segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O que eu escolho?

Escolher a Deus e não às Obras de Deus, é sem dúvida uma bela opção, porém difícil de ser executada.
É que, muitas vezes, o zelo pela casa do Senhor nos consome de tal forma, que embaraça nossa mente e nosso olhar, por mais fito que este esteja em Deus, corre o grande risco de desviar-se e, parar fixamente em Suas Obras.
Se isso acontecer, está diante de nós a porta aberta para a perdição.
Van Thuan partilha sua dolorosa, porém enriquecedora, experiência vivida na prisão em Hanoi (Vietnã Norte), quando lá esteve preso pelo Regime Comunista.
Ele compreendeu na dor e no desprezo, que, por melhor que fosse sua intenção em realizar grandes Obras para Deus, naquele momento elas não eram o mais importante. Deus queria, na verdade, realizar uma Obra em seu interior. Era preciso render-se, abrir mão de sua reta intenção e calar, deixar Deus agir... Era preciso encarar a realidade, escolher a Deus e não às suas Obras!
Ele mesmo descreve sua opção no livro “Cinco pães e dois peixes”: ”Numa noite, das profundezas de meu coração, senti uma voz que sugeria: ‘Por que te atormentas assim? Deves distinguir entre Deus e as Obras de Deus. Tudo o que realizastes e desejas continuar a fazer... tudo isso é um trabalho excelente, são obras de Deus, mas não são Deus! Escolheste somente Deus e não suas Obras!”
Segundo ele, após esta inspiração, sua alma retornou à paz, mesmo em meio aos maus tratos e sofrimentos próprios da prisão, que durou mais de nove anos.
Às vezes, é muito dolorido deixar inacabadas, por exemplo, atividades que iniciamos com tanto entusiasmo; missões de alto nível, reduzidas em atividades menores; projetos belíssimos abordados ainda em gestação e, poderia citar tantos outros desafios assim.
É até natural neste caso, o sentimento de perturbação e desânimo, mas aí o Senhor mesmo nos pergunta: “Chamei-te para seguir-me ou para seguir tua iniciativa, teu sonho, teus ideais, ou ainda, esta ou aquela pessoa?”
Se formos coerentes e lembrarmos do nosso primeiro chamado, do SIM, que mudou a nossa história, retomamos o ânimo e damos, com a vida, nossa resposta: Escolho a Deus! Abro mão de Suas Obras, se for preciso!
Devemos sempre lembrar que Deus tem o controle de todas as coisas em nossa vida, se Ele nos fala para abandonarmos esta ou aquela obra, não devemos retê-las; antes, coloquemo-nas em Suas mãos, com confiança, pois Deus sabe o que é melhor para nós, seus filhos. E mais, como Deus, Ele pode fazer muito melhor que nós. Seja o que for! Ele pode confiar nossos projetos a outros, que o desenvolverão ainda melhor que nós.
Quando ajo assim, com total confiança e abandono, sinto que minha fé é provada.
Hoje posso dizer: “Escolho a Ti, Senhor, e não às Tuas obras! Atraída por Tuas obras, um dia te descobri; hoje, consciente de Tua grandeza e da brevidade de Tuas obras, escolho a Ti. Que eu seja fiel até o fim!”

Dijanira Silva

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