segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Harmonia conjugal

O casamento, e a família de modo especial, é uma escola de amor, porque a convivência diária obriga a acolher os outros com respeito, diálogo, compreensão, tolerância e paciência. Este exercício forte de vivência das virtudes, faz cada um crescer como pessoa humana.
Na família, Deus nos ensina a amar e nos dá a oportunidade de sermos amados.
A harmonia conjugal é atingida quando o casal, na vivência do amor, ‘supera-se a si mesmo’ e harmoniza as suas qualidades numa união sólida e profunda. Quando isto ocorre, cada um passa a ser enriquecido pelas qualidades do outro. Há, então, como que uma transfusão de dons entre ambos. Mas para isso é preciso que o casal chegue à unidade, superando as falsidades, infantilidades, mentiras e infidelidades.
Para chegar a este ponto é necessário olhar para o outro com muita seriedade, respeito e atenção.
Ninguém é obrigado a se casar e a constituir uma família, mas se tomamos esta decisão, então devemos ´casar pra valer´, com toda responsabilidade. Aquela pessoa com quem decidimos casar é a ´escolhida´ entre todos os homens ou mulheres que conhecemos; e portanto, como o(a) eleito(a), devemos ter-lhe em alta conta, como a pessoa ´especial´ na nossa vida, merecedora portanto de toda atenção e respeito.
É lamentável que entre muitos casais, com o passar do tempo, e com a rotina do dia-a-dia, a atenção com o outro, e, pior ainda, o respeito, vão acabando. Não tem lógica, por exemplo, que um ofenda o outro com palavras pesadas e que provocam ressentimentos; não tem cabimento que o marido fique falando mal da esposa para os outros, criticando-a para terceiros. Isto também é infidelidade. Esta não acontece somente no campo sexual.
Por outro lado, é preciso cuidar para que a atenção, o carinho, para com o outro não diminua. É importante manter acesa a chama do desejo de agradar o outro. São nos detalhes que muitas vezes isto se manifesta: Qual é a roupa que ela gosta que eu vista? Qual é o corte de cabelo que ele gosta? Qual é a moda que ele gosta? Qual é a comida que ele gosta? Quais são os móveis que ela gosta? Qual é o carro que ela prefere? Qual é o lazer que ele gosta? Enfim, a preocupação em alegrar o outro, sem cair no exagero, é claro, é o que mantém a comunhão de vidas.
Isto não quer dizer que o amor conjugal deva ser um ‘egoísmo a dois’. Como dizia Exupéry, ‘amar não é olhar um para o outro, mas é olhar ambos na mesma direção’. Isto é, o casal não pode parar em si mesmo, ele tem grandes tarefas pela frente: os filhos, a ajuda aos outros, a vida na Igreja, etc. Importa olhar na mesma direção e caminhar juntos.
Para que a harmonia aconteça na vida do casal, dia-a-dia, ele deverá rejeitar tudo que possa desuní-lo: brigas e palavras ofensivas, comparações com as vidas e atitudes dos outros casais, desentendimentos com a família do cônjuge, inveja e ciúme do outro, desentendimento no uso do dinheiro, reclamações, negativismo, apego exagerado aos pais, mau humor, embirração, enfim, tudo o que azeda o relacionamento.
Para que a harmonia aconteça é preciso conhecer o outro. Cada um de nós é um mistério insondável, único e irrepetível. Somos indivíduos. Não haverá dois iguais a você na face da terra e na história dos homens, mesmo que se chegue ao absurdo da clonagem do ser humano. Cada um de nós é insubstituível, e isto mostra o quanto somos importantes para Deus.
Quando nos casamos, recebemos o outro das mãos de Deus e da família, como um presente ímpar, singular, sem igual, e que deve portanto, ser cuidado com o máximo cuidado, para sempre.
É fundamental para a vida do casal que cada um conheça a história do outro: a sua vida, o seu passado, a realidade familiar de onde veio, etc, para poder compreende-lo, ajuda-lo, amá-lo, perdoa-lo. Ninguém ama a quem não conhece.
Felipe Aquino

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