violência afirmam que a causa principal desse comportamento é a necessidade de replicar em outras pessoas a violência que sofreram em casa ou na própria escola. As atitudes dessas pessoas envolvem a necessidade de dominar, de impor autoridade e coagir, desejando, na verdade, ser aceitas e pertencer ao grupo e de chamar a atenção para si. Mostra ainda a dificuldade de lidarem com seus sentimentos, de colocarem-se no lugar do outro e perceberem os sentimentos das pessoas.Aqueles que agridem passam a ter um comportamento de distanciamento e dificuldade em alcançar um bom rendimento escolar; nota-se que valorizam muito a violência como fonte de poder e tais fatos podem levar a comportamentos desadaptados na fase adulta.Nosso papel é trabalhar com os grupos sociais nos quais vivemos, começando pelo núcleo familiar, o trabalho de valorização de princípios como respeito às diferenças, a tolerância, a convivência fraternal e de acolhimento das pessoas, valorizando a harmonia e a disponibilidade e refazer sua história, pois embora deixe lembranças, é possível refazer o caminho de vida, tanto para agressor quanto para agredido. É importante que pais, educadores, religiosos, líderes comunitários e empresas possam conversar abertamente sobre esse assunto, visando propostas para reverter este quadro.Se existe uma cultura de violência, que se dissemina entre as pessoas, é importante que possamos espalhar uma contracultura de paz, especialmente nas crianças, que precisam ser moldadas e nelas semeadas boas sementes de paz, amor, harmonia. Vivemos um tempo de aprendizado de como lidar com isso: escolas, pais, agressores e agredidos, muitas vezes, não sabem o que fazer, mas o grande plano neste momento é aprender com o incentivo de gestos de compreensão, de cada vez mais cultivar o respeito às diferenças individuais e o olhar de fé e atitude de cada um de nós.  Elaine Ribeiro

O peso de uma realização

O papel dos cônjuges no casamento está em dividir as responsabilidades. Até pouco tempo, parecia convencionado que era função do marido suprir as necessidades financeiras do lar, e à esposa cabia a administração da casa.Já há algumas décadas, com a participação da esposa no orçamento doméstico, os papéis entre marido e mulher se misturaram na intenção de prover o conforto familiar. As questões financeiras, dentro da vida conjugal, sempre serão um fator estressante, especialmente, quando os rendimentos não suprem as despesas necessárias para a manutenção da casa. Sabemos que todo rendimento adicional, para a família, faz com que os planos e sonhos do casal se realizem mais rapidamente, melhorando o estilo de vida, entre outras coisas. Acredito, ainda, que a vantagem para todos aqueles que estão envolvidos em outras esferas sociais, além do ambiente familiar, está numa maior integração social. Com isso, expande-se o círculo de amizades, tornam-se mais informados a respeito dos acontecimentos e, consequentemente, ganha-se na elevação da autoestima. Apesar de o trabalho trazer para todos a oportunidade da realização profissional, para as esposas, essa proposta vem acompanhada de um peso adicional. A mulher que trabalha fora vive algumas dificuldades, dentre as quais podemos mencionar o estresse em função das jornadas múltiplas que acontecem entre o trabalho, a casa, o marido, além da preocupação em deixar as crianças com babás ou com algum parente próximo. Por necessidade ou por uma questão de realização profissional, a compensação para as esposas que ingressam no mercado de trabalho está na segurança financeira, na sensação de cooperarem efetivamente para a concretização de um projeto de vida, além da autonomia de adquirirem um objeto ou um bem importante de consumo, entre outras coisas. Para alguns casais, no entanto, essa questão gera um impasse quando o marido deseja que a esposa volte ao mercado de trabalho e ela, por sua vez, não se sente impulsionada a isso. Algumas esposas se sentem realizadas em seus afazeres domésticos, mesmo entendendo que a jornada em casa, quase sempre, extrapola as 8 horas diárias de trabalho. Por isso, relutam em acolher a proposta de se desvincularem de sua rotina. Outras se sentem inferiorizadas em voltar ao mercado de trabalho por terem interrompido os estudos prematuramente ou por estarem há muito tempo fora do mercado de trabalho. Dessa maneira, reviver a experiência de uma ocupação profissional, a qual, anteriormente, foi tão comum, será tão desafiante quanto foi para elas conseguirem o primeiro emprego. Antes que o marido faça de sua vontade uma atitude imperativa, seria importante destacar, em conjunto com a esposa, as razões pelas quais ele acredita ser necessária a contribuição dela no orçamento doméstico. Longe de qualquer imposição, o marido passaria a conhecer as razões pelas quais a esposa não manifesta interesse em assumir uma ocupação profissional. Nessa conversa, será importante, para ambos, apontar os benefícios e as desvantagens sobre a possibilidade da mulher deixar as ocupações domésticas. Pois, com a saída da esposa para o mercado de trabalho, outras despesas certamente surgirão, visto que alguém precisará realizar os trabalhos, antes feitos por ela. Sem hesitação e sem qualquer troca de acusações sobre quem gasta de maneira exagerada, o casal deve conversar sobre os benefícios que a família passaria a ter com a força do trabalho da esposa. E o caminho que pode facilitar o entendimento sobre a realidade econômica familiar seria, por exemplo, com a participação dela na elaboração da planilha de orçamentos domésticos. Uma vez conhecidos os motivos da resistência da esposa ao retorno ao mercado de trabalho, o casal precisa encontrar um meio de contornar esse impasse, para que as possíveis providências sejam tomadas e uma nova proposta seja aceita com maior tranquilidade, adequada para a realidade dos cônjuges. Um abraço!  Dado Moura

quinta-feira, 24 de março de 2011

Irmã Themis - De Evangélica a Católica

A Virgem Maria

Para realizar a reconciliação dos homens, Deus preparou a uma mulher, cobrindo-a de graças especiais para que fosse a Mãe de Deus. A livrou do pecado original e de todo pecado, desde o primeiro momento de sua existência e sempre foi santíssima. Essa mulher, Maria, seria a Mãe de Deus e por isso, autêntica Mãe nossa.
Um dia Deus enviou o Arcanjo Gabriel à cidade de Nazaré, à Virgem Maria, que era desposada por São José. A saudou chamando-a "cheia de graça", e lhe expôs o Plano de Deus: Ela seria a Mãe do Salvador por obra do Espírito Santo, porque para Deus nada é impossível.
A Virgem Maria aceitou imediatamente o plano de Deus dizendo: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra" (Lc 1,38). Naquele mesmo momento, fez-se Homem a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, sem deixar de ser Deus.
Quem é a Santíssima Virgem Maria?
A Santíssima Virgem Maria é a Nova Eva, a Mulher perfeita, cheia de graça e de virtudes, concebida sem pecado original, que é Mãe de Deus e mãe nossa, e que está no céu em corpo e alma; que nos acompanha permanentemente em nossos esforços por ser cristãos com grande solicitude e amor maternal.
Por que dizemos que a Virgem Maria é verdadeiramente Mãe de Deus?
Dizemos que a Virgem Maria é verdadeiramente Mãe de Deus porque é a mãe do Filho eterno de Deus feito homem, que é o próprio Deus.
Por que dizemos que a Virgem Maria é nossa mãe?
Dizemos que a Virgem Maria é nossa mãe porque, por sua obediência, converteu-se em nova Eva, mãe dos viventes; além disso, porque é Mãe de Jesus Cristo, com quem estamos unidos pela graça, formando um só Corpo Místico.
Quais são os singulares privilégios que Deus concedeu à Virgem Maria?
Os singulares privilégios que Deus concedeu à Virgem Maria são: sua Concepção Imaculada, sua perpétua Virgindade, sua Maternidade divina e sua Assunção em corpo e alma aos céus.
Que lugar a Santíssima Virgem Maria ocupa no Plano de Reconciliação?
A Santíssima Virgem Maria ocupa na redenção o lugar de Cooperadora da Redenção, porque colaborou com sua livre fé e obediência à reconciliação dos homens. Por desejo explícito do Senhor Jesus, que nos apontou-a como Mãe (ver Jo 19,27), Maria é verdadeiramente Mãe de todos os cristãos, que realizam sua peregrinação terrena sob os ternos cuidados maternais e a companhia de Maria.

fonte: ACI Digital

Por que se usa o incenso na Missa?

O "queimar" incenso ou a incensação exprime reverência e oração, como vem significado na Sagrada Escritura.
“Que minha oração suba até Vós como a fumaça do incenso, que minhas mãos estendidas para Vós, sejam como a oferenda da tarde.”(cf. Salmo 140, 2)
“Adiantou-se outro anjo, e pôs-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro nas mãos. Foram-lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está diante do trono.” (cf. Apocalipse 8,3).
Pode usar-se o incenso em qualquer forma de celebração da Missa:
a) durante a procissão de entrada;
b) no princípio da Missa, para incensar a cruz e o altar;
c) na procissão e proclamação do Evangelho;
d) depois de colocados o pão e o cálice sobre o altar, para incensar as ofertas, a cruz, o altar, o sacerdote e o povo;
e) à ostensão da hóstia e do cálice, depois da consagração.
O sacerdote, ao pôr o incenso no turíbulo, benze-o com um sinal da cruz, sem dizer nada.
Antes e depois da incensação, faz-se uma inclinação profunda para a pessoa ou coisa incensada, exceto ao altar e às ofertas para o sacrifício da Missa.
Incensam-se com três ductos (impulsos horizontal) do turíbulo: o Santíssimo Sacramento, as relíquias da santa Cruz e as imagens do Senhor expostas à veneração pública, as ofertas para o sacrifício da Missa, a cruz do altar, o Evangeliário, o círio pascal, o sacerdote e o povo.
Com dois ductos incensam-se as relíquias e imagens dos Santos expostas à veneração pública, e só no início da celebração, quando se incensa o altar.
A incensação do altar faz-se com simples ictus (ligeiro movimento de oscilação) do seguinte modo:
a) se o altar está separado da parede, o sacerdote incensa-o em toda a volta;
b) se o altar não está separado da parede, o sacerdote incensa-o primeiro do lado direito e depois do lado esquerdo. Se a cruz está sobre o altar ou junto dele, é incensada antes da incensação do altar; aliás, é incensada quando o sacerdote passa diante dela.
O sacerdote incensa as ofertas com três ductos do turíbulo, antes de incensar a cruz e o altar, ou fazendo, com o turíbulo, o sinal da cruz sobre elas.

Ano Litúrgico, Ano Novo: o que é isso?


Muitos católicos ficam confusos, quando no último domingo do mês de novembro, na Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, a Igreja anuncia que este será o último domingo daquele ano e que no domingo seguinte começaremos um novo ano litúrgico.
Isto acontece porque o ano litúrgico tem uma contagem diferente do ano civil. Iniciamos o ano litúrgico, dentro da Igreja, com o primeiro domingo do advento. A partir de então, as leituras são lidas durante as Santas Missas de acordo com o ano que está em curso. Este ano poderá ser A, B ou C. Neste ano, agora, iniciamos o ano A, com as leituras do Evangelho de São Mateus
, aos domingos. No próximo ano, após a solenidade de Cristo Rei em novembro, iniciaremos o ano B e assim por diante.
As cores das vestes litúrgicas (vestes que os padres usam durante as Missas) também variarão de acordo com o tempo que estivermos celebrando. Assim, se estivermos no advento, elas serão roxas.
Vale lembrar que dentro de cada tempo também existem celebrações especiais, como a comemoração de algum santo mártir (as vestes serão vermelhas) ou alguma Solenidade de Nossa Senhora (as vestes serão brancas ou douradas ou prateadas) etc. São detalhes um pouquinho mais confusos, mas servem para que você, ao ver o sacerdote-celebrante, saiba em que tempo litúrgico estamos ou qual festa estamos celebrando.
Este ciclo litúrgico serve para todos os anos litúrgicos, quer estejamos no ano A, B ou C. A única coisa que vai variar serão as leituras feitas, as quais serão de acordo com o ano em curso.
Fonte: http://www.cantodapaz.com.br/blog/2008/12/07/ano-liturgico-cores

Vocação: uma ESCOLHA!

Durante o ano todo e a vida inteira, é possível vivermos a experiência de "vocacionados",ou seja, escolhidos de Deus. Desde o princípio de tudo, quando do nada Deus criou o mundo e a humanidade, Ele fez uma escolha absoluta: amar para sempre a Sua Criação e, de modo particular, a pessoa humana, Sua imagem e semelhança. "Ele nos Ungiu". A palavra ungir tem tudo a ver com escolha. Cristo é o grande ungido do Pai, o escolhido a ser o Apóstolo do Pai Eterno. Em Cristo, pelos Sacramentos, através da Igreja, o Senhor continua nos ungindo a cada instante, escolhendo-nos para algo especial e particular. A escolha de Deus, para conosco, é sobretudo para que sejamos Seus amigos prediletos! A escolha que Ele faz por nós, convidando-nos à amizade, pode ser traduzida e entendida como uma escolha para a santidade. Podemos dizer assim: Ser santo significa ser amigo de Deus. Portanto, a santidade-amizade implica num íntimo compromisso com o Senhor, em que o amor e a fidelidade, a doação e a confiança, a sinceridade e o diálogo são atitudes inprescindíveis. Deus toma a iniciativa, vindo sempre ao nosso encontro e consolidando, assim, este vínculo de amizade. Cabe a cada um corresponder, de coração, a esta iniciativa ímpar e verdadeira. Independentemente da função que cada pessoa exerça na Igreja, e da missão que tenha no mundo profissional ou religioso, todos podemos ser amigos de Deus. Esta amizade, que nos santifica e nos aproxima do Senhor, pode ser cultivada no dia-a-dia da nossa vida e a cada segundo de nossa existência. Que a força do Espírito Santo e, de modo todo especial, a graça da Eucaristia, desperte em cada pessoa o desejo ardente de ser amigo de Deus. Que em cada momento da nossa vida, possamos perceber o quanto Ele nos ama. Pois, Ele nos deu uma vocação e nos escolheu!
Padre Silvio Andrei, SAC

Não aceite soluções fáceis

Muitos erros e sofrimentos acontecem porque queremos dar soluções fáceis e rápidas para problemas difíceis; isso é um grave erro que causa sérios problemas.
Quanto mais difícil é um problema, tanto mais difícil será a sua solução, pois não há solução fácil quando o problema é difícil.
Na vida também é assim, não há solução fácil, cômoda, rápida e barata para os problemas difíceis. Mas, infelizmente, no campo do comportamento estamos cheios de "soluções fáceis", que em vez de solucionar os problemas, os tornam ainda mais graves.
Há sempre duas maneiras de solucionar um problema: a primeira será "fácil": improvisada, rápida, cômoda, sem sacrifícios e muitas vezes imoral; a segunda será "difícil": demorada, planejada, árdua e dispendiosa. A segunda será eficaz e duradoura; a primeira, inócua e falsa. Não se arrisque.
É fácil distribuir preservativos e seringas para se evitar a AIDS; mas é difícil ensinar as pessoas sobre o emprego moral do sexo e o valor da castidade.
É fácil fazer guerra, é difícil manter a paz. É fácil praticar um aborto e eliminar uma vida, mas é difícil aceitar, acolher, respeitar, amar e educar um ser humano em qualquer situação.
O grande problema do mundo não é resolver os problemas, mas "como" resolvê-los. Nunca acredite numa solução fácil e rápida. A sabedoria popular já aprendeu que "o barato sai caro" e que "a pressa é inimiga da perfeição". As soluções sérias são eficazes e duradouras; geradas no sofrimento, na oração, na paciência, nas lágrimas, no diálogo, na compreensão, etc. Não há solução fácil para problema difícil. Essa é a pior tendência do homem moderno; querer resolver todos os problemas de maneira rápida, com soluções imediatistas, atropelando o tempo, a moral, os costumes, a fé e o próprio Deus. Por fim, se dá conta de que correu em vão.
O Mestre disse que aquele que não pratica os seus ensinamentos é como aquele que constrói a casa na areia; e logo é destruída pelas tempestades e correntezas; e continua a nos dizer: "Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição" (Mt 7, 13-14). Todo problema tem uma solução; senão deixa de ser um problema.
O saudoso Papa João Paulo II nos ensinou que as soluções propostas por Cristo - para os graves problemas da humanidade - são difíceis, mas jamais decepcionam. Jamais vi alguém chorar porque viveu os ensinamentos do Evangelho, mas já vi muita gente chorar porque não quis vivê-los.

Felipe Aquino

É do coração do homem que saem as más intenções

Essas sementes já existem em nós; se não as utilizamos é porque, pela graça de Deus, não estão florescendo. Satanás já as semeou e tenta cultivá-las em nós. É do coração do homem que saem as más intenções que o tornam impuro. Concupiscência são sementes do mal que têm forças e querem florescer em nós. Em determinado momento, é a ganância, em outro é a inveja, ainda em outro é a impureza... e assim por diante.
Não podemos ser ingênuos! Existe muita tentação que o demônio nos apresenta, mas a pior delas já existe em nós: a concupiscência. Ela age de duas maneiras: violenta e jeitosa. Com a primeira, ela arrasta, sem medo, a pessoa para o pecado. Com a outra, mais comum – a concupiscência jeitosa -, vai chegando de mansinho, com sedução, "piscando" de lado, dando sorrisinhos...e o vai atraindo até você cair. A Palavra de Deus esclarece: não é o maligno, é a própria concupiscência que nos arrasta e seduz. O diabo apenas se utiliza dela para nos derrubar.
Quando o pecado amadurece e cria raízes em nós, fica difícil nos livrar dele. Somente pelo arrependimento e pela confissão Deus o [pecado] arranca pela raiz, mas mesmo assim temos de ficar atentos porque a concupiscência continua dentro de nós como semente. A concupiscência é "sem-vergonha". Depende de você aceitá-la ou não para o pecado se concretizar.Você pode passar por uma tentação muito forte e vários dias de tribulação, mas Jesus lhe diz: "Meu filho, seja firme. Nestes momentos, Eu estou rezando por você. Estou vendo a concupiscência atacando você, tentando-o, seduzindo-o, arrastando-o... Mas Eu estou orando por você. Não posso fazer nada, pois quem decide ser vencedor é você!"

(Trecho do livro "Combatentes na provação" de monsenhor Jonas Abib)

Podemos encontrar um tesouro nas estradas da vida

Nas estradas da vida, encontrar os tesouros...
"Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro".
Ao longo da vida, tive amigos que me defenderam na escola.
Tive também amigos que me fizeram persistir naquilo em que eu acreditava, e mesmo quando não tinha mais condições de acreditar em meus sonhos, eles me ajudaram a recomeçar e novamente a sonhar...
Tive amigos que, muitas vezes, acreditaram que eu poderia dar mais, que eu poderia ser mais, que eu poderia ser aquilo que Deus sonhou para mim.
Tive amigos especiais, os do céu e os da terra, que me ensinaram a amar. Amar com gestos concretos. Amar nos momentos ordinários da vida e nos momentos de grandes tribulações. Amar quando não se quer amar...
Tive amigos inesquecíveis que se alegraram comigo em minhas vitórias e no dia da minha angústia choraram comigo.
Tive amigos que disseram tudo, quando nem mesmo abriram a boca, mas sim pelo único fato de estarem presentes.
Tive amigos que passaram e outros que permaneceram, mas como já ensinava o pequeno príncipe: “Ninguém passa pela nossa vida e não deixa algo de si dentro de nós”, cada um desses amigos são, portanto, marcas do eterno dentro de mim, o passado e o presente sempre num único instante.
Continuo percorrendo as estradas da vida, ora avançando, ora recuando, mas sempre procurando novos tesouros... Quem sabe eu o encontre por aí.

Lúcio DomícioComunidade Canção Nova

Nosso incrível planeta

A terra, dentro do contexto dos astros, possui dimensões muito modestas. Até pobres. Não passa de um grão de areia diante do tamanho ciclópico de algumas estrelas, ou, pior ainda, diante do tamanho das galáxias. Mas como a história da teoria do "Big Bang" nos leva a concluir, todo o universo é antrópico. Isto é, desde o primeiro bilionésimo de segundo as coisas foram se direcionando, para que, como término da obra da criação, aparecesse o ser humano, o topo da criação visível. Para que a vida, em sua constituição mais complexa, pudesse aparecer, fez-se necessário um habitat, uma casa, onde toda a vida vegetal e animal pudesse se estabelecer. Eu não vou agradecer à terra, nem ao "Big Bang", nem à natureza os imensos privilégios com que fomos distinguidos. Essa abundância de seres e de vida foi planejada pelo Pai Criador, que quis isso tudo, dizendo Sua Palavra. “No princípio criou Deus o céu e a terra” (Gen 1,1). A esse Deus eu agradeço, extasiado por Sua sabedoria e poder. (E por Seu amor por nós).
Se a terra, olhando seu tamanho relativo, é quase insignificante, suas características, favoráveis à vida, são estupendas e até únicas. Nosso planeta tem água líquida, base para toda a condução da atividade vital. Tem atmosfera, com gases suficientes para purificar os processos vitais. Tem camada de ozônio, para nos proteger contra as irradiações devastadoras vindas de outros astros. Possui rotação constante sobre um eixo, que facilita a exposição alternada ao sol, evitando o frio absoluto ou o calor excessivo. Tem uma distância ideal do sol para manter uma temperatura necessária para a vida. Paremos por aqui. Os outros planetas todos, ou são uma fornalha de calor ou uma geladeira total. Não têm atmosfera, não têm defesa contra os raios perniciosos; são secos, sem água líquida; giram à deriva, ou nem giram nunca; a gravidade é exagerada, ou é tão fraca que tudo se perde pelo espaço... Não existe planeta gêmeo da terra. Então vamos cuidar melhor disso que recebemos como dádiva das mãos divinas. “Encham e submetam a terra” (Gen 1, 28). Isso de submeter a terra (e todo o universo) deve ser entendido no sentido de cuidar. Pode haver o uso de tudo, mas um uso sustentável, como em boa hora lembra a Campanha da Fraternidade deste ano de 2011.

D. Aloísio R. Oppermann scj - Arcebispo de Uberaba

quinta-feira, 17 de março de 2011

O que é necessário para entrar no ministério de música?

Certo dia, um amigo que gostava muito de música e frequentava a paróquia e o grupo de oração perguntou-me: "O que é necessário para entrar no ministério de música?". Apesar da pouca experiência como ministro de música, a resposta me veio logo à boca: "É preciso ter dois ouvidos: um para a música e outro para Deus".
Muitas pessoas admiram o ministério de música por alguns motivos, tais como: o poder que a música tem de envolver os nossos sentimentos e prender a nossa atenção; a beleza dos cânticos e dos sons dos instrumentos; o estar "à frente" diante do grupo de oração; entre outros. E muitas dessas pessoas desejam também fazer parte desse ministério.
O primeiro passo a dar é saber se temos o "dom". As pessoas já nascem com ele e durante sua vida o aperfeiçoam, principalmente no que diz respeito ao cantar. É importante verificar se temos noções de ritmo, melodia, afinação, tanto para cantar quanto para tocar. Nesse caso, chamo essas características de "ter ouvido para a música".
Como é precioso, e até mesmo necessário, entrar numa escola e estudar música, aprender e aperfeiçoar o instrumento, conhecer e aplicar técnicas vocais, etc. Se você tem condições de frequentar essas aulas, não perca tempo, invista nisso. Devemos dar o melhor para Deus. Pratique muito, ensaie, amplie o seu repertório, aprenda novas canções, enfim, invista no dom. O dom de Deus cresce em nós à medida que o praticamos.
Até aqui, demos um passo quando descobrimos que somos músicos. No entanto, para ser ministros [de música] precisamos ter ouvido para Deus. Assim como o nosso ouvido precisa estar afinado para a música, como servos de Deus, ele também precisa estar afinado para a voz do Senhor. Servimos ao Rei dos reis e por isso precisamos escutar o que Ele tem para nos dizer, Suas ordens, Seus desígnios e desejos.
Como ter um ouvido para Deus e aperfeiçoá-lo? Através da oração. Somente com uma contínua e crescente vida de oração seremos capazes de nos tornar íntimos do Senhor, escutar a Sua voz e permitir que Ele nos use de acordo com Sua vontade. Por isso, da mesma forma que você estuda a música, tenha uma vida de oração.
De músicos o nosso mundo está cheio, homens e mulheres de vozes belíssimas que nos encantam com suas canções, que causam nossa admiração ao tocarem instrumentos, mas não preenchem nosso coração, pois essa ação somente Deus pode realizar.
A natureza nos deu dois ouvidos, que seja um para a música e outro para Deus. Esse é o ministro de música!
Deus os abençoe,
Com orações,

Fonte: Canção Nova

Como sabemos que em Deus existem três pessoas?

Ao falar sobre a Santíssima Trindade em artigo enviado a Zenit hoje, o cardeal reconhece que este é um "mistério" de difícil entendimento, mas que é uma verdade "profunda, íntima a nós mesmos".
"O fato é este: Jesus anunciou aos homens o Pai e seu amor por nós; apresentou a si mesmo como Filho; prometeu e depois enviou aos apóstolos o Espírito Santo que opera sem cessar nas consciências e na Igreja", escreve o arcebispo. E Jesus "mandou os apóstolos irem por todo o mundo a ensinar a boa notícia e a batizar em nome do Pai, Filho e Espírito Santo".
Segundo Dom Geraldo Agnelo, temos estes pontos "firmemente". "Outra luz se acende se consideramos que Deus é amor. Esta é a insuperável definição de Deus dada pelo apóstolo João".
Porque Deus é amor, "o mistério trinitário é um mistério de amor. Existe um Pai, existe um Filho. São termos da família humana. João Paulo II em um discurso expôs esta ideia singular: ‘Deus não é uma solidão, é uma família'".
O arcebispo explica: "Deus Pai ama o Filho, e por sua vez é amado pelo Filho. Esta dupla corrente de amor, em Deus, se faz concreta, real, torna-se pessoa: o Espírito Santo. O Espírito Santo, dizem os teólogos que refletiram sobre o Evangelho, é o amor recíproco do Pai e do Filho, feito pessoa".
Segundo Dom Geraldo, quando "sentimos um impulso para o bem", é o Espírito Santo "que nos fala e nos assiste". "Quando fazemos alguma coisa de bom, é a força de Deus que opera em nós".
O arcebispo convida todos a estarem "mais atentos ao Espírito de Jesus que quer operar os seus prodígios também em nós e por meio de nós. Assim poderemos testemunhar o evangelho hoje e sempre".

Fonte: Zenit

Não há atalhos para a felicidade

Não há atalhos para a felicidade. É necessário que se passe pelo campo minado, pelo crivo da dor, pela desolação das decepções e tristezas, pelos vales sombrios das sombras da morte, da perda, das ingratidões.É necessário a ferida exposta, a chaga aberta, a vertente do fluido que corre em nossas veias. A Cruz é indispensável àqueles que seguem os passos de Jesus.Somente saberemos o caminho se formos capazes de andar calçados com as sandálias do Cristo, de sentir na pele e na alma toda a dor do calvário, toda a súplica silenciosa daquele que por amor se deu a todos nós, independente de raça, de cor, de credo, daquele que todos os dias desce da cruz para lembrar-nos que somos salvos, e que pela sua misericórdia fomos resgatados.É fácil perceber que todo caminho é caminho, e o que diferencia uma estrada da outra são os passos, a doce companhia de Cristo que incorporamos em nossa jornada.Não há atalhos para a felicidade, há caminhos, a diferença está na forma de andar.

Laisa Mattos: Colaboradora - TAUFRANCISCO

Por que ir à Igreja?

Um freqüentador de Igreja escreveu para o editor de um jornal e reclamou que não faz sentido ir à Igreja todos os domingos. " Eu tenho ido à Igreja por 30 anos", ele escreveu," e durante este tempo eu ouvi uns 3.000 sermões." " Mas por minha vida, eu não consigo lembrar nenhum deles... Assim, eu penso que estou perdendo meu tempo e os Padres estão desperdiçando o tempo deles pregando sermões! Esta carta iniciou uma grande controvérsia na coluna "Cartas ao Editor", para prazer do Editor em Chefe do jornal.
Isto foi por semanas, recebendo e publicando cartas no assunto, até que alguém escreveu este argumento: " Eu estou casado já há 30 anos. Durante este tempo minha esposa deve ter cozinhado umas 32.000 refeições. Mas, por minha vida, eu não consigo me lembrar do cardápio de nenhuma destas 32.000 refeições. Mas de uma coisa eu sei ... Todas elas me nutriram e me deram a força que eu precisava para fazer o meu trabalho. Se minha esposa não tivesse me dado estas refeições, eu estaria hoje fisicamente morto.
Da mesma maneira, se eu não tivesse ido à Igreja para alimentar minha fome espiritual eu estaria hoje morto espiritualmente." Quando a gente está resumido a NADA... DEUS está POR CIMA DE TUDO! Fé vê o invisível, acredita no inacreditável, e recebe o impossível! Graças a Deus por nossa nutrição física e espiritual!
Pois bem, quando o mal está batendo na sua porta, simplesmente diga: JESUS, POR FAVOR ATENDA PRA MIM!"

Fonte: Comunidade Obra de Maria

Datas passam, ensinamentos ficam

Passou o Natal, Reveillon e agora a pouco tempo a Páscoa, mas quem disse que necessariamente temos que deixar passar também o Espírito Natalino, os votos de felicidade e o fato de fazer sacrifícios por um bem maior? Não precisa ser assim. Cada uma dessas datas tem a sua importância, tem o que nos passar, mas temos que aprender bem e continuar com o que foi ensinado por todo o ano.
Na época do Natal sempre perdoamos as pessoas, ficamos felizes e carinhosos e acreditamos que existe um espírito que naquela noite faz com que todos possam esquecer as diferenças e viver em harmonia. O que não podemos esquecer é que esse Espírito Natalino é o Espírito Santo e está, ou deveria estar, presente no nosso dia-a-dia, em nossos corações o ano inteiro. Temos que aprender a sermos humildes, a demonstrar para as pessoas o quanto gostamos dela, o quanto nos importamos. Ninguém é melhor do que ninguém, somos apenas diferentes e isso é o que faz da vida algo tão mágico.
Pouco tempo depois chega o Reveillon e com ele uma noite cheia de promessas, votos e esperanças novas. Prometemos ser melhores com nossa família, com namorada, mais atencioso com a vovó; fazemos votos de que aqueles que estão conosco sejam muito felizes e que aquele ano seja o melhor ano da vida de todos. O problema é que algumas vezes esquecemos de como devemos nos comportar para realmente sejamos melhores com essas pessoas, esquecemos de fazer a nossa parte para que aquele ano seja muito melhor que todos os outros, e isso temos que fazer todo dia, pra que possamos construir dia após dia um ano melhor.
Ainda passa mais um pouco de tempo e chega o período da Quaresma, época de fazer promessas e sacrifícios; período sem tomar coca-cola, sem comer chocolate, sem tomar uma cervejinha. Mas logo após o a Páscoa, todos se sentem livres e por terem feito esses sacrifícios (não diminuindo tal penitência nem a intenção) acham que já fizeram o suficiente, "Sacrifício de novo? Não, agora só ano que vem!". É pelo nosso Pai lá de cima que fazemos sacrifícios e por causa d'Ele que o período da Quaresma e a Semana Santa tem tanta importância. E com certeza Ele fica muito feliz quando durante o ano, mesmo que inconsciente, fazemos alguns sacrifícios menores para o bem dos outros, sejam esses sacrifícios: Sentar pra ajudar um amigo ou apenas uma pessoa que encontrou na rua e sentiu que estava precisando de alguém; respeitar cada um pelo simples fato de ser um ser humano; Resumindo, tratar bem a todos e ajudar quem precisa sem esperar nada em troca, pois o que você poderá receber é bem maior e virá na hora certa.
Acredito que em todos nós há muito desse "lado ruim", que os ensinamentos passarem junto com as datas comemorativas, mas sei que há muito do "lado bom" e é nessa bondade que tem dentro de cada um que temos que ter mais fé, que temos que nos apoiar e estar renovando sempre. Vamos manter o Espírito Natalino, a humildade, as esperanças, os votos, os sacrifícios o ano todo. Vamos sempre lembrar do Espírito Santo, do Pai e da nossa Mãe que tão sempre olhando e torcendo por nós.
Paz e Bem!

Eduardo Carmo: formado em Publicidade e Propaganda, é publicitário e analista de negócios em uma cooperativa de crédito.

Tenha FÉ e Siga o AMOR

Quantas vezes em nossa caminhada fomos colocados à prova, ou tivemos questionamentos como: "quem é Deus?", "por que sigo este preceito?", "será que Deus escuta minhas orações?", "como pode Maria ser a mãe de Deus?", entre outras. Além destes questionamentos podemos destacar como provações quando a mídia, ou outras pessoas tentam nos influenciar, tentam distorcer certos valores, ou até mesmo julgar o que é certo ou errado em nossa religião. Como podemos ver os caminhos para desistir da caminhada de santidade que Deus quer para nós são muitos, como posso eu na minha fraqueza humana permanecer firme e vencer tais obstáculos em minha caminhada?
A resposta é simples: SIGA O AMOR! Deus é o Amor em plenitude e seguindo a ele você verá que diante de tribulação, provocação ou questionamento, Deus estará sempre nos ajudando a passar por estas dificuldades. Porém para alcançar tal objetivo temos um instrumento impescindível que é a nossa FÉ, com ela podemos acreditar neste Deus que é Amor, e como prova de Amor se faz presente em cada Celebração Eucarística dando-nos força para Combater o bom Combate, e as provações que continuamente enfrentamos. Esse mesmo Deus nos deixou também uma grande intercessora: Maria, que sempre roga por nós perante a Ele, e foi um grande exemplo de entrega ao Pai, que nós consigamos ser servos de Deus como ela foi. E para nos ajudar em momento de dúvida e questionamentos, Deus nos mandou o Espírito Santo para nos ajudar sempre que precisamos.
Por isso meus irmãos tenhamos FÉ para seguir a Deus que é o Amor em plenitude. Mas não devemos esquecer que o fato de seguir a Deus bastará para resolver nossos problemas e que por conta disso nunca mais teremos tormentos e provocações.Errado, nós sempre vamos passar por momentos como esses, porém teremos um Deus que nos ama e sempre está ao nosso lado dando força para superar nossos problemas, tribulações e provações. Para termos este Deus como guia devemos abrir nossos corações para que Ele possa fazer morada. E que em nossa vida quando vier uma tormenta que tenhamos a FÉ para acreditar que Deus possa acalma-la como fez quando Ele acalmou a tempestade que atingia o barco que se encontrava Ele com os seus Discípulos(Mt 8, 23-27).
Paz e Bem a Todos, fiquem com Deus.

Ícaro de Souza: estudante de Computação (Licenciatura) da Universidade de Brasília (UnB), integrante da Banda Jeridiá do Santuário São Francisco de Assis e participa de outros movimentos da Arquidiocese de Brasília como o Movimento Escalada.

Passos fundamentais para a cura interior

"Quando estamos no ventre da nossa mãe, nós absorvemos tudo aquilo que ela vive durante a gestação e todas essas coisas ficam gravadas em nosso inconsciente. Ao longo de nossa vida, se entrarmos em um processo de cura interior, vamos poder perceber o quanto essas coisas nos marcaram e o quanto elas exercem influência em nossa vida". A partir da história escrita é possível dar os passos seguintes.
Os 3 passos para a cura interior:
1º Passo: Não ter medo de se deparar com a sua história. Por pior que seja, ela é a sua verdade;
2º Passo: Perdoar-se e perdoar àqueles que, de alguma maneira, marcaram a sua vida. O perdão é indispensável! Se você não abrir o coração, o Senhor não vai poder entrar para fazer a obra;
3º Passo: Fazer oração pela sua cura interior, rezar desde o momento da gestação até a sua condição atual.
Sempre que for rezar por sua cura interior, não se esqueça de invocar sobre você a presença do Espírito Santo. Peça a Ele que caminhe com você na sua história, que o ilumine a fim de que você possa ir a fundo em todas as situações que já tenha vivido. Sem Ele é impossível chegar à cura total, pois só Ele nos conhece, nos sonda profundamente e nos leva à total liberdade.

http://www.cancaonova.com

Por que sinto inveja?

A passagem que norteia a oração está em Sabedoria 2, 23: “Foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo”. Segundo a consagrada, a inveja é do sentimento da pessoa achar que é menos que as outras, ela nasce de um complexo de inferioridade.
“Satanás tinha inveja de nós, filhos de Deus, por isso seduziu Adão e Eva para que pecassem contra o Senhor. Muitas vezes, você não é feliz e quer que o outro também não o seja; muitas vezes você possui coisas, mas o outro possui mais do que você, por isso, você acha que as suas não têm valor. Que Deus venha ao auxílio da nossa fraqueza, da nossa fragilidade, libertando-nos das raízes da nossa inveja”, intercedeu.

Salette Ferreira

Confissão hoje

Durante a Quaresma, uma atitude esperada de todos os católicos é a celebração penitencial. Para isso, além dos horários normais que os párocos têm em suas paróquias para atender as confissões, existem os “mutirões” de confissão, quando os padres de uma mesma região, setor ou forania são convidados a atender a todos, dando assim oportunidade para que todos se confessem.
Pouco tempo atrás saiu, provindo de agências de notícias internacionais, o anúncio de uma provável “grande novidade” na Igreja: a confissão feita por intermédio do Iphone, Ipad e Ipod touch. Essa notícia chegou e foi divulgada como uma grande novidade!
A rapidez hodierna dos meios de comunicação, num verdadeiro processo de globalização das notícias, faz com que fatos e ditos cheguem a muitos em pouquíssimo tempo e acabem confundindo as pessoas. Por isso, é preciso que estejamos atentos e confirmemos as fontes de onde provêm e como estão verdadeiramente postas na sua origem, no seu texto e em seu contexto. Um ditado popular (os sempre sábios dizeres de um povo) já atesta: "Quem conta um conto, aumenta um ponto!" e hoje esse ponto pode tornar-se uma bola de neve, que se não é correta espalha o erro, o qual se torna difícil de dissolver.
A notícia vista com atenção e feita perceber em sua verdade não se tratava do que foi propagado, mas, na realidade, de um instrumento “desenhado para ser usado na preparação da confissão, e depois como auxílio na própria confissão. O aplicativo oferece o exame de consciência, um guia passo a passo do sacramento, ato de contrição e outras orações. Os múltiplos usuários acedem a seus perfis protegidos por senha, onde, através do exame de consciência, marcam os elementos pertinentes para sua confissão e podem fazer outras notas pessoais”. Este não é o primeiro nem o último aplicativo ligado a temas religiosos. Porém, é interessante ver que poderá ser de utilidade para um exame de consciência se a autoridade eclesiástica deu seu aval com relação ao conteúdo dele [aplicativo]. Assim como no passado muitos utilizavam livrinhos para o exame de consciência e outros anotavam em papéis seus pecados para não os esquecerem na hora da confissão auricular, hoje os meios eletrônicos podem ajudar nesse aprofundamento. Porém, nada disso substitui a confissão auricular com o ministro ordenado.
Para a recepção do sacramento, que possui ao menos três nomes, que são sinônimos e acabam mesmo por significar uma de suas fases: penitência, confissão ou reconciliação, a Igreja pede que o penitente cumpra ao menos três atos, que são: o ato da contrição (que precede), o ato da confissão (exposição dos pecados diante do confessor) e o ato da satisfação (cumprimento da penitência pelos pecados cometidos).
O aplicativo a que nos referimos e outros que têm o mesmo conteúdo, embora sejam compostos para ser utilizados no sacramento, não o são como canal para a confissão e a satisfação, mas simples e unicamente para preparar a contrição, que, entre os atos do penitente, ocupa o primeiro lugar, o qual, em verdade, é “uma dor da alma e um desprezo pelo pecado cometido, com o propósito de não pecar mais no futuro”.
Para cessar o ruído da comunicação errônea, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé afirmou: “É essencial compreender bem que o sacramento da penitência requer necessariamente a relação de diálogo pessoal entre penitente e confessor, assim como a absolvição por parte do confessor presente”. “Isso não pode ser substituído por nenhum aplicativo informático. Por isso não se pode falar de 'Confissão pelo iPhone'”. Entretanto, em um mundo em que muitas pessoas utilizam suportes informáticos para ler e refletir (e inclusive textos para rezar), não se pode excluir que uma pessoa faça sua reflexão de preparação à confissão (contrição) tomando a ajuda de instrumentos digitais. Isso, de forma parecida ao que se fazia no passado, como dissemos, “com textos e perguntas escritas em papel, que ajudavam a examinar a consciência... tratar-se-ia de um subsídio pastoral digital que “poderia ser útil”, mas sabendo que “não é um substituto do sacramento”.
No entanto, esse ruído de comunicação, que quase causou confusões na cabeça de muitos, pode ser uma oportunidade de notar que, mesmo com um mundo digitalizado, também a confissão mereceu um espaço de preparação com aplicativos divulgados pela mídia mundial. Isso pode ser uma oportunidade de catequese que aprofunde o valor da confissão. Se os jovens, que mais utilizam as mídias sociais, já têm um aplicativo para ajudar no exame de consciência, é sinal de que têm também interesse em celebrar este sacramento em sua igreja.
É uma responsabilidade nossa acolher a todos aqueles que, nesta Quaresma, querem manifestar o seu arrependimento e iniciar uma vida nova, celebrando no sacramento da penitência o seu retorno a Deus!
Que o tempo da Quaresma seja este tempo de renovação interior de todos na busca de viverem com generosidade sua vida batismal!

Dom Orani João Tempesta, O. Cist

Por que viemos ao mundo?

Tudo começou assim: recebi um e-mail de uma jovem pedindo-me ajuda, pois precisava falar a um grupo a respeito da missão que assumimos neste mundo, e não sabia por onde começar. Foi interesante, porque era justamente sobre isso que eu havia refletido durante o “estudo da Palavra” naquela manhã. A partir do Evangelho de João 7, respondi-lhe, com base em minha reflexão, mais ou menos o que partilho aqui.
Podemos partir do princípio de que somos filhos amados de Deus, criados por Ele, com amor e para amar. Digo inclusive para você que tem uma história difícil e sabe por exemplo que não foi esperado por seus pais; também nesse caso, a afirmativa não muda: Deus o quis! Por isso foi além da razão e dos planos humanos e o criou por amor. Consideremos ainda que, ao nos criar, o Senhor imprimiu em nosso ser o desejo de amar e ser amados, porque Deus é amor e nos fez à Sua imagem e semelhança. Fazer essa decoberta fundamenta a nossa fé e dá mais sentido à nossa existência.
Jesus Cristo, o Homem mais famoso da história, impressionava multidões com Seus discursos e Suas obras, porque Ele sabia que era amado pelo Pai. Sabia de onde veio, qual Sua missão neste mundo e para onde iria.
Portanto, creio que, como cristãos, uma de nossas prioridades, antes de pensar em realizar uma determinada missão, é descobrir quem somos diante de Deus, de onde viemos e para onde vamos. Com essa experiência, certamente vamos perceber também que amar é nossa missão primeira aqui na terra. Missão que pode ser expressa de várias maneiras, seja nos papéis que assumimos, seja nos relacionamentos que temos e em tudo mais que a Divina Providência nos permitir viver. No entanto, a essência do chamdo não muda: Deus nos criou para amar.
Por isso vai aqui uma dica: se hoje você percebe a necessidade de assumir uma missão, seja ela qual for, procure antes refletir sobre quem é você. Volte às suas origens, acolha sua história, por mais difícil que esta seja e reconcilie-se com ela. Sua história é seu alicerce. Lembre-se de que, na raíz da sua criação, está a iniciativa amorosa de Deus. Procure também rever sua vida hoje; analise suas atitudes, seus relacionamentos e suas escolhas, sempre considerando que Deus o criou para o amor. Reflita ainda a respeito das suas metas para o futuro, seus sonhos e ideais, lembrando que, neste mundo, tudo é passageiro e o que conta no final é o que somos e não o que fizemos.
Aliás, corremos o sério risco de passar a vida fazendo coisas e nos esquecendo de sermos pessoas; e o que nos leva, muitas vezes, a isso é justamente o acúmulo de atividades que assumimos, algumas até desnecessárias. Assim, naturalmente, lidamos com a pressa e a falta de tempo para quase tudo, inclusive para nos relacionarmos com nós mesmos, o que é fundamental para uma vida sadia.
Por incrível que pareça, em nossos dias, ter uma agenda preenchida virou "status". É como se isso fosse garantia de utilidade no planeta. Mas Deus nos desafia a irmos além. O cristão precisa ter consciência de que não vale pelo que faz, mas sim pelo que é. Se para expressar o amor de Deus às criaturas, ele realiza obras neste mundo, ótimo. Conhecemos inúmeros testemunhos de pessoas que se tornaram imortais por seus benefícios expressos em obras. Mas pode observar que as obras consideradas imortais geralmente têm como base o amor.
Recordo-me, por exemplo, de Santa Teresa de Lisieux, ela não realizou grandes feitos aos olhos humanos, nem edificou monumentos, tampouco tinha a agenda “lotada”. Viveu na clausura do Carmelo e morreu com apenas 24 anos. No entanto, foi eleita a Padroeira das Missões, doutora da Igreja e influencia até hoje a vida de inúmeras pessoas. Sabe por quê? Porque ela, desde cedo, fez a experiência do amor de Deus e assim descobriu sua missão. Sabia de onde veio, porque estava aqui na terra, e para onde iria. Ela mesma conta-nos, em em sua autobiografia, que desejava fazer muitas coisas por amor a Jesus, neste mundo, mas teve a graça de descobrir o essencial. "Percebi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo, abraça a todos os tempos e lugares, numa palavra, o amor é eterno. Então, delirante de alegria, exclamei: Ò Jesus, meu amor, encontrei afinal minha vocação... No coração da Igreja minha mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo".
Quem dera cada um de nós também possa fazer essa experiência e, assim, encontrar o rumo certo para nossa missão como peregrinos aqui na terra. Já que fomos criados por amor e para amar, procuremos amar concretamente hoje. Como? Deus mesmo nos mostrará.

Dijanira Silva

segunda-feira, 14 de março de 2011

Os cuidados da quaresma

É costume dizer que a quaresma, o tempo de preparação para a Páscoa, é tempo de penitencia: de jejum, de esmola, de oração. Talvez hoje se deva dizer que é tempo de cuidado.
Primeiro, cuidado da natureza. Estamos acostumados a ler a Palavra de Deus. Deus abençoou Noé e seus filhos, dizendo-lhes: “Crescei, multiplicai-vos e enchei a terra. Todos os animais da terra vos temerão e respeitarão: aves do céu, répteis do solo, peixes do mar, estão em vosso poder” (Gen 9, 1-2).
A humanidade começou a destruir a natureza em vista do mercado, do lucro. Sempre se diz que o ser humano é colaborador de Deus na criação. Não para destruir a criação, mas para cultiva - lá e cuida - lá.
E mais: a ideia de que o ser humano tem domínio absoluto sobre a natureza, desencadeou nele uma racionalidade sem ternura e o lado selvagem dos sentimentos. E assim vai-se rompendo a harmonia entre as pessoas e a natureza. A natureza ferida se volta contra a humanidade. É só ver os terremotos, tempestades, enchentes e o clima inconstante.
Um célebre filósofo (Schopenhauer) afirmou: “Nesta terra os animais vivem no inferno e seus demônios são os seres humanos”. A Páscoa é a vitória de Jesus sobre o mal e a morte. Quem sabe, como colaboradores de Deus na obra da criação, nós vamos cuidar da natureza para manter a convivência harmônica entre a humanidade e nosso belo planeta!
A penitência quaresmal requer também o jejum. Visa primeiro a conversão do coração, a orientação de toda a vida para Deus. Mas o jejum agradável a Deus implica também no cuidado dos pobres, excluídos e abandonados. Inclusive na defesa do direito e da justiça.
E a esmola? Nos convida a imitar a misericórdia de Deus para com o próximo, a quebrar nosso orgulho e a inveja e a partilhar nossos dons espirituais e materiais.
Finalmente, é o cuidado com a espiritualidade, a vida de oração. É o respiro da alma. É o acesso à Palavra de Deus, aos sacramentos da Igreja, á oração pessoal e comunitária. É o cuidado com nosso interior para termos harmonia, paz e um coração feliz. Pois, como diz alguém (Friedmann), “quem não se encontra, nunca está em casa”.

CNBB

Jovem: Estudos e Espiritualidade

- Normalmente jovens na faixa etária a partir dos 17 anos apresentam muitos planos e expectativas. Concluir o colégio e passar no vestibular são algumas metas que para serem alcançadas, geram muita ansiedade e nervosismo nos alunos. Para muitos estudantes o desejo de ingressar na faculdade tornar-se a prioridade de suas vidas, afastando-os do convívio com a família e amigos. Alguns deles até deixam de freqüentam a Igreja para não perderem tempo. Esse estresse em querem adquirir a maior carga de conhecimento com exagero de estudo é bastante prejudicial. A carreira profissional é sem dúvida um sonho lícito de um jovem. Como cristãos, porém, não podemos colocar os nossos projetos como o centro das nossas vidas. Sabemos que Deus ordena todas as áreas do nosso ser quando nos dispomos a Ele. O Senhor nos dá, portanto, o equilíbrio do qual precisamos para conciliar atividades seculares e espirituais. Separar a espiritualidade dos trabalhos e estudos é um erro. Servir ao Reino de Deus exige renúncias, até mesmo de tempo de estudo, mas o Senhor nos dá a prudência de dispormos o tempo suficiente para cada atividade. Alegra o coração de Jesus que sejamos responsáveis com as obrigações seculares, pois Deus deseja profissionais competentes, nada vale, contudo tanta dedicação se os nossos projetos não estão nas mãos de Deus. O Senhor deseja muito mais filhos santos e obedientes a sua vontade, do que bons profissionais. Jamais ouvimos dizer que o Senhor desamparou um filho que lhe estendeu a mão. Colocar Deus como o centro do nosso coração, esse é o segredo da vitória e da felicidade. Se houvesses caminhado pelas sendas de Deus, poderias habitar para sempre na paz. Aprende onde se acha a prudência a força e a inteligência, a fim de que saibas ao mesmo tempo, onde se encontra a vida longa e a felicidade, o fulgor dos olhos e a paz. Baruc 3,13-14

O Belo Tempo da Quaresma

Quaresma não é tempo de tristeza nem cara feia. É ocasião para estreitar nossa amizade com Jesus e assumir seus pensamentos, sentimentos, critérios e valores.A beleza da quaresma está em adquirirmos a liberdade interior, desvinculando-nos do mal e do pecado. Assumir nossas sombras, curar nossas feridas, libertar nossa alma para a prática do bem fraterno e do bem comum, faz parte da penitência quaresmal.
A beleza da quaresma consiste ainda em realizar nestes quarenta dias uma romaria ao nosso interior, através de um retiro diário. Quanta riqueza contém os evangelhos da paixão de Nosso Senhor. É preciso meditá-los para ali, na escola de Jesus, aprendermos a admirar a imensidão do amor de Deus, a desagregação que vem do pecado e a recriação da humanidade.
Como não deixar-se atrair pelo sangue de Jesus? Suas chagas e o coração transpassado? Seu jeito de rezar, de catequizar, de viver cada etapa do seu processo, condenação e execução na cruz? É impossível não ser tocado por sentimentos de assombro e admiração perante a atitude filial de Jesus no sofrimento, sua fineza no trato com as pessoas, sua solidariedade mesmo sendo a vítima inocente?
Quaresma é tempo para fazer a experiência do encantamento pela pessoa de Jesus Cristo, para conhecê-lo interiormente, amá-lo ardentemente e seguí-lo generosamente. Em Jesus vemos o rosto do Pai e encontramos o nosso verdadeiro eu. Daí a necessidade de fixar nossos olhos nele.
Quem encontra Jesus Cristo tem a vida plenificada e a alegria de viver. Tem razões para sofrer e vencer, para amar inclusive a quem nos rejeita. Jesus faz a vida livre, nova, bela e grande. A amizade com Jesus abre as portas para grandes possibilidades, para a dilatação do coração e para a transformação da realidade.
Quem crê em Jesus Cristo passa da morte para a vida, da tristeza para a alegria, do absurdo para o sentido, das trevas para a luminosidade, do desalento para a esperança. Portanto, conhecer Jesus Cristo é nossa alegria, segui-lo é acolher a verdade do evangelho, torná-lo conhecido é oferecer o maior tesouro a todos os povos, através da missão.
A beleza da quaresma se expressa na oração, jejum e partilha (esmola). A oração coloca em ordem nossa relação com Deus, o jejum modera nosso egoísmo, especialmente o orgulho e as paixões, a partilha (esmola) é expressão do amor fraterno. Eis a espiritualidade quaresmal.
Morrer ao pecado e nascer para a vida nova, é uma páscoa cotidiana. Estamos sempre em páscoa, isto é, em passagem do mal para o bem, da mentira para honestidade, da vingança para a misericórdia. É um processo de conversão permanente, um combate ético e espiritual.
A quaresma pede um jeito novo de viver e um ritmo diferente na vida cotidiana cujo objetivo é alcançar o amor fraterno. O coração do cristianismo é o amor sem medidas, sem limites, sem recompensas e interesses. Amar do jeito que Jesus amou. Ele amou primeiro, de modo incondicional, amor universal, amor de entrega e doação de si. Jesus é a visibilidade do amor de Deus e protótipo do amor humano.
Meditando a paixão de Jesus, somos tomados de maravilhamento por Deus e de compaixão com os irmãos. A beleza da quaresma se expressa no aumento da fé, da esperança e do amor. Paulo apóstolo aconselha-nos a crucificar o mundo, a carne, as paixões e, por outro lado, a carregar a cruz dos irmãos. Hoje os crucificados do mundo são muitos. Existe pois a paixão do mundo que são os sofrimentos da humanidade. Até a natureza geme e sofre, esperando a libertação. A paixão de Jesus redime todas estas paixões e abre as portas de um mundo novo, que chamamos, reino de Deus.
Dom Orlando Brandes

Milagre do vinho

Muitos vão atrás de religiões por algum tipo de interesse na ordem de solucionar algum problema de saúde, de casamento, de dinheiro... Há quem funde religião para ganhar dinheiro às custas da boa fé das pessoas. Muitos esperam e pedem milagres.
Jesus realizou muitos milagres, para manifestar seu poder de dar vida e salvação, tendo compaixão do povo sofredor. Mas Ele não quer passar apenas por um taumaturgo ou fazedor de milagres. Sua missão era muito maior. Aliás, Ele viu que a multidão o seguia por seu poder miraculoso. Resolveu, então, chamar a atenção de todos porque O seguiam apenas por interesse na ordem temporal. Deus, de fato, pode fazer e realiza inúmeros milagres, quando isso ajuda a pessoa de fé a se firmar no amor de Deus. Aliás, os milagres não adiantariam muito se fossem apenas para a melhoria transitória das pessoas. Sem alcançar o Reino definitivo, os milagres aqui na terra seriam muito secundários. É preciso ater-se ao absoluto da vida, que está em Deus e de modo permanente, ou seja até na eternidade. O transitório da vida terrena é muito importante, mas tem que ser conectado com a vida eterna. O próprio Jesus lembra que não adianta o ser humano ganhar o mundo inteiro se vier a perder a vida eterna!
Nas bodas de Caná da Galiléia Jesus fez o milagre da transformação da água em vinho (Cf. Jo 2, 1-11). Tornou-se vinho mesmo! À época era a bebida muito usada em festas. Foi sua mãe quem pediu. O filho atendeu-a. Foi o início dos milagres de Jesus. Seus discípulos acreditaram nele. Crer é mais do que falar. A comunicação pode fazer milagres se estiver baseada na fé em Jesus. Somos chamados a segui-Lo e anunciá-Lo. Para isso, precisamos de grande fundamentação na fé, que é um dom de Deus. Cultivá-la bem é preciso, através do conhecimento da Palavra e da docilidade ao Espírito Santo. Deste modo, assumimos a vocação em resposta a Deus para servirmos à causa do seu Reino. Cada um desenvolvendo os próprios dons, outorgados pelo Espírito Santo, todos se beneficiarão. Haverá mais entendimento, fraternidade, serviço aos mais deixados de lado...
Tendo compaixão das pessoas sofredoras com tantos problemas, somos chamados também a fazer o milagre da conversão dos corações com o anúncio entusiasta da Palavra de Deus, como lembra Isaías: “Por amor de Sião, não me calarei... enquanto não surgir nela, como um luzeiro, a justiça e não se acender nela, como uma tocha, a salvação... Não mais te chamarão Abandonada, e tua terra não mais será chamada Deserta; teu nome será Minha Predileta e tua terra será a Bem Casada” (Is 6, 1.4). É belo ver pessoas que não se cansam de realizar o bem ao semelhante, vendo suas necessidades. A solidariedade e união fazem milagres. Precisamos, de fato, fazer verdadeiro mutirão para evangelizarmos nossa gente e ajudá-la a superar injustiças e frustrações. Aí a água das dificuldades vai se transformar no vinho da alegria, da justiça, da misericórdia e do amor. Só em Deus o ser humano encontra resultado e sentido para a caminha da vida!

Dom José Alberto Moura

Conversão de São Paulo

O martírio de São Paulo é celebrado junto com o de São Pedro, em 29 de junho, mas sua conversão tem tanta importância para a história da Igreja que merece uma data à parte. Neste dia, no ano 1554, deu-se também a fundação da que seria a maior cidade do Brasil, São Paulo, que ganhou seu nome em homenagem a tão importante acontecimento. Saulo, seu nome original, nasceu no ano 10 na cidade de Tarso, na Cilícia, atual Turquia. À época era um pólo de desenvolvimento financeiro e comercial, um populoso centro de cultura e diversões mundanas, pouco comum nas províncias romanas do Oriente. Seu pai Eliasar era fariseu e judeu descendente da tribo de Benjamim, e, também, um homem forte, instruído, tecelão, comerciante e legionário do imperador Augusto. Pelo mérito de seus serviços recebeu o título de Cidadão Romano, que por tradição era legado aos filhos. Sua mãe uma dona de casa muito ocupada com a formação e educação do filho. Portanto, Saulo era um cidadão romano, fariseu de linhagem nobre, bem situado financeiramente, religioso, inteligente, estudioso e culto. Aos quinze anos foi para Jerusalém dar continuidade aos estudos de latim, grego e hebraico, na conhecida Escola de Gamaliel, onde recebia séria educação religiosa fundamentada na doutrina dos fariseus, pois seus pais o queriam um grande Rabi, no futuro. Parece que era mesmo esse o anseio daquele jovem baixo, magro, de nariz aquilino, feições morenas de olhos negros, vivos e expressivos. Saulo já nessa idade se destacava pela oratória fluente e cativante marcada pela voz forte e agradável, ganhando as atenções dos colegas e não passando despercebido ao exigente professor Gamaliel. Saulo era totalmente contrário ao cristianismo, combatia-o ferozmente, por isso tinha muitos adversários. Foi com ele que Estêvão travou acirrado debate no templo judeu, chamado Sinédrio. Ele tanto clamou contra Estevão que este acabou apedrejado e morto, iniciando-se então uma incansável perseguição aos cristãos, com Saulo à frente com total apoio dos sacerdotes do Sinédrio. Um dia, às portas da cidade de Damasco, uma luz, descrita nas Sagradas Escrituras como "mais forte e mais brilhante que a luz do Sol", desceu dos céus, assustando o cavalo e lançando ao chão Saulo , ao mesmo tempo em que ouviu a voz de Jesus pedindo para que parasse de persegui-Lo e aos seus e, ao contrário, se juntasse aos apóstolos que pregavam as revelações de Sua vinda à Terra. Os acompanhantes que também tudo ouviram, mas não viram quem falava, quando a luz desapareceu ajudaram Saulo a levantar pois não conseguia mais enxergar. Saulo foi levado pela mão até a cidade de Damasco, onde recebeu outra "visita" de Jesus que lhe disse que nessa cidade deveria ficar alguns dias pois receberia uma revelação importante. A experiência o transformou profundamente e ele permaneceu em Damasco por três dias sem enxergar, e à seu pedido também sem comer e sem beber. Depois Saulo teve uma visão com Ananias, um velho e respeitado cristão da cidade, na qual ele o curava. Enquanto no mesmo instante Ananias tinha a mesma visão em sua casa. Compreendendo sua missão, o velho cristão foi ao seu encontro colocando as mãos sobre sua cabeça fez Saulo voltar a enxergar, curando-o. A conversão se deu no mesmo instante pois ele pediu para ser Batizado por Ananias. De Damasco saiu a pregar a palavra de Deus, já com o nome de Paulo, como lhe ordenara Jesus, tornando-se Seu grande apóstolo. Sua conversão chamou a atenção de vários círculos de cidadãos importantes e Paulo passou a viajar pelo mundo, evangelizando e realizando centenas de conversões. Perseguido incansavelmente, foi preso várias vezes e sofreu muito, sendo martirizado no ano 67, em Roma. Suas relíquias se encontram na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, na Itália, festejada no dia de sua consagração em 18 de novembro. O Senhor fez de Paulo seu grande apóstolo, o apóstolo dos gentios, isto é, o evangelizador dos pagãos. Ele escreveu 14 cartas, expondo a mensagem de Jesus, que se transformaram numa verdadeira "Teologia do Novo Testamento". Também é o patrono das Congregações Paulinas que continuam a sua obra de apóstolo, levando a mensagem do Cristianismo a todas as partes do mundo, através dos meios de comunicação.

Site Paulinas

Quem nos dá felicidade?

Chama-me atenção o desejo, a luta e a busca de felicidade que o mundo vive atualmente. É próprio do homem desejar ser feliz. Todos nós trazemos este anseio no mais profundo do nosso coração. E é óbvio que isso não é estranho nem errado, já que fomos criados por um Deus feliz, um Deus de amor!Lendo as poesias de Santa Teresinha houve em particular uma que me chamou atenção por se chamar “Minha alegria” (P 45). No decorrer dessa poesia Teresinha diz: “Jesus, minha alegria é te amar!” Mudando um pouco as palavras, se Teresinha me permitir: “Jesus, minha felicidade é te amar!”“O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Ele; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar.” O mais doloroso é ver que nessa busca frenética, desordenada e por vezes irresponsável pela felicidade, acabamos invertendo a ordem das coisas.Deus é felicidade, Deus é Amor! Se olharmos com atenção veremos que não vivemos assim, não perguntamos: Quem é Deus? E assim poderíamos dizer: Deus é amor. Deus é felicidade. Alegria. Paz... Ao contrário, perguntamos: O que é felicidade? O que é amor? Então, vendo as coisas desse ponto de vista podemos deixar livre para cada um dizer o que pensa e o que acredita ser felicidade, o que é amor e por aí vai.Se alguém, por acaso, lembrar, pode citar Deus, se não lembrar, não faz mal porque amor e felicidade podem ser tanta coisa: poder, bom emprego, sexo, dinheiro... Deus é mais um item dessa vasta lista. Infelizmente, no final encontraremos “as cisternas rachadas que não retêm água”. Homens, mulheres, jovens, crianças, casais que não têm expressão, apáticos, não realizados porque procuram a felicidade da forma errada e acabam encontrando uma felicidade vã e passageira.A verdadeira felicidade não consiste simplesmente na satisfação das nossas necessidades pessoais. Quando buscamos a Deus encontramos o amor, a felicidade, a paz, no entanto, nem sempre buscando a felicidade encontramos Deus. Não podemos dissociá-Lo da nossa felicidade. Ele é o único capaz de fazer-nos plenamente feliz. Ele é o Fim, o Absoluto! Os meios são faíscas da grande centelha de amor que Ele pode nos dar.“Deus é amor!” Deus só sabe amar. Freqüentemente compreende-se felicidade como prazer e gosto. Na verdade, em muitas circunstâncias da nossa vida podemos experimentar a felicidade mesmo que ela não esteja associada ao prazer ou a sentimentos. Se temos ainda dúvidas, lembremos do crucificado e também de tantos santos. Do amor imolado, ofertado, dilacerado, sacrificado... A nossa vida não é filme de Hollywood, nem novela das 20h, nossa felicidade não consiste em ter um corpo atlético, o carro do ano, o filho que contra tudo e todos eu tenho que ter. Esses exemplos podem funcionar no mundo das telas, mas no mundo “real” o amor se encarna de outro modo, a felicidade acontece mais no dar do que no receber, no acolher, perdoar e suportar, carregar o outro. Amar não é satisfação, é doação!“As bem-aventuranças respondem ao desejo natural de felicidade. Esse desejo é de origem divina: Deus o colocou no coração do homem a fim de atraí-lo a si, pois só Ele pode satisfazê-lo. Felicidade não é ausência de problemas, lutas e combates. A vida de ninguém é um contínuo sucesso. A pequena Teresa era órfã, seu pai (seu rei, como ela chamava) era muito doente, sua saúde era frágil, o seu Carmelo era pequeno fisicamente para uma jovem que queria percorrer o mundo, mas a alegria de Teresa estava no seu coração. Talvez possamos pensar ao ler sua autobiografia que ela era uma louca, alienada, mentirosa, porque fala de uma realidade que pode contradizer o aparente, mas o seu coração era dilatado pela presença de Deus.
“Existem almas nesta terraQue em vão buscam a felicidadeMas para mim, é bem o contrário:A alegria está no meu coração.” (P 45)
Precisamos ter a coragem de derrubar os muros do medo e da superficialidade para chamar de felicidade e amor o que verdadeiramente são. A nossa vida não é um conto de fadas. É uma história de mistério que teve origem em Deus.O ser humano, o homem é nobre, é a única criatura que Deus quis por si mesma. Temos um chamado à profundidade, e não é qualquer coisinha, qualquer informação, estereótipo, moda, música que irá nos deprimir. Somos nobres! Somos grandes! Somos filhos de Deus. Essa grandeza precisa ser reconhecida e submetida ao senhorio de Cristo.Não tenhamos medo de dizer que somos felizes, porque a felicidade não consiste numa fórmula secreta, uma utopia ou um “preço que temos que pagar”. A felicidade é uma pessoa: Jesus Cristo, e Ele está dentro de nós. A dor não é o nosso fim último; a felicidade é o nosso fim último.Façamos nossa a oração do salmista.“Filho dos homens, até quando fechareis o coração?Por que amais a ilusão e procurais a falsidade...Muitos há que se perguntam: ‘Quem nos dá felicidade?’Sobre nós fazeis brilhar o esplendor de Vossa face!Vós me destes, ó Senhor, mais alegria ao coração, do que a outro na fartura do seu trigo e vinho novo.” (Sl 4).
Revista Shalom Maná - Ed. Shalom

Pobreza

A riqueza e a pobreza não se distinguem apenas por elementos econômicos; sem dúvida, esses elementos constituem referências básicas, porém, há outros aspectos a considerar como, por exemplo, a face social, a expressão ética, o caráter moral e a dimensão religiosa. Com efeito, riqueza e pobreza situam pessoas, grupos e povos em lugares e posições muito diferentes, criando, em muitos casos, um verdadeiro fosso que, socialmente, os distancia. De conformidade com a concepção ética que têm as pessoas, a luta pelo aumento da riqueza e o interesse pela manutenção da pobreza são considerados totalmente normais; sem o alicerce dos valores morais, justifica-se "a exploração do homem pelo homem"; se faltar a dimensão religiosa na vida das pessoas, o materialismo e o consumismo levam à exclusão social.
A intervenção dos poderes públicos, por intermédio de políticas públicas pertinentes, faz avançar a qualidade de vida da população; sua omissão nessa matéria deixa marcas comprometedoras. Embora se constate, no Brasil dos últimos, um índice de crescimento da qualidade de vida da população, ainda permanece muito distoante o quadro da realidade social, de modo que muitos se encontram "abaixo da linha da pobreza". No Brasil: conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), "a proporção de brasileiros em pobreza absoluta (...) é de 28,8%. Segundo a regra adotada pelo referido instituto, estão em pobreza absoluta os membros de famílias com rendimento médio por pessoa de até meio salário mínimo mensal". Segundo as estatísticas sociais e econômicas, "A taxa de pobreza está caindo desde 2003 no Brasil". Conforme relatório do Banco Mundial (Bird), "Enquanto as desigualdades de renda se agravaram na maioria dos países de renda média, o Brasil assistiu a avanços dramáticos tanto em redução da pobreza quanto em distribuição de renda"(...). "A desigualdade permanece entre as mais altas do mundo, mas os avanços recentes mostram que nem sempre o desenvolvimento precisa vir acompanhado de desigualdade".
O magistério da Igreja tem clareza sobre o que é a pobreza, como ensina João Paulo II: "O espírito de pobreza vale para todos e cada um necessita colocá-lo em prática, de acordo com o Evangelho". Bento XVI diz o que não é a pobreza: "É este ponto decisivo, que nos faz passar ao segundo aspecto: há uma pobreza, uma indigência, que Deus não quer e que é ‘combatida’ – como diz o tema da atual Jornada Mundial da Paz; uma pobreza que impede as pessoas e as famílias de viverem segundo sua dignidade; uma pobreza que ofende a justiça e a igualdade e que, como tal, ameaça a convivência pacífica. Nesta acepção negativa cabem também as formas de pobreza não material que se reencontram justamente nas sociedades ricas e progredidas: marginalização, miséria relacional, moral e espiritual" (cf. Mensagem para a Jornada Mundial da Paz 2008, 2). Na Sagrada Escritura, veem a pobreza, diferentemente, os bons e os maus: "É boa a fortuna, quando não há pecado na consciência; mas péssima é a pobreza, na opinião do ímpio" (Eclo, 13,30). Jesus considera bem-aventurados os pobres (cf. Mt 5,3).
A pobreza tem sua dignidade; há pobres, por convicção, que também a têm porque assimilam o valor da pobreza, incorporando-a ao seu "modus vivendi". A pobreza não pode ser considerada tão somente como antônimo de riqueza; por conseguinte, ela não é definida, propriamente, como falta de dinheiro e de bens. É claro que a face econômico-financeira é a identificação mais imediata da pobreza. Torna-se antievangélico, em qualquer tempo e lugar, o estado de pobreza que chega ao nível da miséria porque atinge a dignidade humana.


Dom Genival Saraiva

Como acreditar naquilo que não toco?

"A fé é o complemento aperfeiçoado da razão" (Manuel García Morente).
Nem sempre ter fé é fácil, muitas e muitas vezes, o fato de acreditar em Deus exige de nós uma alta capacidade de raciocinar e ponderar aquilo que é provável, possível ou impossível. Por que digo isso?!
Na sociedade em que vivemos a concepção de fé é completamente deturpada. Como se para tê-la fé, precisássemos parar de raciocinar ou pensar em tudo o que nos acontece. Como se o fato de termos fé tirasse de nós a capacidade de questionar o mundo ao nosso redor e até, muitas vezes, a nossa própria crença.
Afinal, a fé precisa passar pelo processo de construção e desconstrução; a fé que tínhamos quando crianças, precisa ser desconstruída, para construirmos uma fé madura. Para esse processo acontecer, a própria vida traz os seus desafios, suas frustrações, suas alegrias, seus fracassos e seus sucessos. A própria vida é matéria-prima para o amadurecimento da nossa fé. Nunca poderemos tocar a Deus somente usando da razão, mas com ela podemos intuí-Lo; a partir disso, a fé nos leva a dar um salto de qualidade e atribuir a Deus um papel que somente a razão não nos permite fazer.
Para facilitar o entendimento do que digo, Deus não realiza um milagre do “nada”. Ele sempre parte do esforço do homem, mesmo que esse esforço seja uma simples oração. Para acontecer um milagre é necessário nossa participação. Deus Pai se revela, mas também se faz necessário um esforço do homem. Quando conhecemos uma pessoa e a elegemos como especial para nós, é natural o processo de conhecê-la e dar-se a conhecer. Na experiência com o Altíssimo acontece algo semelhante: O buscamos e Ele se revela a nós; O procuramos mais, Ele se revela mais ainda. Nunca paramos de conhecê-Lo.
Agora, se mesmo com toda essa argumentação o ato de ter fé lhe parecer muito difícil, quero convidá-lo para, de maneira muito sincera, olhar para o que está ao seu redor e perceber os “rastros de Deus”. Veja o pôr-do-sol em uma praia, o voo dos pássaros, a terna relação entre mãe e filho e, com certeza, você perceberá que são fatos e gestos que fogem de uma explicação cientifíca ou racionalista, permeados pela beleza e o afeto que surgem de Deus. Na sua vida, olhe com coragem e perceba os momentos que, muitas vezes, são difíceis e doloridos, mas Deus, de alguma maneira se deixa ser encontrado.
Dê a Deus o crédito que a Ele é devido, sabendo que ter fé não é um ato mágico, mas ao contrário, exige de nós um esforço enorme. Porque acreditar em Deus é simples, mas não fácil. Exatamente porque se a vida fosse feita de coisas fáceis, nunca conseguiríamos ser homens e mulheres de verdade. Ter fé significa, acima de tudo, relacionar-se com Aquele que deseja que o busquemos com toda a nossa força e o nosso coração: Deus!

Luis Filipe Rigaud

terça-feira, 8 de março de 2011

Qual o sentido da celebração das Cinzas?

A Quarta-feira de Cinzas foi instituída há muito tempo na Igreja; marca o início da Quaresma, tempo de penitência e oração mais intensa. Para os antigos judeus se sentar sobre as cinzas já significava arrependimento dos pecados e volta para Deus. As Cinzas bentas e colocadas sobre as nossas cabeças nos fazem lembrar que vamos morrer; que somos pó e que ao pó da terra voltaremos (cf. Gn 3, 19) para que nosso corpo seja refeito por Deus de maneira gloriosa para não mais perecer.
A intenção deste sacramental é levar-nos ao arrependimento dos pecados, marcando o início da Quaresma; e fazer-nos lembrar que não podemos nos apegar a esta vida achando que a felicidade plena possa ser construída aqui. É uma ilusão perigosa. A morada definitiva é o céu.
A maioria das pessoas, mesmo os cristãos, passa a vida lutando para "construir o céu na terra". É um grande engano. Jamais construíremos o céu na terra; jamais a felicidade será perfeita no vale em que o pecado transformou num vale de lágrimas. Devemos, sim, lutar para deixar a vida na terra cada vez melhor, mas sem a ilusão de que ficaremos sempre aqui.
Deus dispôs tudo de modo que nada fosse sem fim aqui nesta vida. Qual seria o desígnio do Senhor nisso? A cada dia de nossa vida temos de renovar uma série de procedimentos: dormir, tomar banho, alimentar-nos, etc... Tudo é precário, nada é duradouro, tudo deve ser repetido todos os dias. A própria manutenção da vida depende do bater interminável do cora­ção e do respirar contínuo dos pulmões. Todo o organismo repete, sem cessar, suas operações para a vida se manter. Tudo é transitório... nada eterno. Toda criança se tornará um dia adulta e, depois, idosa. Toda flor que se abre logo estará murcha; todo dia que nasce logo se esvai... e assim tudo passa, tudo é transi­tório.
Por que será? Qual a razão de nada ser duradouro? Com­pra-se uma camisa nova e, logo, já está surrada; compra-se um carro novo e, logo, ele estará bastante rodado e vencido por novos modelos, e assim por diante.
A razão inexorável dessa precariedade das coisas também está nos planos de Deus. A marca da vida é a renovação. Tudo nasce, cresce, vive, amadurece e morre. A razão profunda dessa realidade tão transitória é a lição cotidiana que o Senhor nos quer dar de que esta vida é apenas uma passagem, um aperfeiçoamento, em busca de uma vida duradoura, eterna, perene.
Em cada flor que murcha e em cada homem que falece, sinto Deus nos dizer: "Não se prendam a esta vida transitória. Preparem-se para aquela que é eterna, quando tudo será duradouro, e nada precisará ser renovado dia a dia."
E isso mostra-nos também que a vida está em nós, mas não é nossa. Quando vemos uma bela rosa murchar é como se ela estivesse nos dizendo que a beleza está nela, mas não lhe pertence.
Ainda assim, mesmo com essa lição permanente que Deus nos dá, muitos de nós somos levados a viver como aquele homem rico da parábola narrada por Jesus. Ele abarrotou seus celeiros de víveres e disse à sua alma: "Descansa, come, bebe e regala-te" (Lc 12,19b); ao que o Senhor lhe disse: "Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma" (Lc 12,20).
A efemeridade das coisas é a maneira mais prática e cons­tante encontrada por Deus para nos dizer, a cada momento, que aquilo que não passa, que não se esvai, que não morre, é aquilo de bom que fazemos para nós mesmos e, principalmente, para os outros. Os talentos multiplicados no dia a dia, a perfei­ção da alma buscada na longa caminhada de uma vida de me­ditação, de oração, de piedade, essas são as coisas que não passam, que o vento do tempo não leva e que, finalmente, nos abrirão as portas da vida eterna e definitiva, quando "Deus será tudo em todos" (cf. 1 Cor 15,28).
A transitoriedade de tudo o que está sob os nossos olhos deve nos convencer de que só viveremos bem esta vida se a vivermos para os outros e para Deus. São João Bosco dizia que "Deus nos fez para os outros". Só o amor, a caridade, o oposto do egoísmo, pode nos levar a compreender a verdadeira di­mensão da vida e a necessidade da efemeridade terrena.
Se a vida na terra fosse incorruptível, muitos de nós jamais pensarí­amos em Deus e no céu. Acontece que o Todo-poderoso tem para nós algo mais excelente, aquela vida que levou São Paulo a exclamar:
"Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (1 Cor 2,9).
A corruptibilidade das coisas da vida deve nos convencer de que Deus quer para nós uma vida muito melhor do que esta - uma vida junto d'Ele. E, para tal, o Senhor não quer que nos acostumemos com esta [vida], mas que busquemos a outra com alegria, onde não have­rá mais sol porque o próprio Deus será a luz, nem haverá mais choro nem lágrimas.
Aqueles que não creem na eternidade jamais se confor­marão com a precariedade desta vida terrena, pois sempre so­nharão com a construção do céu nesta terra. Para os que creem a efemeridade tem sentido: a vida “não será tirada, mas transformada”; o "corpo corruptível se revestirá da incorrupti­bilidade" (cf 1Cor 15,54) em Jesus Cristo.
Santa Teresinha não se cansava de exclamar:
“Tenho sede do Céu, dessa mansão bem-aventurada, onde se amará Jesus sem restrições. Mas, para lá chegar é preciso sofrer e chorar; pois bem! Quero sofrer tudo o que aprouver a meu Bem Amado, quero deixar que Ele faça de sua bolinha o que Ele quiser”.
São Paulo lembrou aos filipenses: “Nós somos cidadãos do Céu!. É de lá que também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará nosso corpo miserável, para que seja conforme o seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de submeter a si toda a criatura” (Fl 3, 20-21).
A esperança do Céu e da Sua glória fazia o Apóstolo dizer:
“Os olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Cor 2,9).
E essa esperança lhe dava as forças necessárias para vencer as tribulações: “Tenho para mim que os sofrimentos da vida presente não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rom 8,18).
Este é o sentido das Cinzas.

Felipe Aquino

Geração malhada

- O “folheteen” Malhação atravessou a última essa década levando aos adolescentes um estilo, uma maneira nova de encarar esse importantíssimo período de nossas vidas. Os dramas e os dilemas dos jovens, mostrados com uma pitadinha de exagero e outra, mais carregada, de “realismo”, fizeram com que o programa alcançasse o status de espelho da garotada de hoje, tentando revelar aos pais, sempre descontentes e espantados com a sanha libertadora de seus filhos, o universo que permeia a vida deles – do sexo libertário à Internet, da gravidez precoce à mania dos blogs. Hoje, passados tantos capítulos, ganha ele até certo respeito na mídia por essa tarefa tão árdua, haja vista que os jovens de hoje constituem uma incógnita recheada de individualismo e imaturidade. É interessante ressaltar que a novelinha, ao mesmo tempo em que é exaltada por mostrar o cotidiano e a transformação na vida dos jovens, havida na velocidade dos últimos anos e modismos, ressurge como uma espécie de co-responsável desse processo, por ter incutido, não sem uma grande parcela de culpa, essa nova mentalidade superficial e imbecilizante na cabeça deles. Pela Malhação, já foram abordados os mais variados assuntos, sempre com aquele frescor de seriedade que mais parece subproduto de marketing do que preocupação genuína. Na tela, vemos um ema-ranhado de valores sendo derrubados com o fim último de alavancar a audiência, enquanto, do lado de cá, uma legião de jovens vai assimilando essa consciência de forma a criar uma nova ma-neira de pensar a juventude. Maneira essa liberal até o limite do irresponsável e do infantil.
Deu no que deu. Jovem que é jovem, hoje, tem de curtir a vida sem um pingo de responsabilidade, pegar quantos parceiros quiser (e puder), inventar moda e até mesmo contestar o mundo que pa-rece comprimir a sua cabecinha “madura”. Vai-se a academia e entra o colégio, o Múltipla Escolha, palco de tantos e tão variados namoricos e sérias paixões, de forma moleque (no mal sentido) e pouco inteligente. A Malhação é dita “crescida” porque soube, ao longo dos anos, dar espaço aos questionamentos dos adolescentes e jovens, sem “piração” ou conservadorismo. O que é mostrado nos capítulos é a síntese da meninada de hoje, não porque o programa seja antenado o bastante para a captar, mas porque ele mesmo cuidou de amestrar a juventude, forjando um comportamen-to que não é jovem, mas um arremedo disso. Já se pode falar, hoje, da chamada “geração Malhação”, reflexo dessa alienação e desconforto ge-rado no imaginário dos jovens, que são tão livres no comportamento (segundo pensam, é bom que se diga) quanto são vítimas dos modismos e da desinformação. Geração acostumada a ver o mundo na estreiteza do prazer desnorteado e da apatia quanto ao que rola ao seu redor. Estão presos os jovens, hoje, porque não lhes resta outra alternativa senão agarrar a onda da vez, mergulhando fundo na liberdade vazia e na afetividade e sexualidade feridas. Urge, hoje, a autoridade das palavras do saudoso João Paulo II, o papa da juventude, que dizia: “Jovens, se fôsseis o que deveis ser, tocaríeis fogo no mundo inteiro”. Ele, sim, a entendeu muito bem, consciente de que, junto a Deus no céu, intercedem verdadeiros jovens, livres e iluminados pela luz da Verdade, como o apóstolo teen João e a esperta Santa Teresinha do Menino Jesus...

Fonte: http://www.comshalom.org

Cara de ladrão - O perigo de rotular as pessoas

Um homem cortava árvores com um machado e vendia a lenha. Gostava muito da sua ferramenta. Um dia o seu machado preferido desapareceu. O homem procurou-o, mas foi inútil; não conseguia mais encontrá-lo. Convenceu-se que alguém o tinha roubado. Por causa disso, começou a espiar o filho do vizinho. Fazia muito tempo que não gostava do jeito dele. Agora que o observava bem, não tinha mais dúvidas: o andar dele era de ladrão, a cara e o olhar dele, também. Até os cabelos cumpridos eram de ladrão. Só podia ser ele quem tinha pegado o machado. Precisava desmascarar o criminoso. Após alguns dias, porém, varrendo a casa, a mulher encontrou o machado sumido. Estava debaixo do sofá, onde o próprio marido o tinha jogado voltando do trabalho. O homem ficou feliz e reparando novamente o filho do vizinho decidiu que, talvez, o andar dele não fosse de ladrão, nem a cara, nem o olhar e nem os cabelos. Contudo, melhor desconfiar, nunca se sabe.
Essa pequena história nos lembra como é fácil rotular as pessoas. O fazemos seguindo os nossos gostos, as nossas idéias e, na maioria das vezes, os nossos pré-conceitos. Depois é difícil desfazer os rótulos; quando o percebemos eles já estão bem colados nas pessoas e essas os carregam a vida inteira. É difícil aceitar e acolher os outros como eles são, sem querer julgá-los ou classificá-los, conforme os nossos esquemas mentais. Mais difícil ainda é nos alegrarmos com a melhoria deles.
Aconteceu também com Jesus, voltando para a sua cidade natal, Nazaré. O rótulo dele era aquele de ser o filho do carpinteiro, de ser pobre, do interior, do norte. Era verdade que agora ele revelava uma nova sabedoria, tinha gestos diferentes, e alguns diziam que fazia milagres. Contudo, para o povo de lá, continuava sendo o mesmo de alguns anos antes. Não queriam admitir que tivesse mudado.
Por que é tão difícil reconhecer que as pessoas podem mudar, inclusive para melhor? De onde nos vem tanta desconfiança? A resposta é simples.
Primeiro porque se admitirmos a mudança do outro, que agora se apresenta diferente de como o tínhamos rotulado, deveríamos reconhecer que erramos. Fica mais cômodo continuar a pensar que nós estamos certos e que só mudaram as aparências dele, a substância, porém, ainda é a mesma. Tudo disfarce. Porque nós nunca erramos.
A segunda razão é pior do que a primeira. Excluir que as pessoas possam mudar nos permite também continuar a sermos o que somos; na maioria das vezes acomodados em nossa mediocridade, ou em nossa ilusória superioridade. Reconhecer que seja possível mudar significaria admitir que nós também poderíamos ou deveríamos mudar. Isso nos incomoda e nos deixa inseguros. Muito melhor manter as nossas idéias, os nossos rótulos, porque isso nos faz sentir bem, na nossa segura e cômoda desculpa que sempre defendemos: mudar é impossível. Foi por causa da cabeça dura dos moradores de Nazaré, diz o Evangelho, que Jesus não pode fazer milagre algum naquele lugar e que somente curou alguns doentes.
Mais uma vez deveríamos entender que o verdadeiro milagre que o Senhor quer fazer conosco, se o deixarmos, é aquele de entrar em nossa vida como amigo e companheiro de luta e caminhada, sem mais nem menos, acolhido com alegria e confiança. Nós, porém, em várias formas, continuamos a rotulá-lo de "quebra galho", de "curandeiro", ou de "invasor de privacidade". Naturalmente se acharmos que nos deu uma forcinha e resolveu o nosso problema, nesses casos valeu a ajuda. Mais amável ainda é quando não nos diz o que devemos fazer, querendo impor a sua moral. Se nos deixar a consciência em paz, é bom. Quantas vezes o chamamos de "salvador", mas dos outros ou dizemos que é a "verdade", contanto que esta coincida exatamente com as nossas idéias. Um amigo verdadeiro não precisa de rótulos. Está conosco porque nos ama, nada mais. Nesse caso os piores cegos somos nós: os que não querem ver.

CNBB

O pecado não está na camisinha

Muitos cristãos, mesmo católicos, também não levam a sério as condenações da Igreja. Mas o problema não é que tantos não obedecem à proibição da camisinha. A questão é mais grave. O pecado não está na camisinha. O pecado está no adultério que a camisinha favorece. A preocupação dos promotores da camisinha que acham que a sua proibição pela Igreja seria culpada pela proliferação das DST não faz sentido. Se um católico não respeita um claro mandamento bíblico e comete adultério, porque iria respeitar o pormenor de uma proibição da Igreja e deixar de recorrer à proteção da camisinha? Quanto aos ateus, não adianta argumentar com a Palavra de Deus. Vão ligar para leis da Igreja? Nem jovens cristãos não aceitam mais proibições sem entender as razões.
É possível que o número de pessoas contaminadas por confiar na camisinha, que na hora H falhou ou não estava ao alcance da mão, seja maior que o número de pessoas que deixaram de usar camisinha para atender um preceito da Igreja. Quem obedece aos mandamentos não precisa de camisinha que é coisa para adúlteros.
A camisinha incomoda a Igreja por favorecer traições que minam a estabilidade da família e por facilitar a promiscuidade entre jovens de idade cada vez menor que atrapalha a construção de uma grande história de amor. Nosso tempo tem excesso de sexo e falta de amor. Dinheiro pode comprar até mulher, mas não pode comprar amor.
A Igreja tem toda razão de estar preocupada com a proliferação do sexo “livre” que corrompe uma das maiores conquistas do cristianismo, a família construída sobre o fundamento sólido de um grande amor entre um homem e uma mulher, amor que transborda na geração de filhos e na sua educação no aconchego do lar protegido pela fidelidade.
Numa perspectiva de fé, não vejo porque um adultério com camisinha seja pior que um adultério sem camisinha. Por que é que um marido infiel não devia procurar evitar pelo menos a contaminação que pode estragar a vida familiar não só no plano espiritual da convivência, mas também no plano material da saúde?
Do jeito que as coisas são apresentadas pode ficar a impressão que se condena mais a camisinha que o adultério. Acho que a Igreja não devia perder tanto tempo na luta inglória contra preservativos. Devia concentrar suas energias na luta contra o pecado do adultério. Melhor, a favor da castidade dos solteiros e da fidelidade dos casados.
O mundo não precisa tanto de proibições e condenações, mas de motivações. A contribuição maior da Igreja para um mundo melhor não é falar contra o pecado e excluir o pecador. A Igreja precisa ajudar o jovem a descobrir a beleza do caminho apontado por Jesus que resumiu toda lei no amor a Deus e ao próximo.
Não é hora de recair na mentalidade farisaica de querer enquadrar a vida toda nos pormenores de leis e proibições. É hora de cuidar da solidez dos fundamentos da fé e da vida cristã e deixar cada um tirar as consequências na sua vida pessoal, com liberdade e responsabilidade.
Se o sexto mandamento proíbe o adultério aos amantes, é para proteger um amor maior. Os mandamentos só podem ser entendidos em relação ao amor. Quem ama não mata. Quem ama não trai. Quem ama sabe esperar. O primeiro requisito do amor é a luta pela justiça. E a justiça começa em casa.

Fonte: CNBB